O padre Natalino Sérgio de Araújo, 53 anos, completa no mês que vem um ano no comando da paróquia Santa Rita de Cássia, missão que divide com o padre Miguel Garcia. E está vivendo, pela primeira vez, toda a intensidade de uma das maiores festas religiosas da região. A Festa de São Sebastião que acontece neste domingo, 27, surpreende pela mobilização. Para o padre, “mais que um evento tradicional de 54 anos, é uma festa devocional onde toda a população se envolve com alegria, entusiasmo para organização dessa linda festa”. Nesta entrevista ao CIDADÃO, o padre que nasceu em Aparecida d´Oeste fala da experiência que está vivendo em Fernandópolis onde chegou há um ano:
O senhor chegou em Fernandópolis há um ano e está envolvido na organização da Festa de São Sebastião, uma das mais tradicionais festas religiosas da região. Como está sendo essa experiência?
É um momento gratificante. No ano passado eu cheguei em fevereiro e já tinha ocorrido a festa. Este ano é a minha primeira festa e estou bastante envolvido com toda a comissão organizadora, o CPA (Conselho Pastoral Administrativo), o CPP (Conselho Paroquial de Pastoral), com todo o povo de Deus. Não se trata apenas de uma festa tradicional, de 54 anos, mas uma festa devocional. Devoção por São Sebastião trazida pelos padres assuncionistas e que se tornou uma tradição.
Envolvido na organização dessa festa o que lhe chamou mais a atenção?
Justamente a participação do povo. Tenho andado por vários lugares visitando as pessoas e percebo a devoção a São Sebastião e a alegria em dizer “eu quero ajudar”. Não é só os que estão doando, mas aqueles que vão trabalhar, porque a festa tem como característica o grande envolvimento de pessoas no trabalho voluntário. E por tudo isso teremos uma festa muito abençoada.
E essa é uma festa com grande participação da zona rural?
Tem uma tradição que diz que São Sebastião é padroeiro dos animais, missão também atribuída a São Francisco. São Sebastião é o santo que o homem da área rural pede para que tire todas as pestes, todos os males da lavoura, dos animais. Por isso essa devoção forte do pessoal da área rural. São Sebastião foi um soldado romano, mas um grande defensor da fé. Ele não teve medo de lutar contra o paganismo na época. Mesmo servindo o império romano, não teve medo. Isso mostra que não devemos ter medo, mas confiança na presença do amor de Deus, por interseção de São Sebastião.
Um dos grandes momentos da celebração é a cavalgada. O senhor vai participar?
Sim, faço questão de acompanhar a procissão por todo o trajeto. Primeiro vamos ter a missa às 8 horas na Matriz e as 9h30 estarei presente na Igreja da Aparecida para a benção inicial aos participantes da cavalgada. Terei uma charrete a disposição para acompanhar a procissão logo atrás do andor de São Sebastião. Farei questão de levar a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do nosso Brasil.
E vamos ter novidade na festa?
Sim. Não vamos ter apenas os cavaleiros, amazonas. Mas, teremos também os ciclistas e atletas da Afercan. Essa turma que vai participar virá no primeiro bloco, logo atrás da imagem de São Sebastião e da charrete do padre. Depois deles, virão os cavaleiros. Então quem quiser participar dessa caminhada junto conosco, será bem-vindo. Isso é uma benção de Deus.
E depois da parte religiosa tem o almoço e o leilão...
Será um dia inteiro de celebração. A partir das 11h30 será servido um delicioso almoço e que todos se sintam convidados, o valor é simbólico, 20 reais por pessoa. E logo após, então o leilão de gado, doação de tantas pessoas, do nosso município, de outros municípios, da zona rural. A doação, não importa o que seja, ela veio de coração. Tudo está muito organizado, com amor, com capricho, para fazer o melhor por todos.
A festa de São Sebastião, além do caráter religioso, tem o objetivo de levantar recursos para manutenção dos projetos da Igreja ao longo do ano. E este ano, uma das obras que receberá parte desses recursos é a restauração da capela de Nossa Senhora da Assunção ao lado da Casa Paroquial. O que representa essa capela para a comunidade?
Toda a administração da paróquia depende principalmente da doação do dizimo do nosso povo. Mas, temos outras festas para administrar, mas a maior delas, sem dúvida é essa de São Sebastião. Não é apenas essa reforma que estamos fazendo na capela, mas temos outras obras de curto, médio e longo prazo para fazermos na Paróquia Santa Rita. Já demos início a essa obra de restauração da capela de Nossa Senhora da Assunção que é muito antiga, da época dos padres assuncionistas que tinham a capela de oração para eles. Nessa capela, muitas pessoas casaram. A nossa intenção é restaurá-la para que as pessoas possam também visitar essa capela para suas orações. Queremos fazer ali um lugar de adoração ao santíssimo sacramento, aberta ao povo. Ao lado dessa capela estamos reformando uma sala, mais ampla, para a Pastoral da Saúde com os remédios complementares que são feitos e que tantas pessoas usam.
Um ano de Fernandópolis. Qual a avaliação que faz?
Me sinto em casa e digo isso com tranquilidade. Estou muito feliz. Fui muito bem acolhido por esse povo maravilhoso. Sinto-me tranquilo para o trabalho pastoral e administrativo da Paróquia Santa Rita de Cássia, juntamente com o CPA e CPP, grupos muito bem, organizados. Cada trabalho, cada pastoral, tem o meu respeito, meu acolhimento. Fui bem acolhido não pela igreja, mas também pela população. Vim para servir e estou com muita humildade, com simplicidade, para dar o melhor dos dons que Deus me deu.
Cada cidade tem uma característica. Qual é a característica de Fernandópolis?
A acolhida, isso é muito bacana de se ver aqui em Fernandópolis. A cidade tem essa característica de acolher a todos com muito carinho. Isso que me motiva para o trabalho pastoral.