O Ministério Público Federal em São Paulo recorrerá da decisão do juiz
Ronald de Carvalho Filho que proíbe a aterrissagem de aeronaves Fokker
100 e Boeings 737-700 e 737-800 na pista principal do aeroporto de
Congonhas, em São Paulo, a partir de 8 de fevereiro. Para o MPF, a
interdição da pista principal do aeroporto e sua imediata reforma é a
única garantia para a segurança de passageiros, tripulantes e
moradores da região.
Para o MPF, a reforma da pista principal e o reagendamento dos vôos
para os aeroportos de Cumbica (Guarulhos) e Viracopos (Campinas) ainda é
a melhor solução possível para minimizar o desconforto dos consumidores,
que constantemente têm seus vôos adiados em virtude das chuvas na
cidade, apontada como o motivo para sucessivas interrupções de pousos e
decolagens na pista.
``O que é melhor? Descer em Congonhas sem saber a hora ou descer em
Cumbica com horário pré-programado? , questiona a procuradora da
República Fernanda Taubemblatt, uma das autoras da Ação Civil Pública na
qual foi pedida a interdição da pista principal. Para o MPF, a reforma
deve começar pela pista principal, não pela auxiliar e o mais
rapidamente possível, e não somente depois do Carnaval, como anunciado
pela Infraero.
O MPF lembra que a decisão de Carvalho Filho não atinge, por exemplo, o
Boeing 737-300. Este aparelho derrapou no último dia 6 de outubro de
2006_ um dos quatro incidentes ocorridos nos últimos 11 meses.
``A decisão atual de se interditar a pista em caso de chuvas sujeita a
aviação civil do país às incertas condições do clima de São Paulo,
causando atrasos em cascata e incertezas aos usuários quanto ao
cumprimento dos horários pelas empresas , afirmou o procurador da
República Marcio Schusterschitz, co-autor da ação.
Os procuradores entendem que deixar a segurança do aeroporto para o
controle caso a caso das condições de chuva em um momento de pressão
sobre o sistema de aviação civil no País aumenta os riscos de falha
humana ou técnica e não é a melhor medida de segurança a ser tomada.
Em 28 de dezembro passado foi determinado que a pista deverá ser
interditada em condições de chuva. Quem define o momento da interdição é
o Serviço Regional de Proteção ao Vôo (SRPV-SP). Porém, mesmo após a
adoção dessa medida, uma derrapagem aconteceu no último dia 17 de
janeiro, após o piloto de um Boeing da Varig realizar uma freada busca
para evitar um alagamento no meio da pista principal de Congonhas.
Para o MPF, outro ponto que afeta a segurança foi a recente reforma no
aeroporto. Os fingers, apesar de trazerem mais conforto aos passageiros,
foram aproximados da pista, aumentando a necessidade de uma reforma,
pois uma derrapagem pode atingi-los.
No recurso, o MPF insistirá também na proibição das operações do
aeroporto de Congonhas após as 23h.
SAIBA MAIS SOBRE A HISTÓRIA DO AEROPORTO INTERNACIONAL DE CONGONHAS
Em 1.935, o único aeroporto de São Paulo, que apresentava certa infra-estrutura, era o Campo de Marte. Havia alguns hangares, oficinas e um barracão de madeira onde se processava o embarque de passageiros e carga aérea.
Nesta mesma época, uma empresa privada, a Auto-Estradas S.A. adquiriu um terreno situado entre o Ibirapuera e a represa de Santo Amaro, para comercializar seus lotes em prestações. A empresa usou como argumento o projeto de uma via pavimentada, que facilitaria o transporte entre o bairro Vila Congonhas e o centro da cidade. Para incrementar o negócio, a Auto-Estradas iniciou uma campanha para a construção de um novo aeroporto para São Paulo. Eles alegavam que o Campo de Marte não oferecia condições ideais para pousos e decolagens, já que vivia com problemas de inundações e nevoeiros.
Em 1.936, a Auto-Estradas entregou ao governo do estado, uma proposta preliminar para a construção do Campo de Congonhas. A resposta demorou um ano. Finalmente, no dia 18 de março de 1.937, foi assinado o contrato para que a Auto-Estradas executasse as obras. O governo pagaria cerca de 4 mil réis por cada metro quadrado.
A primeira empresa aérea que pousou em Congonhas foi a VASP, Viação Aérea São Paulo. Mais tarde, vieram também, a Aerolloyd Iguassu, Syndicato Condor, entre muitas outras.
Das quatro pistas projetadas, apenas duas foram construídas. O corpo central da estação de passageiros foi entregue em 1.953 e, o Pavilhão de Autoridades, em 54. Dos 880 mil metros quadrados, o governo conseguiu mais 720 mil através de desapropriações. O aeroporto não parou mais de crescer. Dos Junker-52, Congonhas recebeu aeronaves cada vez maiores e mais modernas chegando aos wide-bodies Boeing 767 e Airbus A300.
No início da década de 80, o Aeroporto de Congonhas atingiu seu limite de operações. São Paulo, então, ganharia em 1.985, um novo aeroporto para vôos domésticos e internacionais, construído junto à base aérea de Cumbica. Congonhas ficou "às moscas", apenas com vôos regionais e da Ponte Aérea São Paulo - Rio de Janeiro.
Já na década de 90, o Departamento de Aviação Civil, o DAC, autorizou a TAM Linha Aérea Regional a operar o jato Fokker 100 nos chamados VDC - Vôos Diretos ao Centro. Até então, o usuário de Congonhas havia se acostumado a utilizar apenas os turboélices F-27, Electra, Bandeirante e Brasília. Depois da TAM, a Rio Sul entrou com o Boeing 737-500, e a Ponte Aérea, com os Boeing 737-300. O jato voltava a Congonhas. Hoje, a frota à reação das regionais é bem representativa. Os pequenos turboélices, como os Fokker 50, também deverão ser substituídos em breve pelos jatos regionais Emb 145 e o Canadair RJ.
Hoje, Congonhas trabalha sob a administração da estatal Infraero, Empresa de Infra-Estrutura Aeroportuária e que coordena, junto ao Serviço Regional de Proteção ao Vôo, um dos mais movimentados aeroportos da América Latina, somando-se aviões de empresas aéreas e da Aviação Geral.