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Fernandópolis tem 72% da população com carteira de habilitação, diz Detran



Fernandópolis tem 72% da população com carteira de habilitação, diz Detran

A maioria dos grandes e médios municípios do Estado de São Paulo possui mais cidadãos habilitados do que a capital paulista. É o que indica levantamento feito pelo Detran.SP - Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo. Fernandópolis está entre as cidades do interior com maior número de pessoas habilitadas na proporção com a população: 72% dos seus habitantes são habilitados. Em números: para uma população de 69.680, segundo o IBGE, a cidade tem 50.297 motoristas com CNH expedida na cidade. Esse número é menor que a frota de veículos registrada no Denatran. Os números de julho apontam que Fernandópolis tem 63.248 veículos.
O município de São Paulo possui uma população de 12,4 milhões (dados do IBGE) e 6,2 milhões de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) registradas, que representa 50% da população habilitada.
Já a cidade de Santos, por exemplo, tem 72% de sua população habilitada (315.820 condutores de um total de 433.991 habitantes). Campinas, com 1,2 milhão de habitantes, tem 776.691 condutores (63%). Os municípios de São José do Rio Preto, Marília, Presidente Prudente, Franca e Barretos possuem 64% de sua população com CNHs registradas no Detran.SP (veja quadro).
Dos 46,6 milhões de cidadãos paulistas, 25,9 milhões possuem CNHs registradas no Departamento de Trânsito. O número representa 55% do total de cidadãos habilitados na comparação com a população do Estado de São Paulo. O levantamento foi realizado com base nos dados de julho de 2021.
“Esses números mostram a pujança econômica das cidades grandes e médias do interior paulista. E revelam também o impacto que um sistema de transporte coletivo integrado, como o que existe na capital, exerce sobre a utilização do veículo particular no cotidiano dos cidadãos”, afirma o presidente do Detran.SP, Neto Mascellani.
Mas por que as cidades do interior paulista possuem um número maior de cidadãos habilitados? Segundo o arquiteto e professor de Planejamento Urbano da PUC-Campinas, Thiago Amim, a dispersão urbana de cidades menos adensadas e mais espalhadas do que a capital acarreta em uma procura maior pelas habilitações e, consequentemente, a utilização de veículos particulares.
“O desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo e de sua densidade populacional viabiliza a utilização de mais transportes públicos como linhas de trem, metrô e ônibus. No interior temos a verticalização dos municípios e a dispersão dos habitantes em áreas maiores e mais distantes, o que dificulta uma caminhada a pé ou a utilização de um transporte público, que leva muito mais tempo do que uma viagem de carro ou moto. Além disso, muitas cidades são circundadas por rodovias o que motiva também a procura pela habilitação”, ressalta Amim.
O professor destaca outro ponto que envolve a procura pela CNH: o chamado “movimento pendular”, que é realizado normalmente por pessoas que viajam de um município para o outro diariamente e voltam para sua cidade no fim do dia para dormir. “No interior há a necessidade de um deslocamento maior sem tantas opções de transporte público como na capital. Isso também reflete na busca pela habilitação”, finaliza.

LENHA NA FOGUEIRA DO CENSO

LENHA NA FOGUEIRA DO CENSO

A divulgação pelo Detran.SP da proporção de motoristas habilitados em Fernandópolis em relação à população põe lenha na fogueira da discussão que envolve o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE, dados contestados por prefeitos e população. 
De acordo com o Detran o número de pessoas com CNH em Fernandópolis representa 72% da população, mesmo índice registrado pela cidade praiana de Santos. A média do Estado está em 55% e nos exemplos divulgados pelo Detran a proporção fica na faixa entre 60 a 68%. 
CIDADÃO fez algumas projeções com índices de outras cidades para estimar quanto seria a população de Fernandópolis a partir do dado de que 50.297 pessoas têm CNH expedida na cidade. Acrescentamos outro dado para observação dos leitores: Fernandópolis tem uma frota de veículos registrada no Denatran de 63.248 veículos, número de julho, ou seja, quase um veículo por habitante.
Na simulação com o índice médio de motoristas habilitados no Estado de São Paulo (55%), que é o mesmo índice da cidade de Itapeva, Fernandópolis teria uma população de 91.450. Se a proporção fosse 62% (da cidade de Araraquara), a população seria de 81.125 habitantes. Comparado ao índice de Rio Preto (64%) a população seria de 78.590 habitantes.

Como Fernandópolis vem reclamando do Censo de 2010 desde a divulgação dos primeiros dados, resta aguardar o próximo censo em 2022 para tirar a dúvida. Certamente será um censo acompanhado com lupa pelos fernandopolenses.