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Falta transporte para idosos e cidade culpa prefeita



Falta transporte para idosos e cidade culpa prefeita
Redução no número de assentos no transporte urbano destinado aos idosos causa revolta na população, que alega falta de interesse da administração

Idosos que utilizam o transporte urbano de Fernandópolis estão revoltados com a redução de lugares reservados à terceira idade. Com base no Estatuto do Idoso, artigo 39, parágrafo 2º, que dispõe: “nos veículos de transporte coletivo serão reservados 10% dos assentos para idosos devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos”, a empresa de ônibus de transporte coletivo de Fernandópolis Auto Ônibus Jauense reduziu a viagem gratuita de idosos nos ônibus da empresa.

“Essa atitude foi tomada devido ao prejuízo que a empresa tem ao transportar o grande número de idosos de Fernandópolis que não pagam o valor da passagem”, disse um funcionário que preferiu não se identificar.

De acordo com o vereador José Carlos Zambon, não existe lei municipal que permita a restrição de lugares para idosos nos ônibus. Ele acrescentou ainda que nenhum projeto de lei relacionado ao caso passou pela Câmara Municipal de Fernandópolis. Devido às reclamações dos idosos, o vereador declarou que pode entrar com um requerimento oficial na próxima terça-feira, 13, para pedir explicações à empresa Jauense.

“A população fernandopolense merece uma explicação. O aposentado tem direito à locomoção gratuita”, disse o vereador.
Para a aposentada Wilma Mauro, 71, o que vem ocorrendo com o transporte urbano em Fernandópolis é “uma grande vergonha”. Ela conta que além de ter que pagar a passagem de ônibus para receber seus vencimentos num banco do centro da cidade, os motoristas agem de “forma estúpida” com os passageiros da terceira idade.

“Eles são mal-educados. Simplesmente falam na grosseria que a gente tem que pagar e que não tem lugar pra idosos no transporte. Eu pego ônibus apenas uma vez por mês, mas conheço idosos que utilizam o transporte diariamente”, disse ela.
A aposentada diz que a situação precisa de uma atenção especial da prefeitura, que deveria tomar alguma iniciativa para resolver o problema junto à empresa de transporte. Ela acrescenta que os idosos já recebem um valor baixo pela aposentadoria e que pagar ônibus é um desrespeito.

“Eu não reclamo tanto por mim, mas pelas pessoas que conheço e precisam do transporte. Nem sempre as pessoas têm dinheiro para utilizar o transporte público. Fazer um idoso caminhar de um bairro distante até o centro é absurdo”, desabafou.
Wilma disse desconfiar do motivo pelo qual a prefeita Ana Bim não tomou nenhuma iniciativa para resolver o problema, uma vez que o bem-estar da população deveria ser uma preocupação dela.

“Pelo jeito a única preocupação dela é fornecer dias gratuitos na festa de peão da cidade, a Exposição. O que realmente importa ela não resolve. Nunca vi essa cidade tão mal administrada”.

A respeito do problema com o transporte urbano, o vereador Alaor Pereira explicou que no mandato do prefeito Rui Okuma, havia em Fernandópolis uma lei municipal que regulamentava a lei federal utilizada pela empresa Jauense para reduzir número de lugares em ônibus para idosos. A empresa de ônibus Santa Rita, que na época realizava o transporte urbano de Fernandópolis, para não trabalhar no vermelho, entrou em acordo com a prefeitura, que revogou a lei que regulamentava o Estatuto do Idoso.

“Significa que agora estamos amparados apenas no Estatuto do Idoso. Eu acho que se houvesse bom senso entre a empresa e a prefeita da cidade, a situação poderia ser diferente como ocorreu no mandato do Rui”, disse Alaor.

Segundo o vereador, Fernandópolis é a única cidade da região que tem enfrentado esse problema com o transporte urbano. Ele diz que outros municípios oferecem subsídio às empresas para que ela também faça o transporte dos passageiros com problemas de idade e aposentadoria por invalidez.

“Acredito que subsidiar a empresa para que ela transporte nossos idosos seria a solução. A responsabilidade da população, do munícipe daquele que recolhe seus tributos é do município”.

Alaor declarou que dar condições para que a empresa explore o serviço seria o método ideal para resolver o problema. “O terminal de integração correto foi só promessa que está no edital e que a prefeitura não cumpre. Temos também o transporte coletivo rural, para alunos, tínhamos que fazer uma proposta para que essa empresa também fizesse transporte desses alunos”.

O vereador afirma que dessa maneira o município forneceria benefícios para que a empresa Jauense pudesse transportar idosos.

Outra questão abordada por Alaor foi o Fundo Social de Solidariedade do município e a Promoção Social que, de acordo com ele, tem verba específica para esse tipo de transporte. É necessário usar essa verba para o que ela realmente serve. “O certo seria cadastrar todos os aposentados por invalidez e subsidiar 50% da tarifa para que esses idosos também pudessem fazer uso da circular”, sugeriu.

Alaor acrescentou ainda que com essas medidas a cidade teria um transporte coletivo forte, sem que a empresa ficasse no prejuízo, além de a prefeitura realizar seu papel cumprindo a Constituição, uma vez que a Carta Magna diz que o transporte urbano é um direito do povo e uma obrigação do município.

“Falta interesse da prefeitura. Quem fala não sou eu e sim a diretoria da empresa Jauense que conversou comigo por telefone. Não existe o respaldo que a prefeitura prometeu e consta no edital”, contou o vereador.

A assessoria de imprensa da prefeitura nega a falta de interesse e rebate dizendo que a decisão de reduzir o número de idosos partiu da empresa responsável pelo transporte. Em reunião com a empresa, a assessoria afirma que a prefeitura argumentou sobre a decisão, porém a empresa teria assumido a responsabilidade pela mudança.