Fernandópolis registrou 951 raios durante dois temporais que atingiram a cidade nas noites de sábado, 14, e de segunda-feira, 16. Foram 270 raios na noite de sábado durante chuva de 25,7 mm e 681 na noite de segunda-feira na chuva de 14,5 mm.
É o que aponta levantamento obtido por CIDADÃO junto ao ELAT - Grupo de Eletricidade Atmosférica -, do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -, que mapeia as regiões do Brasil com maior incidência de descargas elétricas.
O número considerado acima do normal por especialistas em fenômenos atmosféricos. Para se ter uma ideia, a média é 100 raios por tempestade. Nos primeiros 16 dias de janeiro, Fernandópolis já registrou 1.532 raios.
Dados do ELAT mostram aumento na incidência de raios nos últimos anos na região e, especialmente, em Fernandópolis. Em 2021, foram registrados 11.069 raios em Fernandópolis. No ano passado, esse número saltou para 16.370 raios, aumento de 48%. Esse dado só é inferior ao registrado em 2019 quando foram registrados 18.797 raios (veja quadro).
Na noite de sábado, durante a tempestade uma casa no bairro Bernardo Pessuto pegou fogo e, segundo vizinhos, a causa teria sido um raio que atingiu a residência e teria causado o curto circuito. No momento do incêndio não havia ninguém na residência.
Os pesquisadores já vinham apontando para o aumento na quantidade de raios. Com mais descargas elétricas caindo, por exemplo, perto das casas e nas linhas de transmissão, a população e os serviços de energia ficam mais vulneráveis. Foi o que ocorreu em 2021 em Fernandópolis quando um raio atingiu a rede elétrica da Sabesp deixou 60% da população sem água durante um fim de semana inteiro. Sem contar que, são cada vez mais comuns os casos de eletrodomésticos queimados durante chuva com raios.
O raio é interpretado por especialistas como toda descarga elétrica que atinge o solo. Já as que não atingem e provocam um clarão no céu são popularmente conhecidas como relâmpagos.
O número de raios faz o Brasil ser considerado o país com a maior incidência de descargas elétricas do mundo. Estudos mostram que 80% dos raios que caem no Estado de São Paulo acontecem durante o verão, período que se estende até o mês de março.
Apesar dos danos materiais, a região não tem registro de vítimas por raio. A última morte registrada foi do produtor rural Adilson Politano, de 40 anos, que morreu após ser atingido por um raio em Santa Adélia, em 2018, segundo registro do Diário da Região.
Os raios acontecem quando nuvens carregadas eletricamente liberam a tensão rumo à superfície da Terra. As descargas elétricas são geradas pelas colisões entre cristais de gelo ou granizo. É quando as correntes de ar quente ascendem deslocando a eletricidade na nuvem.
No site da ELAT/INPE se encontram recomendações a serem evitadas durante uma tempestade com raios: abrigar-se ou caminhar perto de árvores; caminhar ou ficar parado em áreas descampadas, rodovias, ruas ou estradas; ficar próximo a cerca de arame; ficar próximo de veículos; abrigar-se em áreas cobertas, que protegem da chuva, mas não dos raios, como varandas, barracos e celeiros; utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou ficar perto de tomadas; falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador; usar chuveiro elétrico; ficar próximo a janelas e portas metálicas; ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos).