Saúde

Fernandópolis enfrenta o terceiro pico de contágio na pandemia, alerta médico



Fernandópolis enfrenta o terceiro pico de contágio na pandemia, alerta médico

"Não é segunda onda de contágio. O que está ocorrendo é o terceiro pico de contágio na primeira onda da pandemia”. A observação é do médico infectologista Márcio Gaggini, coordenador do Comitê de Contingenciamento da Covid-19 em Fernandópolis, durante entrevista nesta semana na Rádio Difusora, onde voltou a manifestar preocupação com a nova escalada de casos.

O terceiro pico de contágio, como o médico vem chamando essa nova onda de infecções, ocorre após queda acentuada registros na semana entre 30/10 à 05/11 onde a média móvel de casos caiu para 4,2 casos/dia.

O feriado prolongado de Finados e a campanha eleitoral, além do relaxamento das pessoas, contribuem para o novo pico. A nova onda é reflexo de eventos, festas, sem uso de máscaras e onde as pessoas compartilham bebidas e comidas. Os jovens representam a maior parte dos contaminados dessa nova onda. “Não tenho ilusão de controle da doença sem a vacina”, disse o médico, lamentando o afrouxamento das medidas de prevenção e as aglomerações que estão ocorrendo sem que as pessoas usem máscara.

Na Unidade Básica de Saúde do Jardim Paulista, um dos três locais para coleta de exames na cidade, a fila é diária. A média saltou de 15 para cerca de 50 pessoas por dia procurando a unidade para realização do exame nesta semana.

Nas duas últimas semanas, a média móvel saltou para 30 casos diários. Entre a sexta-feira, 20, e esta quinta-feira, 26, Fernandópolis registrou 202 novos casos.

Fila na UBS do Jardim Paulista, em Fernandópolis

Quando perguntam ao infectologista se essa alta seria já a segunda onda de contágio, Gaggini enfatiza que nem saímos da primeira onda. “Esse é o terceiro pico de contágio da pandemia em Fernandópolis. O primeiro pico ocorreu na primeira semana de agosto, quando eu me contaminei. O segundo pico foi na última semana de setembro. E agora estamos vivendo o terceiro pico. Então, é uma onda (a primeira) com vários picos”, explica.

O terceiro pico ocorre com a equipe que atua na linha de frente de combate ao coronavírus já cansada, após oito meses de luta no enfrentamento da doença. “A gente não esperava chegar agora com esse descontrole de casos. Temos que respeitar o vírus, ele está aí. Estamos todos cansados. Esses dias sai do meu consultório já passava das 10 horas da noite, atendendo pacientes com Covid”, relatou.

O médico está preocupado com as próximas três semanas a chegada das festas de final de ano (Natal e Ano Novo). “As pessoas precisam ter um pouco mais de paciência, a vacina está chegando, mais 60, 90 dias de sacrifício por uma vida. Não podemos relaxar sem ter a vacina”, enfatizou.

Essa nova onda de contágio já repercute nas internações. Nesta semana, o provedor da Santa Casa, Marcus Chaer foi as redes sociais para alertar que, de novo, a UTI da Ala da Covid-19 havia atingido na segunda-feira 100% dos leitos ocupados. “A falta de prudência e o descaso de pessoas em relação as medidas sanitárias necessárias para evitar a proliferação do vírus, estão gerando reflexo nas internações. Quero deixar claro que nós temos um limite de atendimento e quando isso ocorre, os pacientes precisam ser atendidos em outros hospitais. Nossos heróis, que não pararam de trabalhar, terão agora de redobrar esforços para continuar combatendo o vírus aqui no hospital. Precisamos de todos para continuar nossa luta”, alertou.

A semana também foi marcada pela notícia da internação do médico e ex-candidato a vice-prefeito Avenor Bim e a esposa, ex-prefeita Ana Bim. Eles haviam testado positivo para a Covid na semana pós eleição. Avenor, inclusive precisou de cuidados intensivos na UTI.

Aliás, dois leitos de UTI foram liberados na quinta-feira, 26, com a alta médica do comerciante Sebastião Hernandes e o genro Antonio Luis Aielo, ex-secretário de RH da Prefeitura. Ambos precisaram de atendimento intensivos na UTI após serem contaminados pelo vírus. A notícia foi divulgada na página da Santa Casa no Facebook.

Revisão do Plano SP de flexibilização

Depois de dois adiamentos, o governador João Dória vai anunciar na segunda-feira, 30, nova revisão do Plano São Paulo. O centro de contingência do coronavírus recomendou ao governo de São Paulo a adoção de medidas mais restritivas no enfrentamento da pandemia.

Desde 10 de outubro, 76% da população paulista está na fase verde, menos restritiva, beneficiando as regiões da grande São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba, Piracicaba. As demais regiões do estado, incluindo a região noroeste, permanecem na fase amarela.

O secretário Jean Gorinchteyn ainda afirmou que, se houver aumento de casos e óbitos, “seguramente medidas mais austeras e restritivas serão adotadas” a fim de garantir vidas. Já Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento Econômico, foi mais enfática ao garantir que, se necessário, regiões poderão voltar à fase vermelha -a mais restritiva do Plano São Paulo. Além do secretário, o governador João Doria (PSDB) e os demais membros do comitê reforçaram que a população não deixe de lado o uso da máscara e as medidas de distanciamento social, além de evitar aglomerações.