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Felipão tem quatro cartas na manga para driblar ausência do craque Neymar



Felipão tem quatro cartas na manga para driblar ausência do craque Neymar

Desde que a Seleção se reuniu na Granja Comary, quase um mês antes da Copa, os titulares nunca treinaram sem Neymar. Ontem, não foi diferente. Apesar de Felipão precisar decidir quem será titular no lugar do craque, só os reservas foram campo: fizeram jogo-treino contra uma equipe júnior do Fluminense. 

Hoje, véspera da semifinal, os titulares finalmente treinarão com bola. Há pelo menos quatro opções para substituir o camisa 10. “Neymar é uma referência para a Seleção, mas o Felipão conhece bem a característica e a qualidade de cada jogador que está aqui”, disse o meia Willian, um dos candidatos. 

 
 

No jogo-treino com os atletas que não começaram a partida contra a Colômbia, Willian começou na posição que o craque vinha jogando: mais pelo centro, com liberdade para atacar. Assim, Bernard ficou pela esquerda e Ramires pela direita. 

Na verdade, o time brasileiro tinha dois titulares para o confronto com a Alemanha, Luiz Gustavo, que estava suspenso e deve retomar seu lugar na frente da zaga; e Dante, provável substituto de Thiago Silva, o suspenso da vez.

Com 15 minutos de bola rolando, Felipão interrompeu o treino e inverteu posições. Ramires foi para o meio, Willian para a esquerda, Bernard abriu pela direita - o que pode indicar uma opção mais cautelosa, já que Ramires tem mais vocação para marcar do que Willian. No treino, nada mudou. Os jogadores da Seleção criaram pouco e chutes de longe acabaram nas mãos de Victor, que defendia o gol dos juniores do Flu. Foram dois tempos de 30 minutos: no segundo, o time reserva fez 2x0, com gols de Bernard e Ramires.

Titulares 
Os titulares só bateram bola no campo 2 da Granja Comary, fizeram uma roda de bobo e brincaram. Felipão sentou-se alguns minutos ao lado de Oscar, com quem conversou, apontando para o campo. O meia do Chelsea pode ter novas funções com a ausência de Neymar.

O entrosamento no time inglês pode beneficiar Willian. “Eu e Oscar jogamos muitas vezes juntos. Geralmente, eu jogava mais pela direita e ele mais centralizado. Mas tínhamos liberdade para nos movimentar. Conheço as qualidades dele e ele as minhas”.

No treino, entretanto, Felipão conversou mais com Dante e Luiz Gustavo, entrando rapidamente em campo, do que com os jogadores mais adiantados. “Ninguém esperava entrar no time no lugar do Neymar, mas todos aqui estão prontos para jogar. Nesse momento, a gente tem que ter tranquilidade e personalidade”, disse o atacante Bernard, a opção mais ofensiva para substituir o craque do Barça.

Ontem à noite, estava prevista uma sessão de vídeos com os jogos da Alemanha e com as observações de Alexandre Gallo, técnico da seleção sub-20, que está atuando como observador da comissão técnica e chegou ontem à Granja Comary. Já que os titulares vão treinar pouco sem Neymar, é bom mesmo prestar atenção no rival. O camisa 10 faz falta até no treino: ontem, nem sequer houve aquela sequência de cobranças de pênalti e faltas que ele costuma comandar antes de atender aos torcedores.

As opções de Felipão

Esquema concessionária
Cheio de volantes: como Paulinho jogou bem no primeiro tempo contra a Colômbia, Luiz Felipe Scolari manteria o volante no time, mesmo com a volta de Luiz Gustavo. A Seleção reforçaria o meio-campo para enfrentar Schweinsteiger, Khedira, Kroos, Lahm, Ozil, Goetze... Ramires, volante de origem, e Hernanes são outras alternativas.

Padrão 2013 
Com Bernard: o atacante jogaria mais pela esquerda, como Neymar na Copa das Confederações, com Hulk voltando a jogar pela direita e Oscar mais pelo meio como o camisa 10 venha fazendo no Mundial.

Esquema Chelsea
Com Willian: usar o entrosamento com Oscar para ter mais movimentação no meio-campo. Ramires também pode ser usado assim: pela direita, com Oscar mais centralizado. Se Felipão ousar, o que não é provável, pode colocar Willian e Ramires com Oscar, todos do Chelsea, e tirar Fred ou Hulk.

Cautela e caldo de galinha
Três zagueiros: sem Neymar, a Seleção teria a defesa reforçada com a entrada de Henrique - e ainda a volta de Luiz Gustavo - e buscaria contra-ataques e bolas paradas. Felipão já disse que Henrique é opção apenas para situações de jogo ou para um trio de defesa.

Possíveis substitutos, Bernard e Willian lamentam lesão de Neymar
Dentro de campo, Neymar é o craque do time, a referência ofensiva, o jogador que, na linguagem dos boleiros, “chama a responsabilidade”. Mas o atacante de 22 anos também faz falta fora do campo. “Ele é um cara que está sempre brincando, que faz qualquer tensão sumir. Por isso, a Seleção perde dentro e fora de campo”, disse, ontem, o atacante Bernard, 21 anos, cotado para substituir o camisa 10 na semifinal contra a Alemanha.

Escalado ao lado de Willian, outro candidato à vaga, para as entrevistas coletivas na Granja Comary, ele destacou a maneira como Neymar falou com o resto do time após a confirmação da gravidade de sua lesão. “Conversou com todo mundo e disse que estaríamos junto até o final e que a gente ia ser campeão sem ele”, contou Bernard. Willian também lembrou a falta que o craque fará. “Ele é um jogador que, apesar de jovem, tem experiência na Seleção e já enfrentou muita coisa. Ninguém esperava passar por isso, mas foi importante que ele tenha tido a possibilidade de conversar conosco”, disse o meia do Chelsea, de 25 anos, lembrando que a psicóloga Regina Brandão, novamente convocada por Felipão para conversar com os jogadores após a lesão de Neymar, teria um encontro com o grupo ainda ontem. “A conversa com ela é sempre boa. Vamos ver o que ela vai  nos passar sobre a ausência”, comentou Willian.

Essa experiência de Neymar - que, aos 22 anos, já tem 54 partidas e 35 gols pela seleção - foi citada por Willian ao lembrar que ele mesmo nunca começou uma partida como titular. “É uma decisão do técnico, mas, claro que seria maravilhoso começar jogando em uma semifinal de Copa”, afirmou o meia, que se considera pronto. Ele também frisou que tem características diferentes de Neymar. “Sou mais de servir, ele tem vocação para fazer gols. Neymar é mais atacante e eu sou efetivamente um meia. Podemos ter algumas semelhanças na velocidade e no drible, mas temos estilos diferentes”, considerou.