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Gêmeas de 7 meses morrem por falta de atendimento neonatal



Gêmeas de 7 meses morrem por falta de atendimento neonatal
O casal Alessandro Ribeiro da Silva e Rita de Cássia dos Santos, ambos com 28 anos, esperava a chegada de suas filhas gêmeas, que já tinham seus nomes escolhidos: Lorraine Vitória da Silva e Laiane Mara da Silva.

A jovem mãe, que já tem uma filha de 8 anos, fruto de seu primeiro casamento, fazia o acompanhamento pré-natal na Unidade Básica de Saúde da Cohab Antonio Brandini, com a médica Maria Cristina.

No último dia 10, Rita de Cássia foi levada às pressas à Santa Casa, pois acabara de entrar em trabalho de parto, sentindo dores abdominais e contrações.

Porém, sem uma unidade específica para atendimento neonatal, os médicos da Santa Casa de Fernandópolis, segundo informou Rita de Cássia, estavam ministrando medicamentos para retardar o nascimento das gêmeas.

“Uma de minhas filhas apresentou em um dos últimos ultra-sons, um problema”, declarou Rita. O problema a que se referiu Rita de Cássia é um “hiperecogênico em topografia de músculo papilar no ventrículo esquerdo”, segundo consta em laudo do ultra-som citado pela mãe, que confirmou afirmações de alguns médicos que a atenderam na Santa Casa.

“Os próprios médicos afirmaram que os bebês provavelmente estariam vivos se fossem encaminhados a uma Unidade Neonatal. Quando dei entrada na Santa Casa, fizeram exames em mim, e ficou constatado que minhas filhas estavam vivas, eu escutei os corações delas, eu as sentia vivas”, declara desconsolada, Rita, ainda sofrendo dores, com febre, na varanda de sua casa, no bairro Jardim Paraíso.

“Se minha mulher tivesse recebido um atendimento digno nós estaríamos com nossas filhas”, declara Alessandro Ribeiro, também em seu segundo relacionamento, pai de dois filhos.
A Saúde Pública Estadual não conseguiu, em tempo, encaminhar Rita de Cássia a um Hospital onde há atendimento especializado para partos de risco.
Segundo informações, médicos de Fernandópolis solicitaram pedidos a três Hospitais: ao Padre Albino, em Catanduva, à Santa Casa de Jales e a um Hospital de São José do Rio Preto, porém sem sucesso.

Somente no dia 12 de dezembro, dois dias após ser internada, é que Rita de Cássia foi encaminhada para sala de parto.

“A primeira filha que vi, já estava morta, e a segunda nasceu com infecção, disseram os médicos”, relembra Rita.

“Minha médica (Maria Cristina), que acompanhou meu pré-natal, até agora não apareceu, não a vi na Santa Casa. Não estou me sentindo bem, sinto muitas dores e continuo com febre”, disse Rita de Cássia.

Uma das irmãs, Laiane, foi enterrada no dia 12, horas após o parto, no Cemitério da Consolação. Lorraine foi encaminhada à Santa Casa de Jales, onde há Unidade Neonatal, mas não resistiu e faleceu na madrugada do dia 14, sendo sepultada no dia 15, também no Cemitério da Consolação, em Fernandópolis.

Os pais confirmaram que aguardam “alguma satisfação” dos órgãos competentes.
“Eu quero Justiça”, enfatizou Rita de Cássia.