Depois da decisão da Petrobrás que alijou região de Fernandópolis do traçado, empresa Brenco pretende investir US$ 1 bilhão no projeto original, ligando Alto Taquari (MT) ao porto de Santos
Os 14 anos de luta da força-tarefa pela consecução do Pólo Logístico de Água Vermelha, quem diria, podem se transformar numa empreitada bem-sucedida pela ação da iniciativa privada, e não do governo federal.
As marchas e contramarchas que marcaram o trabalho do coordenador do projeto, Carlos Lima, do empresário Andrelino Novazzi Neto, do prefeito de Iturama (MG) Valdecir Picchioni, do prefeito de Guarani DOeste, Marcos Caboclo e outros como Edinho Araújo, Devanir Ribeiro, Baleia Rossi e parte da imprensa regional, culminaram com a flagrante decepção no final de fevereiro deste ano, quando a Petrobrás aprovou o projeto de transbordo hidroviário concebido pela Transpetro.
Esse projeto dá preferência à rota São Simão Aparecida do Taboado Araçatuba Paulínia, com ramificação para Bataguassu (MS) e Guaíra (SP), alijando do traçado as regiões de Iturama e Fernandópolis, entre outras. Na Ocasião, Andrelino Novazzi, que é proprietário da empresa Transrio e presidente da holding Água Vermelha, comentava desolado que essa decisão é definitiva, o projeto é realidade, e já passou para uma segunda fase.
BILL CLINTON
Agora, entretanto, surge a notícia de que a Brenco, ou Companhia Brasileira de Energia Renovável, cujo principal executivo é Henri Philippe Reichstul, ex-presidente da Petrobrás, e que tem entre seus principais acionistas o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, deverá instalar nos próximos três anos nada menos que dez usinas de álcool etanol na região de Alto Taquari, no extremo sudeste de Mato Grosso. A Brenco calcula que terá que investir US$ 1 bilhão na construção de um alcoolduto ligando o município ao porto de Santos.
No trajeto, estão previstos seis terminais de coleta e entrega de álcool, e o duto deverá ter a extensão de 1.120 km. O início das operações, segundo a Brenco, está previsto para 2011.
PRIMEIRA
As obras da primeira usina de etanol na região de Alto Taquari já estão avançadas, e terá capacidade de processamento de 3 milhões de toneladas de cana, produzindo, já a partir da safra de 2009, 275 milhões de litros de etanol.
Para o coordenador do Pólo Logístico de Água Vermelha, Carlos Lima, o projeto da Brenco repõe a região na luta pelo Porto Intermodal. Isso representa que o terceiro eixo do duto, que estamos chamando informalmente de Alcoolduto Centro-Sul, é viável como sempre dissemos. Prova disso é o interesse da iniciativa privada.
Lima, porém, alerta para a necessidade de mobilização das lideranças regionais: É preciso demonstrar interesse, oferecer propostas concretas e tomar atitude em relação ao projeto. Ou seja, o caso exige atitude política. Ninguém garante que ele passará mesmo por Fernandópolis.
A preocupação do coordenador se deve à postura cética que a prefeita de Fernandópolis, Ana Bim, sempre adotou em relação ao projeto. as coisas estão acontecendo rapidamente, a cidade tem que se mexer para conseguir ser um entre os seis terminais de coleta e entrega de álcool, analisa Lima. Já perdemos o bonde da história no caso do projeto hidroviário da Transpetro e do PAC. Sem efetiva ação política, também perderemos a oportunidade no caso da livre iniciativa, que igualmente deverá representar a geração de empregos e aquecimento da economia, encerrou.
ITURAMA
Depois da divulgação da notícia do alcoolduto da Brenco, políticos de Minas gerais se mobilizaram para tratar da questão. Na última segunda-feira, o deputado estadual mineiro José Maia (PSDB) revelou que o governo do Estado liberou recursos para o asfaltamento da estrada que liga União de Minas a São Simão, bem como para a pavimentação da via de acesso e do pátio do terminal hidroviário do porto de Água Vermelha. Nos próximos dias, o prefeito de Iturama, Valdecir Picchioni, deverá ter audiência em Belo Horizonte com o governador Aécio Neves para tratar do assunto.