Esporte

Karatê, a arte marcial do respeito



Karatê, a arte marcial do respeito

Apresentado pela primeira vez no Japão em 1922 pelo Mestre Gichin Funakoshi, o Karatê é uma das principais artes marciais olímpicas na atualidade. Do Japão, passando também pela Índia e China, conheceu o Mestre Shaolin. Juntos, Gichin e Shaolin criaram o Karatê-Dô, que significa “caminho das mãos vazias”. O Karatê-Dô deu origem a quatro modalidades de prática do Karatê: O Goju-Ryu, Wado-Ryu, Shito-Ryu, e o Shotokan - modalidade mais comum no Brasil, abordada pelo Sensei Adauto, de Fernandópolis.

Antigamente, o povo do Japão lutava por terras sem qualquer tipo de armamento. Sendo assim, a necessidade de saber lutar era essencial. Era necessário saber usar os braços, cotovelos, mãos, e o raciocínio. O Karatê já foi uma arma de guerra, motivo que explica o termo “caminho das mãos vazias”. Depois, algumas armas foram surgindo e, o que hoje conhecemos como pás, rastelos e tridentes foram inventados pelos japoneses, como forma de ataque e defesa. A primeira arma propriamente dita do Karatê foi o “tchaco”. Isso também levou os japoneses a serem grandes precursores de artes marciais no mundo.

No Karatê existe uma norma de graduação, que a cada ano o praticante sobe um nível ou abaixa um kyu, na linguagem japonesa. O processo é começar com a faixa branca, e depois de seis meses, dependendo do grau de adaptação, o aluno é submetido a um exame para avançar para a amarela. Depois cada exame é realizado uma vez por ano, avançando para as faixas na seguinte ordem: vermelha, laranja, verde, roxa, marrom, e preta. E a caminhada não acaba quando simplesmente se chega à preta. Existem dez níveis de faixa preta, cada um é demarcado por um dan. O Sensei de Fernandópolis, Adauto Guarnieri, atualmente se prepara para se graduar no quinto dan.

KARATÊ FERNANDOPOLENSE

Em 2014, a Dojokan - Associação de Karatê de Fernandópolis comemora seus 10 anos de fundação.  “Esse é um dos anos mais felizes para mim”, declarou Adauto, fundador e professor da Associação. “Hoje em dia eu me vejo mais como professor do que como competidor. Eu penso mais no coletivo, pois graças a Deus temos muitos alunos, e acabo sempre tendo que dedicar mais tempo a eles do que a mim”.

Praticante da arte marcial desde 1991, Adauto relembra como começou sua trajetória no esporte: “Eu tinha 15 anos, e não tinha condições de comprar o Kimono (roupa especial de artes marciais gerais) para praticar. O pessoal emprestou um pra mim, e minha faixa era um cadarço de tênis”. Quando Adauto já estava em um nível avançado, seu professor resolveu parar, e daí o Karatê fernandopolense esteve perto de acabar. Depois de muita persistência de alguns faixas pretas da cidade, as aulas migraram do estádio para a Academia Movimento, e mesmo trabalhando no frigorífico, Adauto dividia o tempo entre o emprego e o Karatê. Em 2000 passou a dar aulas pela primeira vez, em um antigo projeto do Jardim Paulista. “Lá era muito difícil. A gente não tinha tatame (carpete especial para lutas), e fazíamos bolhas no pé toda semana”. Mas foi do Jardim Paulista que a ideia de montar a Associação nasceu, em 2004, e está firme até hoje.

Atualmente a Associação conta com um tatame que a prefeita Ana Bim doou em 2008, porém, por causa do tempo, o carpete está degradado e se desfazendo. No entanto, algumas empresas de Fernandópolis acreditam na capacidade dos atletas, que anualmente trazem dezenas de medalhas para a cidade. É o caso da “Só Lixeiras” que fez a doação de um novo tatame para os atletas da Associação.

Em questão de apoio, o Karatê de Fernandópolis conta com uma subvenção da Prefeitura de R$20 mil por ano, o que não chega perto do que a  Associação precisa para disputar todos os campeonatos, que são muitos. Este ano a Dojokan disputará praticamente um campeonato por mês, incluindo os paulista, brasileiro, Pan Americano, um campeonato na Argentina, além do campeonato mais importante da Federação de Karatê Paulista, onde está em disputa o mais importante troféu do Karatê regional. “Quem nos apóia de verdade são as famílias, os pais dos alunos. Eles que acreditam de verdade,  ajudam a pagar inscrição e  transporte, alimentação, etc.”. A maior conquista do Sensei, segundo suas próprias palavras, é ter a academia cheia de alunos, com a família de cada um acreditando no potencial deles.

Os cinco lemas do Karatê são: Esforçar-se para a formação do caráter; Criar o intuito de esforço; Respeitar acima de tudo; Conter o espírito de agressão; Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão.