Em 2022 a Missão Univida – Universitários em Defesa da Vida, completou uma década de atuação na Reserva Indígena de Dourados, no estado de Mato Grosso do Sul, com a recente viagem do grupo, que foi realizada entre os dias 8 e 14 de janeiro. Segundo o missionário e líder do grupo, Padre Eduardo Lima, a principal objetivo das missões é promover a aproximação dos que pretendem ser abrigo daqueles que são esquecidos, invisíveis, despojados, visando nesse processo, o desenvolvimento da empatia, na busca por uma humanidade compartilhada.
Com um grupo com cerca de 130 voluntários, entre eles médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas, psicólogos e universitários, o grupo da região viajou para a cidade de Dourados, no estado de Mato Grosso do Sul, onde existe uma reserva indígena com aproximadamente 18 mil habitantes. “Em função da pandemia, as missões foram suspensas e só reintegradas as atividades da Univida com responsabilidade perante aos indígenas e as devidas precauções, como a exigência de vacinação e testes para os missionários”, destacou o líder.
Um movimento criado pelos voluntários arrecadou 40 toneladas, entre roupas, alimentos, brinquedos, medicamentos que, circunstancialmente, suprimiram as necessidades mais urgentes da população da Reserva Indígena de Dourados, aldeias vizinhas e assentamentos. “Durante a missão conseguimos impactar diretamente cerca de 5 mil indígenas proporcionando atendimento médico, psicológico, carinho, atenção e também efetuamos a entrega dos donativos de necessidades básicas arrecadados com ajuda dos voluntários”, destaca Eduardo.
Sobre a relação entre os voluntários da Univida e os indígenas da região de Dourados, o padre destaca a existência de um vínculo de respeito mútuo. “Muito além de esperar pelos donativos, esses homens, mulheres e crianças, esperam também pelo grupo de humanitários, que acreditam na igualdade para todas as pessoas. Nossos irmãos aguardam pela atenção, acolhimento, resolutividade, pela chance do falarem e serem ouvidos e aceitos, pela oportunidade de compartilhar crenças, tradições, histórias de toda sorte. E também pelas consultas, tratamentos, cuidados”.
Segundo Eduardo, a 10ª Missão Univida foi a missão do reencontro. “Cada missão apresenta particularidades que a difere das demais. Com a pandemia de Covid-19, muitas das vulnerabilidades sociais foram ainda mais agravadas e ficaram mais evidentes, sendo a pobreza e doença potencializadas no território indígena em Dourados. Que toda a vivência permitida durante a 10ª missão possa atingir o principal objetivo da Univida, a exteriorização da humanidade que há em nós e que precisa ser cotidianamente revelada”, finaliza.
“Chorei muito ao ver a fome tão de perto”
A enfermeira Ana Beatriz de Almeida Barros Barbosa participou pela primeira vez da missão e disse que o que mais chamou sua atenção foi a vulnerabilidade e a precariedade de recursos na saúde, alimentação, moradia, emprego e no acesso a direitos básicos. “No primeiro dia minha reação foi de desesperança total e ausência de fé. Chorei muito ao ver a fome tão de perto e sentir incapaz. O que mais me impressionou foi ver que eles precisam e querem além do que o atendimento profissional em si. Eles querem e precisam ser vistos, acolhidos, escutados e ALIMENTADOS. O povo indígena merece e carece de atenção!!”, conta emocionada.
Ana revela que a experiência a fez observar aquela realidade tão dura e repensar sua vida. “É olhar aquela realidade tão diferente da nossa e ser grata por tudo que temos, desde um lar, comida, acesso à educação e saúde, pois, por mais que tenhamos dificuldades em nossa cidade, ainda somos privilegiados”, completa a enfermeira.