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Ireno Bim, o colecionador de raridades



Ireno Bim, o colecionador de raridades

Brasileiro é apaixonado por carros”, o jargão que virou até campanha publicitária no país é levado a sério pelos donos de automóveis, ainda mais quando o assunto é carro antigo.  Contudo, é compreensível que, possuindo uma coleção de carros como Chevrolet FleetLine 1927, um Jeep Land Rover 1940 (feito para guerra, inteiramente em alumínio) e até um Oldsmobile hidramático, qualquer um seria ciumento e cuidadoso com suas relíquias.
E é assim que o empresário Ireno Bim, dono da empresa de comércio atacadista de artigos usados e sucata “Ferro Velho São Paulo” pode ser descrito enquanto apaixonado por carros.  
Ao chegar em seu estabelecimento comercial, é possível observar em posição de destaque os 12 veículos de sua coleção, entre eles um Chevrolet Opala de apenas três marchas, VW Fusca e até mesmo um DKV Vemag das primeiras unidades de fabricação no Brasil.
Em entrevista ao CIDADÃO em 2013, Ireno contou sobre o que motivou sua busca por relíquias e a paixão que já dura mais de 40 anos: “Estes carros antigos representam muita coisa, relembram uma cultura, um tempo antigo. Uma época em que não existia nem asfalto nas ruas”, diz emocionado.
O primeiro veículo adquirido pelo empresário é uma verdadeira joia rara. Um veículo Chevrolet do ano de1927, feito em Detroit, nos EUA, que não possui chave de ignição e nem qualquer tipo de acessórios tão comuns em carros modernos. A partida é feita na manivela. Admirado, o colecionador questiona como eram as tecnologias da época: “Imagine, com meia volta de uma manivela o carro liga, totalmente diferente do que existe hoje”, enfatiza. 
Os veículos não passam dos 65 km/h por conta de aspectos estruturais e motorização, mas nem é preciso mais que isso, o importante é que passem lentamente chamando atenção de todos pelas ruas. 

Observando as pessoas que vão até o estabelecimento de Ireno, com intuitos comerciais ou de trabalho, são poucos os que não tiram ao menos dez minutos para apreciar seus carros, causando um assédio muito grande para que o empresário venda suas joias: “O assédio é muito grande, mas não vou vendê-los. Meus filhos também são apaixonados por carros antigos e vão manter a tradição” diz. 
Relembrando uma história antiga, Bim conta uma passagem engraçada da vida quando foi até o Rio de Janeiro fazer uma visita a uma de suas filiais. Em trânsito do aeroporto até sua sede, avistou um veículo antigo. Foi paixão à primeira vista. Abdicou de todos os compromissos e pediu ao motorista que seguisse o carro. Assustado, o dono do veículo antigo partiu em disparada achando que era um assalto. Ireno acabou comprando o veículo. Hoje, contando a história sorridente, ele diz não se arrepender das loucuras que fez e sempre está de olho em uma nova oportunidade.
Todos os carros da coleção são emplacados e registrados, aptos para sair nas ruas de Fernandópolis, mas, por precaução, isso é evitado: “Se acontece um acidente com estes veículos vou precisar comprar peças do exterior, mas de vez em quando dou umas voltas por aí”. Vários dos carros de sua coleção sempre estão expostos em eventos de carros antigos.
Isso não tira a paixão de Ireno por automóveis que, mais do que apenas meios de locomoção, se tornaram para ele o resgate de uma cultura e o desejo de manter viva uma parte da história automobilística.