Força-tarefa do Porto Intermodal quer audiência com Lula

Uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para expor o projeto. Este foi um dos objetivos definidos na reunião de trabalho realizada ontem em São José do Rio Preto, na sede da Associação dos Municípios da Araraquarense (AMA), da qual participaram prefeitos, deputados e representantes de diversas cidades de São Paulo e Minas Gerais.

A reunião foi aberta pelo presidente da AMA, o prefeito de Bady Bassitt, Airton da Silva Rego, que imediatamente passou o comando do encontro ao prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo.

Edinho leu uma nota do jornal O Estado de São Paulo, na qual constava que o presidente Lula, durante visita a Uberaba na véspera, não assinou o protocolo da criação do alcoolduto passando por aquela região. “Mas Lula garantiu que o projeto vai sair – só não definiu por onde”, explicou Edinho.

Em seguida, passou a palavra a Carlos Lima. O empresário de Fernandópolis falou da grande concentração do setor sucroalcooleiro na região de Iturama e afirmou que “estamos perdendo empregos, impostos e desenvolvimento” sem a confirmação dos projetos do Porto Intermodal, do Alcoolduto, da Hidrovia do Rio Grande e da Ferrovia Norte-Sul.


TERMINAIS
O deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) se dispôs a conseguir audiências com o Ministro dos Transportes e com o próprio presidente Lula. Disse que levará vantagem na consecução do alcoolduto a região que tiver terminais de carga em funcionamento. “Esse é o pensamento de Araçatuba”, disse, referindo-se à cidade que concorre para a mudança do trajeto.

O deputado estadual José Maia, de Minas Gerais, afirmou que “a priorização, no passado, do transporte rodoviário foi um equívoco” e que o Brasil “precisa ser competitivo para concorrer com China e Japão, por exemplo”. Maia justificou a afirmação dizendo que o barateamento do transporte é uma forma da região se tornar competitiva.

“O pontal do triângulo mineiro tem terras férteis, topografia privilegiada e deverá ser a região de Minas de maior desenvolvimento nos próximos anos. Só falta a logística dos transportes”.

Em seguida, o deputado indicou Edinho Araújo para liderar politicamente a força-tarefa regional, já que Rio Preto “é a nossa metrópole”.

PROJETO
O vice-prefeito de São Carlos, Emerson Pires Leal, defendeu que além de se promover uma atuação política eficiente, “é imperativo que o projeto tenha alto nível de qualidade técnica para obter sucesso”.

Edinho Araújo considera o projeto “um divisor de águas” e assegurou que é obrigação dos políticos da região lutar por sua consolidação. Mas alertou que “os governadores provavelmente não vão tomar partido desta ou daquela região”.

O secretário do Ministério dos Transportes, José Augusto da Fonseca Valente, que teve um contratempo e chegou atrasado à reunião, sustentou que “qualquer projeto que proponha mudança da matriz de transporte cai bem no Ministério”. Valente sugeriu que se faça um projeto “denso” e que este seja proposto por empresa privada: “se for constituído um consórcio público, vai demorar mais”, disse.

Para o funcionário federal, não há como não ir ao BNDES num projeto dessa magnitude. E alertou para a necessidade de que o projeto “responda a todas as dúvidas”.

COMISSÃO
Edinho Araújo propôs que todos os políticos envolvidos – prefeitos e deputados – sejam considerados membros da “comissão política”. A seguir, sugeriu que a “comissão técnica” seja coordenada por Carlos Lima.

A plenária aprovou, e ficou definido que os demais membros, companheiros de Lima, serão Emerson Pires Leal, João Carlos Missorino (assessor do prefeito de Araraquara), Devanil Torres (assessor do prefeito de Iturama) e Orlando Bolsoni (assessor do prefeito de Rio Preto).

Antes do encerramento, o deputado Devanir Ribeiro pediu aos prefeitos e parlamentares que fiquem atentos para uma breve convocação para a audiência com o presidente: “Abram uma brecha nas suas agendas, porque levaremos nossas reivindicações ao presidente Lula”, finalizou.



Encontro reúne forças de dois estados

A presença de vários representantes de Minas Gerais, como o deputado José Maia (o prefeito de Iturama, Valdecir Picchioni, não pôde comparecer, mas mandou três representantes) mostrou que o estado vizinho está inconformado com a possibilidade de perder o alcoolduto para o Mato Grosso do Sul, no caso de vingar a proposta de Jorge Maluly Neto, prefeito de Araçatuba.

Tampouco os prefeitos do eixo Euclides da Cunha/Washington Luis – com as exceções das notórias hibernações de praxe – estão dormindo no ponto. Marco Caboclo (Guarani D’Oeste), Edinho Araújo (Rio Preto), Airton da Silva Rego (Bady Bassitt) e representantes de Araraquara e São Carlos também compareceram e participaram ativamente da reunião.

Também estiveram em Rio Preto Adilson Campos, ex-prefeito de Fernandópolis, e representantes dos deputados Baleia Rossi e Michel Temer (Jarbas Zuri), João Paulo Cunha (Rober Caetano) e até do presidente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia (Sérgio Teixeira).

Outro que marcou presença, como vem fazendo constantemente, foi o deputado estadual José Zico Prado, do PT. A ausência que causou estranheza foi a de Liberato Caldeira, prefeito de Valentim Gentil, apesar da justificativa de que sua cidade estava realizando a Festa do Peão. É que Caldeira é o presidente da AMOP (Associação dos Municípios do Oeste Paulista).