Dados de fevereiro de 2023 da Serasa Experian mostram que 32% da população de Fernandópolis está endividada, considerando os dados preliminares do Censo 2022 que apontam que a cidade tem 71.826 habitantes. De acordo com o órgão, 23.024 fernandopolenses estão com o “nome sujo”. Juntos, eles acumulam 99.901 dívidas, ou seja, cada um dos inadimplentes acumulam, em média, 4,3 contas em atraso.
O número de devedores aumentou 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado, passando de 21.992 para 23.024 este ano. O aumento de dívidas registrou um salto maior, 12%. Em fevereiro de 2022 eram 89.127 contas em aberto, contra 99.109 este ano.
Segundo a Serasa Experian, o perfil dos devedores em Fernandópolis segue o padrão do Estado com equivalência entre os gêneros: homem (51,1%) e mulheres (49,9%). Na faixa etária, predomínio dos grupos de 40 e 60 anos (35,9%) e 26 e 40 anos (35% das dividas). Idosos, acima de 60 anos, representam 16,7% dos devedores e os mais jovens, até 25 anos, representam o menor grupo na inadimplência (11,8%).
No Brasil, são 70,5 milhões de pessoas com o nome negativado. Em apenas um mês, 433 mil pessoas entraram para essa lista. O valor médio da dívida por pessoa é de R$ 4,6 mil.
De acordo com dados estaduais da Serasa, o cartão de crédito e os bancos estão entre os grandes vilões. Esse segmento representa 34,2% das dívidas, seguido pelas contas básicas (21,4%) e pelo setor do varejo (7,6%).
Geralmente é o cartão de crédito que as pessoas deixam de pagar, porque tem uma taxa de juros maior e dívidas bancárias, especialmente no cheque especial, que levam a maior parte dos endividados para a lista dos negativados.
“As pessoas ainda utilizam o cartão de crédito, por exemplo, para fazer compras básicas, como alimentação e remédios. Por isso, a relação com o parcelamento também deve ser pautada com base na organização financeira, para que não se torne mais uma dívida”, aponta o economista chefe da Serasa Experian, Luiz Rabi.
A inflação e os juros altos são os principais fatores que explicam o atual cenário, além da sazonalidade desfavorável do início de ano, que vem acompanhado de despesas típicas de início de ano, como IPVA, IPTU, reajuste das mensalidades e outros,
Somadas, o valor de todas as dívidas no Brasil ultrapassou a quantia de R$ 326 bilhões em fevereiro, número que representa crescimento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 263 bilhões).
Com o custo de vida elevado e o salário que não acompanha a inflação, é difícil tentar diminuir os gastos do mês, mas essa é a saída para quem quer ficar livre das dívidas.
A Serasa Experian realiza vários feirões ao ano, com a adesão de dezenas de empresas em cada um deles, para ajudar os consumidores a colocarem as contas em dia. Os próprios credores, como bancos e lojas maiores, também costumam oferecer bons descontos para regularizar a situação.
Para especialistas, o ciclo econômico inteiro sofre quando grande parcela da população está endividada, pois as pessoas deixam de consumir no presente para saldar o consumo que foi feito no passado. As próprias empresas então, para se proteger da inadimplência, acabam repassando custos.
Estados considerados “ricos” estão no TOP 10 do endividamento da Serasa: Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, o que mostra que a questão não é apenas a renda das famílias, mas também a cultura das pessoas com relação ao consumo.
A Serasa Experian oferece serviços para empresas com o intuito de ajudá-las a desenvolver, proteger, recuperar e orientar seu negócio, como recuperação de dívidas, consulta e concessão de crédito, prevenção a fraudes, análise de perfil, entre outros. É uma empresa com atuação diferente do SCPC e Boa Vista que também possuem bancos de dados próprio em que armazenam informações sobre o comportamento financeiro dos consumidores.
Na Acif, os dados de inadimplência e de clientes negativados anda pela casa dos 12% e quando são incluídos os que estão com dívidas em atraso há menos de seis meses, o percentual sobe para 19%. “Isso gera um impacto grande no comércio, porque são clientes que deixam de consumir e o empresário que vê reduzido o seu capital de giro”, diz o presidente Paulo Henrique de Oliveira. A Acif estuda mobilizar os comerciantes para uma grande campanha de recuperação de crédito.