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Nova Fernandópolis: um fragmento de história



Nova Fernandópolis: um fragmento de história
Nem todo mundo já ouviu falar da vila Nova Fernandópolis. Era um sonho antigo de Chiquinho Leão, o agrimensor que traçou, cortou e definiu as primeiras ruas de Fernandópolis.

No início da década de 60, Francisco Leão, Pedro Navarro e Gabriel Navarro adquiriram uma grande quantidade de terras na região de Barra do Bugres, próximo ao Rio Sepetuba, no estado do Mato Grosso, batizando a área com o nome de “Fazenda Nova Fernandópolis”. Alguns anos depois, escolheram o centro das terras para fundar a vila, dando-lhe o mesmo nome da fazenda.

Chiquinho Leão não teve dúvidas quanto ao nome. Fernandópolis era a cidade de sua vida e queria que a vila tivesse o mesmo sucesso. Lá, também traçou as primeiras vias públicas e convidou pessoas de Fernandópolis e das cidades circunvizinhas para fixar residência.

No início, apenas a pecuária movimentava a economia do vilarejo, mas logo Francisco Leão plantou seringueiras na região. Dez anos depois de sua fundação, Sérgio e Ginoefa Santilio, juntamente com Antonio Santilio, pai de Sérgio, saíram de Fernandópolis e fundaram uma serraria para fazer o desdobramento de madeira. Atualmente a vila tem uma fábrica de palmito, porém, o forte da economia é a cana-de-açúcar.

Fabrício Santilio, filho de Ginoefa e Sérgio, neto de Antonio, cresceu em Nova Fernandópolis.

“Cresci brincando no pátio da serraria, no maquinário, em cima das toras, fabricando meus próprios brinquedos. Como a vila fica a 60 Km de Barra do Bugres e a estrada é de terra, meus irmãos e eu íamos todos os dias com minha mãe à Barra para estudar. Com o tempo vieram as vans e ônibus de má conservação da prefeitura; na época de poeira chegávamos imundos à escola, e na época de chuva o ônibus atolava e acabávamos chegando em casa bem de noite. Almoçava antes das 10h para pegar o ônibus, isso quando eu não tinha que pegar o trator da serraria para dar tranco no ônibus e fazer ele pegar. Chegava lá pela 19h30 quando a estrada estava boa”, conta.
Essas dificuldades não o impediram de se divertir na vila. Ele o irmão Hugo montaram um som automotivo na caminhonete D20 de seu pai para divertir os moradores.

Ao concluir o ensino médio, Fabrício veio para Fernandópolis fazer cursinho preparatório para o vestibular durante dois anos. Atualmente mora em Cuiabá, onde estuda Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Mato Grosso. Ele vai à vila em média uma vez por mês e visita Fernandópolis uma vez a cada dois anos. Depende de quando consegue alguns dias de descanso, já que seu curso é integral e Fabrício faz parte do PIBIC, um projeto de iniciação cientifica na área de qualidade de energia.

Em Nova Fernandópolis não há muitas opções para o lazer. As pessoas se reúnem para fazer churrasco, freqüentam os bares da comunidade, participam das festas promovidas pela igreja e pela escola. Aproveitam a região também para caçar e pescar.

Fabrício diz que falta incentivo: “Acho que falta mais área e incentivo para o lazer. Melhoria no meio de transporte para a cidade e nos meios de comunicação. Água tratada de qualidade e esgoto para os moradores. Uma das coisas que mais se sente falta na vila, é uma ambulância para socorrer as pessoas necessitadas”.

Nova Fernandópolis tem aproximadamente 80 famílias permanentes, totalizando cerca de 320 habitantes. Mas durante oito meses do ano, isto é, de abril a novembro, o número varia de 320 a 500 habitantes, devido às famílias nordestinas que vêm para trabalhar no corte da cana.
Há também uma única escola que recebeu o nome da esposa de Francisco Leão, a “Escola Municipal Raimunda Arnaldo de Almeida Leão”, a fernandopolense que batalhou junto com seu marido para o desenvolvimento da vila.