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GUARANI D’OESTE TRABALHA PELA INCLUSÃO SOCIAL



GUARANI D’OESTE TRABALHA PELA INCLUSÃO SOCIAL
Projeto “Cidadão do Futuro” assiste 180 jovens no município; administração ainda ampara aos idosos e ex-alcoólatras

Quando assumiu a prefeitura de Guarani d’Oeste, em janeiro de 2005, Marco Caboclo (PT) queria fazer um trabalho voltado para o social.

Dessa vontade, aliada a parcerias com os setores público e privado, nasceu o projeto “Cidadão do Futuro”, um trabalho sócio-educativo que trabalha com crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos de idade.

O primeiro passo foi estabelecer o espaço físico onde essas atividades se concentrariam. O “Clube Comunitário Marechal Rondon”, situado próximo à Prefeitura, estava desativado. Caboclo adaptou o prédio, fez melhorias, como forro e pintura, ampliou a cozinha e adequou-o ao projeto.

O “Cidadão do Futuro” realiza oficinas canalizadas para o esporte, as artes e a cultura em geral – assim, de segunda a sexta-freira, os garotos inscritos desenvolvem seus talentos no futebol, na pintura, teatro, dança, artesanato, fanfarra, aulas de viola e violão, bem como na busca para resgatar a catira (uma manifestação cultural da região) e tendo também aulas de informática.


QUALIDADE
Segundo a coordenadora do projeto, Márcia Machado Felício dos Reis, os 180 jovens recebem alimentação na cozinha do projeto, com produtos de qualidade, boa parte deles vindos da horta municipal.

Márcia e a secretária do projeto, Cristiane Ferreira Varis, se entusiasmam ao contar o sucesso do programa. “As crianças e adolescentes evoluem a olhos vistos. Meninos tímidos passam a se apresentar em público com desembaraço”, assegura Cristiane.

“A comida que é fornecida diariamente no projeto corresponde à comida que faço na minha casa nos dias de festa”, exagera a cozinheira Maria Helena Cordeiro, uma das responsáveis pelo refeitório, para mostrar as excelências da alimentação. “Fazemos carne de boi e de frango, creme de milho, pratos à base de mandioca e muitas verduras e legumes, além do arroz e feijão”, conta Maria Helena.

A prefeitura, no mesmo espaço, atende ainda aos idosos, que recebem lanches, e dá vez ao projeto “Vida Sóbria”, com pessoas que são recuperadas do vício do alcoolismo. Estes fazem refeições no “Cidadão do Futuro” de segunda a sexta-feira e também estão enquadrados num projeto de re-inclusão social comandado pela 1ª Dama do município, Claudiney Ribeiro Caboclo.

No dia da visita da reportagem de CIDADÃO, as cozinheiras, assistidas por três voluntárias da cidade, faziam ovos de Páscoa para serem distribuídos às crianças.

Tudo isso, evidentemente, custa dinheiro, problema que o prefeito Caboclo resolveu com a formação de várias parcerias, tanto com o poder público (Projeto Fome Zero, do Ministério do Desenvolvimento Social, a Petrobrás e outros) quanto com a iniciativa privada (Grupo Alcoeste, de Fernandópolis).


CHANCE
A opção pelo social, feita pelo prefeito Marco Caboclo, não foi aleatória. “Percebi que vivemos atualmente num mundo cheio de perigos e dificuldades”, diz ele. “Temos que dar aos jovens a chance de ser alguém, de não enveredarem pelo caminho das drogas ou de ficarem desempregados”, sustenta.

Para o prefeito, cada jovem que conseguir encaminhar na vida já terá valido a pena. “Temos um acordo com a FEF (Fundação Educacional de Fernandópolis) para baratear as mensalidades, especialmente no curso de técnicos do setor sucroalcooleiro. Queremos formar técnicos na matéria e permitir a possibilidade de terem melhores salários e qualidade de vida. Queremos evitar que pelo menos uma parte deles vire cortador de cana”, diz Caboclo.



O policial vira político. E se apaixona pelo que faz

Quando era garoto em São Bernardo do Campo, o menino Marco muitas vezes foi ao sindicato dos metalúrgicos da cidade, já que aquela era a profissão de seu pai. O velho levava o garoto para brincar no grêmio da entidade de classe. Lá, ele conheceu um sujeito baixo, atarracado, de barba negra e cenho franzido. Era o presidente do sindicato e atendia pelo nome de Luiz Ignácio da Silva.

Do resto – a respeito do sindicalista – todo mundo sabe. Poucos, porém, conhecem a trajetória do menino Marco Antonio do Carmo Caboclo, que um dia, por volta dos nove anos de idade, foi visitar uma tia em Guarani D’Oeste, encantou-se com a cidade e acabou ficando.

Só saiu aos 17 anos, para ingressar na Polícia Militar. Fez carreira em São Paulo, depois foi transferido para Jales. Voltou a viver em Guarani, e no ano 2000 elegeu-se vereador na cidade. Na campanha eleitoral de 2004, o PT o escalou para uma dura disputa política, na qual o modesto policial, que mora numa casa da Cohab e tem orgulho disso, acabou vencedor.

Aos 42 anos de idade, casado com Claudiley e pai de Caroline, de dez anos, o prefeito conta que o “Cidadão do Futuro” é um projeto ainda dos seus tempos de vereador: “era um compromisso de criar uma política pública para cuidar das nossas crianças”, afirma.

Ironicamente, no dia 10 de março de 2005, data da inauguração do projeto, o prefeito não estava presente: Caboclo passava por uma cirurgia no rim, na Santa Casa de Fernandópolis.

Caboclo não vacila em afirmar que o “Cidadão do Futuro” é o projeto mais importante de seu governo. “Começamos mais com coragem do que com logística”, conta. Depois, as parcerias com os governos federal e estadual ajudaram a viabilizá-lo.

A preocupação fundamental do prefeito era resgatar as manifestações culturais de raízes eminentemente brasileiras – particularmente as tradicionais, típicas da região, como a moda de viola e a catira, uma dança normalmente realizada por homens. Só que o pessoal do “Cidadão do Futuro” quer inovar e criou um grupo de mulheres “catireiras”.

Em 2006, Caboclo conseguiu o apoio financeiro da Petrobrás, que foi importante na criação e construção das oficinas. Ele destaca que a “madrinha” do projeto “Cidadão do Futuro” é a Unesco, através do “Criança Esperança”.

Caboclo não esconde que sua administração é prioritariamente voltada para a pessoa humana. “Temos um governo federal popular e socialista, com o objetivo de trabalhar pelas pessoas. Então, nosso objetivo é lutar para que as pessoas tenham melhor qualidade de vida”, garante.

Nem por isso, o prefeito se esquece dos projetos voltados para a questão econômica da região, como o Porto Intermodal de Água Vermelha. Caboclo disse que a cidade, a princípio, ficou afastada do projeto pelas diretrizes logísticas, que só consideraram Iturama, Ouroeste e Fernandópolis.

Agora, o prefeito entrou no grupo que quer levar em frente o projeto de instalação do porto, inclusive fazendo contatos com deputados federais e lideranças petistas de São Paulo e Brasília. “Será uma definição política”, analisa. “Precisamos ser incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”.

No próximo dia 10, Marco Caboclo estará em Brasília, na Marcha dos Prefeitos. Lá, pretende cooptar outros prefeitos, cujas cidades se encontro ao longo do projetado “alcooduto”, que ligará Goiás ao Porto de Santos. Uma luta renhida. Do jeito que Caboclo gosta.