Desde que assumiu a presidência da 45ª Subsecção da Ordem dos Advogados, Henri Dias tem priorizado a idéia de incrementar a comunicação com os advogados filiados à entidade, facilitando o acesso à informação. O jovem presidente sabe que a comunicação é fundamental no mundo moderno, e para isso tem projetos importantes, como o já criado site de notícias da Ordem. Nesta entrevista, em que faz um pequeno balanço do seu primeiro ano de gestão, Henri comenta a inexorabilidade da modernização da Justiça e do trabalho de seus operadores.
CIDADÃO: Qual é o balanço que você faz do primeiro ano da sua gestão?
HENRI: Apesar de todas as dificuldades, sem dúvida o balanço é positivo. Cumprimos uma porção de pontos que entendíamos como essenciais para a revitalização da Subsecção, como o recadastramento dos advogados, a criação do site da 45ª, que foi um dos nossos principais objetivos, e que inauguramos já em abril, inclusive antecipando uma tendência: recentemente, no mês de novembro, a Seccional da Ordem anunciou que iria dispor de sites para todas as subsecções. Ou seja, nós antecipamos essa tendência. O site permite uma aproximação, uma comunicação direta com os colegas que estão mais afastados da entidade.
CIDADÃO: Você tem sentido essa resposta dos advogados?
HENRI: Sem dúvida, porque diariamente somos contatados por colegas, buscando mais detalhes de alguma informação que obtiveram através do site. Além disso, o sistema de plantões dos advogados no Fórum, e cuja escala antes era informada por telefone, agora sai no site, desde setembro. O advogado consulta o site e já fica sabendo o dia em que estará de plantão.
CIDADÃO: A 45ª Subsecção de Fernandópolis participou de muitas atividades neste ano, ligadas ou não ao Judiciário como do movimento denominado Cansei. E para 2008, quais são os planos? Vêm novidades por aí?
HENRI: Em nosso programa de governo, definimos algumas metas, e dentre elas está a de comunicações. A primeira etapa, o site, já está funcionando. A segunda etapa será o rádio, com um programa da OAB, e a terceira etapa um jornal. Então, nossa estratégia de comunicação tem como próxima etapa um programa de rádio, OAB no ar. Para isso, seguimos as orientações da OAB/SP, e temos participação ativa em todos os movimentos sociais importantes. Como se sabe, a digitalização é uma realidade irreversível, e que, em termos da Comarca, já foi antecipada com a criação da Vara Digital de Ouroeste. Tivemos algumas dificuldades, como a certificação digital. Essa dificuldade aparece porque a digitalização começou de cima para baixo, isto é, o Tribunal digitalizou os Fóruns mas não teve como os operadores do Direito se digitalizarem, ainda. Essa deve ser a principal meta da OAB no ano que vem: colocar o advogado em contato com a realidade da digitalização. A certificação digital deverá ser controlada pela OAB.
CIDADÃO: Se você tivesse que atribuir a si próprio uma nota pela atuação em 2007, no seu primeiro ano como presidente, qual seria ela?
HENRI: Olha, até teria vontade de dar um 10, porque sei melhor do que ninguém dos esforços que fizemos. Diante das dificuldades, acho que um 7 seria uma nota razoável. Na verdade, a idéia era de avançar muito mais, mas as dificuldades às vezes nos obrigaram a recuar para depois voltar a avançar, mudando a estratégia.
CIDADÃO: Na sua sala, há um cartaz com a relação de seus objetivos, que foi inclusive usada como plataforma eleitoral. Desses objetivos, quais já podem ser riscados, porque já foram cumpridos?
HENRI: Realmente, há 23 itens que prometemos cumprir em campanha. Vários já foram cumpridos, como o site, o sistema de atendimento odontológico da CAASP, o convênio com a Bensaúde, a ampliação das relações com o Judiciário e a sociedade, a realização de palestras só este ano tivemos 13 palestras, incluindo-se aí as seis conferências realizadas na Semana do Advogado. Então, da série de projetos, a maior parte que não foi resolvida já está bem encaminhada para o ano de 2008.
CIDADÃO: Considerando-se a ação da OAB em Fernandópolis desde a fundação da 45ª Subsecção, em 1972, até hoje, qual é o diferencial que você pode apontar em sua gestão?
HENRI: Acho que o grande diferencial é o dinamismo e a disposição de se envolver na questão, que nossa diretoria tem mostrado. Não que os outros presidentes e diretores não se envolveram, todos deixaram sua colaboração, sua parcela de trabalho. Mas a própria época em que vivemos nos obrigou a mostrar um dinamismo muito grande. Começamos com 26 advogados, e hoje a subsecção tem quase 400. Talvez o grande legado que deixaremos venha a ser a interlocução com um grande número de advogados, coisa que antigamente não podia ser feito. Aliás, como antes eram poucos advogados, o contato era bem mais fácil. Hoje, a maior parte dos advogados não se conhece, a não ser de audiências. Nos últimos dez anos, a Subsecção dobrou de tamanho. E quero dizer uma coisa: hoje, os jovens tomaram conta da OAB de Fernandópolis.
CIDADÃO: Qual deveria ser a maior virtude de um presidente da entidade?
HENRI: A paciência. Você tem que ouvir muito, ouvir de novo, e não pode se alterar. Você precisa identificar o problema do colega e conseguir discernir se aquele é um problema pontual, exclusivo do colega, ou se é um problema da classe. A grande dificuldade é não misturar problemas individualizados dos problemas da categoria. Outra coisa que não é fácil é montar uma equipe eficiente e principalmente sintonizada, entrosada. Os cargos não são remunerados, é preciso haver uma dose grande de idealismo, todos têm seus afazeres. No primeiro momento, foi difícil montar a equipe, sempre cobrando uma participação mais efetiva. Porém, temos conseguido, nos últimos meses, um trabalho homogêneo.
CIDADÃO: Em relação ao Exame de Ordem recentemente cancelado por suspeita de vazamento de questões da prova, queria saber a sua opinião sobre o fato em si, do ponto de vista ético, e também o que você achou da decisão do presidente Luiz Flávio DUrso, de suspender imediatamente a realização do exame.
HENRI: Acho que o episódio tem um ponto positivo e outro negativo. O negativo é que, infelizmente, ninguém está imune no Brasil. Recentemente tivemos a notícia do cancelamento do concurso da Polícia Rodoviária Federal e no dia seguinte a notícia do cancelamento do exame da OAB. É triste. Acho que o problema não está nas instituições, e sim nas pessoas. Veja: o que era para ser um canal para preparar melhor o candidato, acaba se transformando num meio para burlar um exame sério, através de artifícios que nós ainda não sabemos quais são. Sabemos que houve o vazamento, mas não os detalhes. Por outro lado, ficamos felizes com a atitude imediata da OAB, que não deixa margens a dúvidas quanto à atuação da OAB/SP. Com a decisão, não houve muitos transtornos, porque a imprensa divulgou e praticamente 90% dos candidatos não compareceram aos locais de exame, porque souberam do adiamento. De todo modo, é bom frisar que a OAB terceiriza esses exames. Acho que sua imagem não sairá arranhada. Quanto a eventuais prejuízos dos candidatos, a entidade deverá analisar caso a caso, e se tiverem ocorrido prejuízos, os candidatos poderão ser ressarcidos. Quanto às inscrições, estas continuam valendo.
CIDADÃO: Qual a lição que você tirou da experiência de presidir a OAB?
HENRI: Li, logo no começo do ano, o livro de um antigo presidente da OAB, não de nossa Comarca, em que ele escreve como que uma cartilha do presidente da entidade. Uma das regras fala sobre os colegas: Aqueles que te elegeram é que te causarão maiores problemas. O que ele queria dizer é que as cobranças serão naturalmente maiores dos nossos eleitores, dos que confiaram no nosso trabalho. Mas isso é justo, é natural.