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Idosos ao volante aumentam 43% em Fernandópolis em seis anos, índice maior que a capital



Idosos ao volante aumentam 43% em Fernandópolis em seis anos, índice maior que a capital

Levantamento feito pelo Detran.SP comprova que a passagem dos anos não representa um obstáculo para que os motoristas com idades acima dos 60 anos mantenham vivo o desejo de continuarem a dirigir. Entre junho de 2015 e o mesmo período deste ano foi registrado em Fernandópolis um crescimento de 43% no número de CNHs registradas para condutores dessa faixa etária, de 5.318 para 7.641, índice maior que o apresentado na cidade de São Paulo, que foi de 33%.
No Estado de São Paulo, entre junho de 2015 e o mesmo período deste ano foi apontado aumento de 45% no número de CNHs registradas para condutores dessa faixa etária, um aumento de 2,3 milhões para 3,4 milhões.
Para o arquiteto e professor de Planejamento Urbano da PUC-Campinas, Thiago Amim, o crescimento no uso de carros nas cidades de grande e médio porte do interior paulista em relação à capital tem relação não apenas com um sistema de transporte público menos qualificado, mas também com a forma como essas cidades se desenvolvem. 
“Em praticamente todos os casos, as cidades do interior paulista são menos adensadas e mais espalhadas do que São Paulo, o que acaba tendo como consequência uma utilização mais frequente do automóvel nos deslocamentos”.
Especialistas apontam fatores culturais, econômicos e até mesmo de saúde como possíveis explicações para esse interesse dos mais velhos em permanecerem ativos como motoristas.
De acordo com José Montal, diretor da Abramet - Associação Brasileira de Medicina do Trabalho -, à medida que medicina avança na prevenção de doenças há um consequente aumento na expectativa de vida saudável da população, e, como consequência, a participação de condutores idosos no universo da população de motoristas habilitados. 
Márcia Menezes, diretora-executiva da Fenactran - Federação Nacional das Cooperativas de Trabalho dos Médicos e Psicólogos Peritos de Trânsito -, destaca que os idosos de hoje são de uma geração proativa, e mais independente se compararmos com pessoas da mesma faixa etária no passado. “Essa população cresce em uma velocidade duas vezes maior que a geral. Eles chegam aos 60 anos de forma independente, o que se reflete no trânsito”, afirma.
De acordo com as normas do Contran - Conselho Nacional de Trânsito - e válidas em todo o país, não há limite máximo de idade para que uma pessoa dirija. No entanto, a renovação da CNH deve ser feita a cada cinco anos para os motoristas com idade entre 50 e 69 anos e três anos para os motoristas com idade igual ou superior a 70 anos ou em período menor, de acordo com a avaliação médica.
“É animador verificar que as pessoas com mais de 60 anos estão cada vez mais ativas e dispostas a continuar dirigindo, desde que todas as condições de segurança e saúde sejam avaliadas com base nos critérios definidos pelo Contran”, ressalta o diretor-presidente do Detran.SP, Neto Mascellani.
Um exemplo de idoso que não abre mão de assumir o volante é o aposentado Antonio Alves Feitosa, morador no bairro Palma Mininel, em Fernandópolis, que aos 86 anos dirige sua pick-up até a propriedade no bairro rural do Coqueiro ou mesmo na cidade. Ele, inclusive, renovou a CNH há cerca de um ano. “Ele não abre mão de dirigir seu carro. É muita cuidadoso no volante”, diz o filho Ivan Gomes.