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Leishmaniose: Novos casos em humanos acende luz de alerta



Leishmaniose: Novos casos em humanos acende luz de alerta

Leishmaniose visceral acende a luz de alerta em Fernandópolis. Além de casos em cães, a cidade registra dois novos casos da doença em humanos em maio e junho, elevando para cinco o total de pessoas infectadas desde que a doença chegou por aqui. Esta semana, a coordenadora da Vigilância em Saúde Fabiana Pietrobon Lavezo, acompanhada do veterinário do Centro de Controle de Zoonoses, Mileno Tonissi, iniciaram uma cruzada de orientação à população. Em relação aos cães, as maiores vítimas da leishmaniose, só este ano foram realizados 641 testes rápidos, com 106 positivos na triagem e 68 confirmados em segundo exame. Um total de 45 cães foram eutanasiados. Em 2017, foram 75 animais sacrificados. A doença já se alastrou por todos os bairros da cidade. E assim como na dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, na leishmaniose também é um mosquito que anda espalhando o medo. O mosquito, conhecido como Palha prolifera em matéria orgânica (restos de comida, fezes de animais, folhas e entulho). A coordenadora aponta que só a população pode vencer essa batalha. Basta cada um fazer a sua parte e manter os quintais limpos. “Sem espaço para procriar não tem o mosquito e isso quebra o ciclo da contaminação”, diz Fabiana Lavezo, da Vigilância em Saúde. Veja a entrevista: 

Com o registro de novos casos em humanos, acende uma luz de alerta em Fernandópolis?
Sim, nós tivemos cinco casos de leishmaniose visceral em humanos notificados até agora. Esses registro em Fernandópolis começaram em 2015, quando tivemos o primeiro caso em uma pessoa adulta no Jardim Araguaia, O segundo caso, em 2017, foi em uma criança de um ano na Vila Veneto e também em 2017, foi também em uma criança de um ano no bairro São Francisco. E agora em 2018, nós tivemos dois casos positivos, um em maio e outro em junho, ambos no bairro Vila Nova. Esses dois casos são de adultos. De modo geral foram 3 adultos e duas crianças contaminados, nenhum óbito, graças a Deus, porque nós sabemos que a leishmaniose é uma zoonose muito grave. Existe cura em humanos, desde que iniciado o tratamento a tempo, que é gratuito e é feito pelo Ministério da Saúde. É um alerta: temos casos em humanos, temos casos em cães e temos mosquito palha, que é o transmissor. Então, Fernandópolis é um município com transmissão de leishmaniose em humanos. 
Esses casos em humanos, como chegaram para o atendimento na Saúde?
Eles já apresentavam sintomas. Acho importante observar os sintomas, porque pode confundir com outras doenças e é importante procurar as Unidades Básicas de Saúde quem tiver febre prolongada, aumento do baço, do fígado, a pessoa sente fraqueza, tem perda de peso, perda da força muscular, anemia. As pessoas notificadas chegaram com esses sintomas e a partir daí foi feita a investigação, com o exame para detectar a leishmaniose, que foi confirmado e iniciado o tratamento.
A partir da detecção desses casos, quais são as ações da Saúde?
No caso, é realizada uma panfletagem com os agentes comunitários, agentes de vetores que passam nas residências para orientar as pessoas sobre o que está ocorrendo. É feito um inquérito canino para identificar outros casos em cães e também da prevenção para eliminar o mosquito palha que é o transmissor da doença. E nesse caso, a orientação é para manter os quintais limpos, sem acúmulo de folhas, de restos de alimentos, fezes de animais, entulhos, que são locais favoráveis para proliferação do mosquito palha, inclusive em locais escuros e úmidos. Então isso envolve toda uma questão ambiental, porque temos que combater o mosquito, não apenas o que está voando, mas evitando sua proliferação. Temos que eliminar condições no ambiente que favoreçam para que ele venha se proliferar. É igual ao Aedes aegypti. Nós não temos que eliminar pontos com água parada onde eles procriam? É a mesma coisa o mosquito palha, só que ele gosta de matéria orgânica, de local úmido, escuro. Precisamos orientar e educar a população para manter os quintais limpos. 
No caso do ser humano, feito o tratamento ele está curado da leishmaniose?
Ele está curado. Pode ter recidiva durante o tratamento, por isso ele precisa ser acompanhado durante seis meses. O tratamento que a pessoa recebe é gratuito, fornecido pelo Ministério da Saúde. Em todos os nossos casos em Fernandópolis, os pacientes foram tratados e estão curados. O único em tratamento é o último caso, notificado neste mês de junho. O penúltimo caso, de maio, já foi tratado e agora está em acompanhamento.
O tratamento tem efeito colateral?
Tem efeito colateral. Existem alguns casos que o governo vai disponibilizar o medicamento que é Anfotericina B lipossomal que não tem reações mais intensas no paciente. Em todos os nossos casos o tratamento foi com esse medicamento com menos efeitos colaterais do que os outros também disponibilizados para tratamento. Tem outros medicamentos com efeito colateral maior.
O mosquito é o vilão dessa doença?
Sim, os cães e o ser humano são as vítimas desse mosquito. A única maneira de quebrar esse ciclo de transmissão é combate ao mosquito. Quando você pensa no animal que, embora exista tratamento disponível, a eutanásia ainda é a recomendação, isso é muito dolorido para o dono do animal, para os familiares. São animais de estimação e que são como se fossem membros da família. Não queremos isso, chegar ao ponto de eutanasiar o cão. Melhor a gente agir para eliminar o mosquito. Sem o mosquito não tem transmissão. Essas ações, é o ser humano que tem que fazer. Manter os quintais limpos, evitar criação de galinhas em quintais, porque as fezes atraem o mosquito, assim como as fezes dos próprios cães, que são um prato cheio para esses mosquitos. Frutas em decomposição também atraem os mosquitos, ou seja, material orgânico em decomposição é onde o mosquito palha prolifera. Quando a gente elimina essas condições, quebramos o ciclo de procriação do mosquito da leishmaniose. É manter a higiene do ambiente que moramos. Só assim, vamos conseguir acabar com ele.
Vivemos em alerta por conta de dois mosquitos?
Então, são os mosquitos Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela e o mosquito palha que transmite a leishmaniose para cães e para o ser humano. É tão simples eliminar os criadouros de Aedes e do Palha para evitar todas essas doenças. É cada um com sua responsabilidade, olhar o seu quintal, o bairro onde mora e eliminar as condições para que esses mosquitos possam proliferar.


O QUE É LEISHMANIOSE

A LEISHMANIOSE VISCERAL É UMA DOENÇA INFECCIOSA SISTÊMICA, CARACTERIZADA POR FEBRE DE LONGA DURAÇÃO, AUMENTO DO FÍGADO E BAÇO, PERDA DE PESO, FRAQUEZA, REDUÇÃO DA FORÇA MUSCULAR, ANEMIA E OUTRAS MANIFESTAÇÕES. PESSOAS RESIDENTES EM ÁREAS ONDE OCORREM CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL, AO APRESENTAREM ESSES SINTOMAS, DEVEM PROCURAR O SERVIÇO DE SAÚDE MAIS PRÓXIMO E O QUANTO ANTES, POIS O DIAGNÓSTICO E O TRATAMENTO PRECOCE EVITAM O AGRAVAMENTO DA DOENÇA, QUE PODE SER FATAL SE NÃO FOR TRATADA.
A DOENÇA É TRANSMITIDA AO HOMEM PELA PICADA DE FÊMEAS DO INSETO VETOR INFECTADO. NO AMBIENTE URBANO, OS CÃES SÃO A PRINCIPAL FONTE DE INFECÇÃO PARA O VETOR. A TRANSMISSÃO ACONTECE QUANDO FÊMEAS INFECTADAS PICAM CÃES OU OUTROS ANIMAIS INFECTADOS, E DEPOIS PICAM O HOMEM.