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Mais um adeus do Fefecê na visão do comandante



Mais um adeus do Fefecê na visão do comandante

Com sua primeira eliminação em uma primeira fase no currículo, o treinador Ademílson Venâncio abriu o jogo e contou os motivos da desclassificação precoce do Fefecê na Segundona do Paulista. A equipe empatou no último domingo com o Barretos em 0 a 0, mas ficou de fora da segunda fase já que a Inter de Bebedouro, que precisava derrotar o líder Olímpia por dois gols  de diferença, venceu por 3 a 1 com gol aos 47 minutos do segundo tempo. Venâncio, que jogou em vários clubes paulistas como o Rio Branco (Americana), e Jalesense (Jales) é credenciado junto ao CREF – Conselho Regional de Educação Física, e licenciado para exercer a função de treinador. Ele tem passagens como treinador pelas categorias de base da Ponte Preta onde teve participação na revelação de Luis Fabiano e Denis, atualmente jogadores do São Paulo F.C. No ano passado chegou à quarta fase da Segundona com a Assisense que não passava da primeira fase há 9 anos.

Existe alguma justificativa para eliminação precoce do Fefecê na Segundona 2014 ou um fator preponderante?

O primeiro fator eu julgo ter sido a chave, um grupo muito difícil, considerado o grupo da morte, onde era preciso ter uma atenção muito especial. O segundo foi em relações às contusões. Perdemos jogadores importantes e não pudemos repetir a escalação em quase nenhuma partida. O terceiro, e um dos mais importantes, que eu pude analisar e tirar informações dos últimos anos da trajetória do Fefecê nessa divisão foi a imprensa local, em especial uma das rádios cujo repórter, que possui a mídia na mão, é totalmente despreparado, pois trabalha nesse meio, mora na cidade, mas passa uma parte muito negativa para o torcedor que já vinha para o estádio querendo xingar. Ficamos entre os três primeiros brigando “pau a pau” e em nenhum momento este profissional do rádio elogiou a equipe. Sempre falou mal e passou para a torcida que o time não valia nada. É só analisar que nossa maior dificuldade foi em jogos em casa. E isso vem ocorrendo desde os anos anteriores. É um profissional que não se atualizou e não sabe enxergar um novo sistema de jogo. Parece que não, mas influencia muito essas atitudes do radilista. Fora estes três, tem mais um fator que é um dos piores. Uma pessoa que também é da cidade leva informações nossas para os adversários. Quando ele fica de fora da diretoria ele faz isso para prejudicar. Fica feliz com a derrota do time. Em todos os clubes que passei nunca vi isso.

O que disse aos jogadores no vestiário, após a eliminação?

Depois do jogo todos nós ficamos abatidos, pois acreditávamos muito na classificação. Vimos o Barretos querendo  todo o momento pisar em nosso pescoço, mas entramos com uma equipe aguerrida que ia para cima a todo momento. Aí vimos a Inter marcando o gol aos 47 contra o Olímpia que nos tirou da competição, foi um balde de água fria. Pedi para que levantassem a cabeça, pois foi algo atípico. Tínhamos a classificação na mão, mas são coisas do futebol.

Você pediu para os jogadores buscarem a vitória ou adotou cautela já que o empate poderia dar a classificação? Arrepende da estratégia do jogo diante do Barretos?

Não em arrependo, pois estávamos controlando a partida dentro de um resultado que estava sendo bom para nós (empate com o Barretos e vitória da Inter por apenas um gol de diferença frente ao Olímpia). E o Barretos tinha um prêmio bom para ganhar da gente, e vieram para cima com todas as forças. Mas em nenhum momento pedi para os jogadores cair e fazer cera como os jogadores fizeram no primeiro jogo. Estava tudo dentro do planejado mas a Inter marcou o terceiro gol aos 47 do segundo tempo e venceu o Olímpia o que nos eliminou mesmo com o empate em Barretos.

Acredita que o Olímpia aliviou a barra diante da Inter de Bebedouro? Crê em mala preta?

Foi um resultado muito esquisito que cheirou mal. Segundo comentários o pessoal de lá (do Olímpia) tem bronca daqui de desclassificações anteriores. Creio em mala preta sim. Sabíamos que a Inter poderia jogar 10 vezes contra o Olímpia que não ganharia deles de três gols nunca. Mas o futebol reserva este tipo de situação e não isento a culpa nossa em não ter classificado.

Geralmente o técnico é o mais criticado em eliminações e apontado como principal culpado. Até que ponto a parcela de culpa é sua na eliminação do Fefecê?

A parcela de culpa é minha. Quem escala sou eu e sou responsável pelo o que ocorreu. Não vou me poupar da culpa, mas tivemos uma equipe que lutou até o fim. Jogamos com o que tínhamos a disposição. Brigamos até o fim em um grupo da morte. Tenho experiência nessa divisão e nunca fui eliminado na primeira fase, mas aqui em Fernandópolis me deparei com situações realmente fora do normal. Nosso maior inimigo era jogar em casa.

Rejeitou alguma proposta enquanto esteve em Fernandópolis?

Sim, rejeitei várias. Não só desta divisão, mas de outros estados também. Tive propostas do VOCEM de Assis, de Goiás, no entanto, eu sempre honro com meus compromissos e não sou de fugir dos meus compromissos. Sou homem o suficiente sujeito para cumprir o compromisso que eu tinha com o Zonta (presidente).

Até que ponto uma eliminação já na primeira fase pesa para o currículo de um treinador?

Pesa muito porque ninguém quer sair nessa fase. Essa equipe que tínhamos na mão é bem melhor que a equipe que eu tinha o ano passado (Assisense) no ano passado e que chegou à 4ª fase depois de nove anos sem passar para a segunda fase. Ainda assim já tenho propostas de equipes desta mesma divisão, mas vou analisar primeiro, preciso colocar a cabeça no lugar.

Você foi um dos únicos técnico contratados com cinco meses de antecedência ao início das disputas justamente para que tivesse tempo hábil para participar da montagem do elenco. Ficou satisfeito com o plantel ou a faltou alguma peça pedida por você à diretoria?

Fomos realmente observando os jogadores que já tinham chegado às finais, que realmente conheciam a divisão, mas muitos de orçamento muito alto. E o nosso orçamento deste ano era bem inferior a anos anteriores e procuramos trazer jogadores que conhecessem a divisão e que fizeram boas campanhas no ano passado. Mas a cobrança aqui foi sempre muito grande inclusive tivemos o jogador Tuco que foi embora para ganhar menos, só para não ficar aqui de tamanha pressão. Ele foi considerado o melhor meia esquerda em 2013 mas pediu para sair. Muitos jogadores não estavam a costumados com isso.

Você esteve a frente das categorias de base da Ponte Preta por 10 anos, qual a principal diferença em comandar uma equipe jovem, porém com grande estrutura e uma equipe da 4ª divisão?

A pressão é bem maior na Segundona. Lá você tem toda estrutura para desenvolver seu trabalho e apenas te cobram resultado dentro de campo e a formação de atletas. Aqui é a última divisão. Dali para trás é só amador.

Você teve participação direta na revelação e promoção profissional de Luis Fabiano e do goleiro Denis, reserva de Rogério Ceni, ambos jogadores do São Paulo F.C. Você teve liberdade de utilizar a base do Fefecê? Qual a principal revelação neste curto período de atividades da equipe?

Nós demos a oportunidade para muitos jovens, mas apenas alguns que mostraram mais qualidade que fizeram parte do elenco. Temos o Léo de 17 anos que vamos indicá-lo para times grandes. Marquei uma avaliação na Ponte Preta para o Eduardo de 19 anos e também estamos tentando dar oportunidades para outros jovens.

Seu principal trabalho continua sendo frente à Assisense em 2013?

Eu diria que em Assis foi o principal desafio. Mas tive excelentes campanhas como, por exemplo, em 1999 com o Rádio de Mococa que tinha parceira com a Ponte Preta e chegamos entre os oito nessa divisão que estava começando. Também cheguei às finais com o Paulínia que não subiu por um ponto em 2009.

Se pudesse começar novamente do zero, faria alguma coisa que deixou de fazer?

Se soubesse dessas pessoas que torcem contra o time daqui e essa pressão negativa extra eu teria escolhido melhor e trazido jogadores com mais experiência. Pediria ainda para a diretoria para que trouxessem profissionais da área para nos ajudar na diretoria. Todos os diretores do Fefecê, por mais esforço que tenham, eles tem outras atividades e no futebol você precisa de profissionais responsáveis que possam ficar 24 horas disponíveis para aquela causa. Tem que respirar futebol.

 

Mas creio que o Fefecê dará a volta por cima sairá dessa divisão e estas pessoas mudarão o jeito de pensar para ajudar a equipe da casa. O próprio vizinho (Votuporanguense) mostrou o resultado da união da imprensa e torcedores e espero que isso ocorra aqui também.