Fernandópolis completou nesta semana o ciclo de 40 dias de isolamento social para conter o avanço do coronavírus. A expectativa é de que a partir de 11 de maio a cidade possa iniciar uma flexibilização mais importante, com o governo do Estado liberando estabelecimentos comerciais que ainda estão fechados, como restaurantes, bares e Shopping Center. O comércio de rua, ganhou um refresco na semana anterior com a liberação para venda no sistema drive thru e recebimento de carnês.
O médico infectologista Márcio Gaggini, coordenador do Comitê de Contingenciamento da Covid-19, em entrevista via WhatsApp à Rádio Difusora, fez um balanço positivo do enfrentamento da pandemia em Fernandópolis.
“Graças ao trabalho feito em relação a quarentena, o apoio da população respeitando o isolamento, resultou nesse número baixo de casos. É muito positivo, principalmente porque não temos nenhum caso de óbito”, disse.
Ele explica que a partir da flexibilização do comércio e o fim da quarentena, é esperado aumento de casos de Covid-19 em Fernandópolis. “Mas, foi bom esse tempo que tivemos porque permitiu que a gente preparasse o sistema de saúde da cidade para esse aumento de caso. Hoje na Santa Casa de Fernandópolis, através de parceria com a Prefeitura e Unimed, nós temos uma unidade inteira de internação com leitos para atendimento do coronavírus. As Unidades de Saúde da Família também estão preparadas para atendimento, assim como o Cadip para onde são encaminhados casos suspeitos e que são atendidos no período da tarde. Também a UPA nós temos atendimento para os casos mais graves de síndromes gripais”.
Gaggini alerta ainda para esse momento da saída gradual da quarentena. “Será algo novo que vamos enfrentar e será necessária a conscientização e responsabilidade de todos para evitar aumento considerável de casos e precisamos redobrar os cuidados”.
Médico diz que saída gradual da quarentena exige responsabilidade de todos
SUBNOTIFICAÇÃO
Na opinião do médico, um dos problemas que ocorrem no Brasil em relação a pandemia é a subnotificação. “Com certeza estamos tendo subnotificação de casos e isso se dá porque não podemos solicitar exames laboratoriais para todos os pacientes que apresentam síndrome gripal leve ou assintomáticos. Acredito que por volta de 80% dos casos que são assintomáticos, que não realizamos esses exames”, diz.
A testagem em massa seria muito importante, aponta Gaggini, “porque permitiria saber a real situação da cidade e do país. Seria uma estratégia interessante, mas infelizmente não temos capacidade e a quantidade de exames para fazer a testagem em massa, isolar o paciente que está positivo, ou com sintoma da doença ou que está assintomático, sem sintoma nenhum”.
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO
A pandemia do coronavírus, segundo Gaggini, veio para impor uma mudança de comportamento de todos, principalmente na questão de lavar as mãos, do uso de máscaras.
“Então não é porque temos poucos casos até o momento e nenhum óbito que a gente não possa ter no futuro se tivermos um relaxamento em relação a esses cuidados que são importantíssimos. O principal, que temos que levar como lição em relação a essa pandemia que estamos vivendo, são as mudanças de nossos hábitos para diminuir o risco de termos um aumento importante de casos, de óbitos, que não queremos que aconteça em nossa cidade”, alertou, lembrando ainda que a segurança em relação a essa doença só virá quando chegar a vacina que seja eficaz para esse vírus. “Até lá temos que ter esses cuidados para uma segurança maior da população”.