Reclamação feita pelos farmacêuticos da farmácia pública de Fernandópolis fez com que o Estado alterasse embalagens semelhantes de medicamentos
Os usuários das farmácias públicas do estado de São Paulo, que tinham dificuldade em identificar alguns remédios, em função da semelhança de embalagem, cor e tamanho dos medicamentos, passarão a contar com novos e diferenciados produtos a partir deste mês.
Atendendo a uma reclamação feita pelos farmacêuticos da Central de Saúde de Fernandópolis, a FURP (Fundação para o Remédio Popular) mudou - no final do mês passado - a embalagem de cinco medicamentos para hipertensão e diabetes, no intuito de facilitar a identificação.
Os blísteres (embalagens metálicas que acondicionam os comprimidos) passaram a ter cores diferenciadas impressas nos alumínios e serão apresentados em branco para o Propanolol 40 mg; rosa para o Digoxina 0,25 mg; lilás para a Glibencamida 5 mg; verde para o Hidrocloritizada 25 mg e alumínio natural para o Captopril.
O problema foi constatado no final do ano passado, após uma série de reclamações por parte dos pacientes. Um dos casos mais graves ocorreu com um paciente hipertenso e diabético, que chegou a uma Unidade Básica de Saúde com a pressão e diabetes alterados.
Após investigação da equipe médica, constatou-se que o paciente - que era idoso e analfabeto - havia tomado na noite anterior e pela manhã, quatro doses do mesmo comprimido por tê-los confundido.
Para tentar solucionar o problema da rede pública local, os profissionais criaram etiquetas adesivas, caixinhas com desenhos e saquinhos de papel com cores diferentes.
De acordo com a farmacêutica e coordenadora da Comissão de Saúde Pública do CRF-SP em Fernandópolis, Lessy Mara Laveso Giacomini, o uso incorreto desses medicamentos nos pacientes hipertensos e diabéticos descompensados, pode acarretar complicações renais, cardíacas e a ineficácia nos tratamentos com antibióticos.
O projeto
Na busca da melhoria contínua dos produtos e serviços oferecidos aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), a Furp está desenvolvendo um projeto-piloto para melhor diferenciação das embalagens e de seus medicamentos.
O projeto, ainda em fase de estudos de viabilidade industrial, pretende utilizar critérios de rápida e fácil diferenciação, de amplo e universal entendimento como, por exemplo, cores. O objetivo é evitar o uso incorreto dos medicamentos, decorrente da possibilidade de mistura dos produtos.
O projeto não prevê a alteração das cores dos medicamentos, pois os corantes são substancia que podem causar reações de natureza alérgica; assim, somente são utilizados nas formulações quando realmente são essenciais.
Com relação ao tamanho e formato, são utilizados os padrões do medicamento de referência já consagrados pelo mercado, a partir do peso médio de cada medicamento. Trata-se de uma prática comum tanto em laboratórios públicos como privados.