A crise econômica que se alastra em virtude da pandemia do coronavírus tem provocado queda de renda dos brasileiros. As razões para a diminuição do poder aquisitivo estão no desemprego no mercado formal, na desocupação de trabalhadores informais e na redução negociada de rendimentos. Os efeitos são sentidos na queda do poder aquisitivo e na capacidade de consumo das famílias.
De acordo com dados do CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – a região noroeste paulista vem sofrendo com os efeitos do desemprego. Votuporanga, por exemplo, fechou 740 empregos; Jales 155; Mirassol, 353; Catanduva, 654; Rio Preto, 3.311 e Santa Fé do Sul, 274. Apenas Fernandópolis apresentou saldo positivo na geração de empregos formais, no saldo acumulado entre janeiro e abril. Foram 2.717 contratações e 2.552 demissões, com saldo de 165 empregos. Abril, Fernandópolis também acompanhou a região, com saldo negativo Em plena quarentena, a cidade fechou 411 postos de trabalho, que representa o saldo, ou seja, a diferença entre contratações (307) e demissões (718).
Como consequência do desemprego, cresce o percentual de famílias com dívidas, em atraso ou não, chegou a 66,6% em abril deste ano, batendo um recorde de janeiro de 2010. As projeções a médio prazo também despertam atenção. A OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - prevê que os brasileiros possam chegar até 8% mais pobres em 2021, na comparação com 2019.
“É um momento muito complicado, as famílias já estavam endividadas. A redução de renda é muito grave porque há pessoas passando necessidade”, disse o economista Ronalde Lins.
Para o economista Newton Marques, quem perdeu o emprego não vai conseguir recuperar em curto prazo, mesmo que aceite salário mais baixo.
Marques recomenda que em meio à recessão econômica, a bula prevê mais austeridade. As famílias precisam de “mais disciplina e racionalização de gastos. É questão de fechar o caixa e direcionar recursos. A despesa tem que estar dentro do orçamento.
“O momento é de fazer foto, mas enxergar com a luneta. Tem que olhar o futuro. O importante é ganhar tempo. A gente sabe que a pandemia não vai durar para sempre”, recomenda.
Para o economista Ronalde Lins, o cenário não é preocupante porque não existe momento eterno sem dinheiro, sem recurso financeiro. Mas orienta as famílias a não fazerem novos compromissos, focar no atendimento às necessidades básicas, como alimentação, renegociar dívidas e prolongar pagamento.
“Dizer que não vai pagar para quem tem a receber é outro complicador. Uma bola de neve. A não paga B, B não paga C, e assim a economia quebra”, admiti Lins.
Segundo Lins, a situação é ruim para as empresas e para as famílias. Apesar de quedas recentes, as taxas cobradas pelos bancos estão bem acima do que o Banco Central estabelece para a Selic (3% ao ano). Entre março e abril, a taxa de juros total do rotativo do cartão de crédito desceu de 327,1% em março para 313,4% em abril. No cheque especial, a redução dos juros foi de 130% para 119,3%.
Nesse cenário, de “taxas elevadas e absurdas”, o economista Newton Marques espera novas decisões macroeconômicas e que os bancos negociem. “A sociedade tem o direito de exigir medidas concretas. É preciso abrir os cofres. Não tem outra saída em qualquer país do mundo. É momento de guerra”, define.
Além do alto custo para famílias e empresas tomarem dinheiro emprestado, Marques aponta que há exigências de garantias que não podem ser atendidas. “Os bancos não podem fazer análise de risco exigente. Quem está precisando de dinheiro vai sucumbir a critérios rigorosos”, salienta.