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Menos jovens tiram carteira de habilitação em Fernandópolis



Menos jovens tiram carteira de habilitação em Fernandópolis

Enquanto o número de idosos acima de 60 anos com CNH – Carteira Nacional de Habilitação – aumentou 43% entre 2015 e 2021, o de jovens entre 18 e 30 vem caindo, ou seja, o sonho em tirar sua carteira de motorista vem sendo adiado ou mesmo deixado de lado nos últimos anos por uma parcela significativa de pessoas nesta faixa etária. Nesta conta entra também a redução do tamanho das famílias. 
Dados divulgados pelo Detran SP mostram que houve uma redução de 11.188 pessoas habilitadas nessa faixa etária em junho de 2015 para 10.422 no mesmo período deste ano em Fernandópolis, uma queda de 6.8%, que é menor do que a registrada em São Paulo que foi de 10,5%.
No Estado de São Paulo houve uma queda de 4.872 milhões de pessoas habilitadas nessa faixa etária em 2015 para 4.356 milhões no mesmo período deste ano no Estado de São Paulo, uma diminuição de 10,5%.
“Fatores culturais e econômicos influenciam o perfil dos motoristas com o passar dos anos. Hoje temos uma geração que se preocupa mais com a questão ambiental e a facilidade oferecida pelos aplicativos de transporte. Os jovens hoje têm outras expectativas. Essa discussão sobre mudanças dos modais é mundial”, ressalta Neto Mascellani, diretor-presidente do Detran.SP. 
André Correia, coordenador nacional de fiscalização de trânsito da Iniciativa Bloomberg, acredita que nos municípios grandes e médios do interior paulista os fatores que influenciam o menor interesse dos jovens em dirigir são semelhantes aos das capitais. “Mas cada uma dessas cidades possui características econômicas e sociais próprias, que em alguns casos pode aumentar esses percentuais”, afirma Correia.
De acordo com especialistas, fatores culturais, econômicos e sociais explicariam esse declínio do interesse dos jovens por possuírem sua habilitação e a optarem muitas vezes pelo uso de aplicativos, do transporte coletivo, ou mesmo de outros veículos, como a bicicleta.
José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho (Abramet), afirma que alterações culturais e comportamentais tiraram do automóvel o apelo que o tornou objeto do desejo de várias gerações de jovens que chegavam na idade em que podiam se habilitar como motorista. Segundo ele, o conceito que os jovens têm hoje do transporte leva mais em conta a questão da mobilidade, muitas vezes privilegiando outros modais mais saudáveis, como a bicicleta e mesmo o pedestrianismo.
“Muitos optam por aplicativos de uso temporário. Mudou também a representação social sobre veículos, vistos como essenciais pelos mais velhos, acostumados a enxergar no carro um símbolo de independência, conquistas e poder”, explica Márcia Menezes, diretora-executiva da Federação Nacional das Cooperativas de Trabalho dos Médicos e Psicólogos Peritos de Trânsito, que acrescenta entre os vários fatores explicam o interesse decrescente dos jovens em se habilitar, entre eles se destaca o preço do carro e os custos para sua manutenção. 
Outro fator que pode influir na decisão de adiar a CNH é custo da habilitação que em Fernandópolis pode chegar a R$ 2,8 mil. Os preços variam de empresa para empresa. De acordo com o Detran, com base em dados do Sindicato das Auto Moto Escolas e Centros de Formação de Condutores do Estado, a variação entre o menor e maior preço pode chegar a R$ 800.