Na semana que a Semutran – Secretaria Municipal de Trânsito – iniciou os trabalhos para implantação de “mão única” nas avenidas marginais Litério Grecco e Luiz Brambati, o secretário Ederson José da Silva veio reforçar a importância da medida e lembrou que é uma das maiores mudanças que já coordenou. Disse que na fase de projeto perdeu noites de sono, mas que acredita que a implantação será tranquila. O projeto de mão única nas avenidas marginais esperou oito anos. A ocorrência de um acidente grave contribuiu para que, enfim, o projeto saísse do papel. Havia também um imbróglio com o DER por conta da aprovação de alças de acesso. Não havia acordo: o DER não aprovava as novas alças porque as marginais não tinham mão dupla e a prefeitura não implantava mão única porque o DER não aprovava as alças. Superado o entrave, as marginais estão ganhando, trecho a trecho, a propalada mão única. O secretário de Trânsito Ederson José da Silva aborda todo o cronograma da obra e fala dos desafios pela frente. Veja a entrevista:
Como está sendo conduzido o processo de implantação de mão única nas avenidas marginais?
Desde o começo da administração do prefeito André Pessuto estamos adequando projeto que já existia para chegar a esse ponto de implantação. Na semana passada já começamos a estruturar a Avenida Marginal Litério Grecco com os “pares” que chegam à avenida. E desde terça-feira, 20, iniciamos a sinalização da Marginal, começando a partir da alça de acesso para a rodovia (próximo a Scatena Distribuidora) já chegando na rotatória da Avenida Duque de Caxias (Secol) travando o trânsito para a direita, já que o sentido é leste-oeste (do Shopping para o Ubirajara). Vamos levar gradativamente esse trabalho até a rotatória da Avenida Augusto Cavalin que dá acesso à Avenida Expedicionários Brasileiros. Depois vamos voltar para a Avenida Marginal Luiz Brambati, iniciando da rotatória da Brasilândia até o Terminal Rodoviário de Passageiros. Enquanto a gente for implantando a sinalização da Luiz Brambati, já estaremos em parceria com a Sabesp realizando obras de infraestrutura, incluindo pavimentação, para garantir acessibilidade na região da Avenida Litério Grecco, entre a rotatória e o Shopping Center, nas ruas transversais que ligam a marginal a Avenida Valério Angeluci, que dá acesso ao Condomínio Sol Nascente. Essas conexões vão viabilizar comercialmente e logisticamente aquela região, permitindo que a implantação da mão única no trecho a partir da rotatória da Avenida Augusto Cavalin até a rotatória do trevo da Brasilândia seja implementada. Então a implantação será de forma gradativa e deve ocorrer no prazo de 20 a 30 dias. Levamos em conta nesse processo a questão da segurança e a logística de toda a região afetada com a mudança. Nos trechos já sinalizados, a mão única já está valendo?
Sim, cada trecho sinalizado já está valendo a mudança. É claro, que agora no início vamos ter as pessoas, por hábito, ignorando a mão única e entrando pela contramão. Estamos sinalizando toda a área e os motoristas vão poder perceber a mudança. Por isso pedimos aos moradores dos bairros que acompanham as marginais, para que prestem atenção na sinalização, principalmente neste momento que está sendo implantada gradativamente, e que todos entendam que a mudança está sendo feita privilegiando a segurança de todos.
Secretário pede atenção e consciência
Essa decisão que levou muitos anos, envolveu estudos e até um trabalho político intenso. Como está sendo a repercussão dessa medida desde o momento do anúncio há 15 dias?
A repercussão foi de preocupação, mas positiva. As pessoas buscaram entender o porquê do projeto que é baseado na segurança, tanto que com o setor empresarial estamos buscando parcerias para melhorar a logística de acesso na Avenida Marginal Litério Grecco completando a conexão das vias transversais até a Avenida Valério Angeluci. Foi muito positivo. Decidimos avançar com esse projeto agora, além do aspecto da segurança, tem também a questão das alças de acesso da rodovia para as marginais e vice versa. Estamos pleiteando com o DER já faz um bom tempo e a aprovação dessas novas alças está em fase final e uma das condições para isso é adoção de mão única nas marginais. Vai estimular também as pessoas a buscarem caminhos alternativos e vai ocorrer uma distribuição do tráfego na cidade que já tem 60 mil veículos.
“A repercussão foi de preocupação, mas positiva. As pessoas buscaram entender que o projeto é baseado na segurança”
Com esta questão resolvida com o DER em relação as alças da rodovia para as marginais e vice versa, o que vai mudar?
É bom deixar claro que o DER – Departamento de Estradas de Rodagem – não vai executar nenhuma obra. Ele vai aprovar o projeto que temos lá e ai vamos buscar parceria (Parceria Público Privada) para construção dessas alças. Vamos ter uma nova alça de acesso da rodovia para a Marginal Litério Grecco logo depois do Serata Hotel, permitindo acesso direto ao Shopping e aliviando o trânsito na Avenida Expedicionários, porque estaremos distribuindo o trânsito para bairros como Coester, Jardim Paulista, pela Avenida Getúlio Vargas. A atual alça da rodovia para a marginal que desemboca em frente ao posto será mantida. No mesmo trecho, mas na avenida marginal Luiz Brambati, a partir da agência da Localiza. A alça existente atualmente que dá acesso da marginal para a rodovia será invertida. Ela vai dar acesso para quem vem pela rodovia sentido oeste-leste adentrar a avenida Luiz Brambati. Cerca de 200 metros depois dessa alça, será aberta então a nova alça de acesso da marginal para a rodovia. Com isso evitaremos conflito entre veículo que está saindo e o que está entrando na cidade. Essa mudança de mão única nas marginais será o maior desafio à frente da Secretaria de Trânsito?
É um dos maiores e já perdi o sono quando estava preparando o projeto. Hoje está mais tranquilo. Eu reputo que a maior dificuldade, o maior desafio à frente da Semutran está na questão educacional. Está na capacidade de cada um entender que ninguém tem prioridade sobre ninguém e que é necessário fazer um trânsito mais seguro. A mão única nas marginais abre possibilidade de implantação de semáforos nas rotatórias para controlar os cruzamentos com as avenidas, especialmente a Augusto Cavalin e Duque de Caxias?
Ainda não estudamos essa possibilidade, mas o trânsito está sempre nos levando a buscar alternativas. Primeiro vamos entender como vai funcionar a mão única, como será a migração do trânsito, os gargalos que podem surgir, embora a gente tenha que antecipar algumas situações ainda na fase de projeto. Não descarto essa possibilidade, porém, não existe estudo neste momento.
“O maior desafio é educacional. Está na capacidade de cada um entender que ninguém tem prioridade sobre ninguém”
E na questão da velocidade. Existe possibilidade de radares nas marginais?
Nesse ano, possivelmente não, porque temos a dotação para a Secretaria, temos projetos em andamento e outros que vamos tocar até o final do ano, mas sobre radares não há nada programado. Mas a sinalização de limite de velocidade (50 km/hora) para a via, nós estaremos implantando, tanto a de solo como a aérea. E lembrando também que a marginal mão única vai dar mais eficácia no sistema de vigilância de câmeras de monitoramento do Projeto Sentinela Digital porque teremos fluxo de veículos numa única direção. A mudança de mão de direção de outra avenida da cidade (a Vergniaud Mendes Caetano – antiga 15) era outro grande desafio mas foi superado com tranquilidade, não?
Os números mostram, embora a percepção visual também indique isso. Antes da mudança, naquela rotatória da Expedicionários com a Minas Gerais e avenida 15, nós tínhamos média de 4 a 5 acidentes por mês. Com a inversão da mão de direção da avenida 15, esse número caiu. Em quase cinco meses da implantação, foi registrada apenas uma ocorrência. Isso significa muito quando se fala em segurança no trânsito. E isso dá a certeza da eficácia da medida adotada e que era radical. Além das marginais, qual o próximo projeto a ser colocado em prática?
Estamos na fase final de estudo e de licitação a substituição das placas com nomes de vias nas principais avenidas, centro, Brasilândia e vias coletoras dos principais bairros. Essas placas ainda não conterão o número do CEP. Para a confecção dessas placas vamos trabalhar com um material melhor (ACM) e com uma película refletiva que vai dar uma maior visibilidade à noite para quem procura endereço. Nos bairros, vamos reformar as placas retiradas e instalando onde ainda não temos. Assim que concluir a mão única nas marginais vamos iniciar esse projeto. Também estamos preparando as placas de orientação dos pontos turísticos da cidade e também as placas verdes que já estão sendo reformadas. Acredito que essa parte da sinalização de orientação a gente conclua até o final do ano. No segundo semestre, pretendemos desenvolver um trabalho bem forte na área da educação no trânsito nas escolas.
“Na Avenida Augusto Cavalin, no nosso entendimento, é preciso instalar radar. Não existe outra coisa a fazer, mas é um processo caro”
Excesso de velocidade na Avenida Augusto Cavalin. O que está sendo pensado para resolver esse problema?
No nosso entendimento, é preciso instalar radar. Não existe outra coisa a fazer, mas é um processo caro e que não há recursos para tal. Implantar redutor de velocidade na parte baixa não é viável e não se tem amparo legal para isso. Eu considero a maior dificuldade é trabalhar essa conscientização. Alí (a avenida) é um exemplo dessa dificuldade, a pessoa acha que é pista e que pode correr a 100 km/hora.