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O Luxo do Lixo



O Luxo do Lixo
A Associação de Catadores de Recicláveis de Fernandópolis (ACARF) está há seis anos em atividade, apesar dos problemas que enfrentou.

Rosa Maria Gonçalves de Oliveira ajudou a fundar o projeto Luxo do Lixo juntamente com o ex-vereador Padre Mário em 2001 e está até hoje coordenando e o mantendo ativo.
A associação tem nove pessoas trabalhando - entre elas, apenas dois homens. O restante da equipe é composto por mulheres que dependem desse trabalho para sustentar a família. Eles trabalham de segunda-feira a sábado coletando o material, classificando-o, prensando e vendendo para indústrias da região: Votuporanga, São José do Rio Preto e também para uma indústria local.

Já tiveram 21 pessoas trabalhando, mas os furtos freqüentes de fios de cobre, de lixo e de utensílios fizeram com que alguns desanimassem, já que os esforços eram grandes e a ação dos ladrões trouxe prejuízos da ordem de R$ 4 mil, uma dívida que restou para a ACARF.

Para piorar a situação, o que era uma ação solidária tornou-se um problema ainda maior. Segundo Rosa Maria, um deficiente mental que vivia nas ruas próximas ao barracão sensibilizou os catadores de lixo, que acabaram construindo no barracão um cômodo para que ele morasse. Porém, aliciado por cinco meninas menores de idade, ele as deixava entrar na casa e elas roubavam panelas, dinheiro e comida.

Preocupada com a situação, Rosa Maria chamou o conselho tutelar e o conselho do idoso para tomar conhecimento e providências quanto à situação. As medidas foram tomadas e como forma de vingança, uma das meninas, de 13 anos, ateou fogo no barracão. A ACARF perdeu tudo: o prédio e o material que ia ser vendido.

Com o apoio da Prefeitura Municipal, conseguiram um novo espaço e recomeçaram o trabalho. Todos recebem um salário mínimo e quando o lucro é maior, o dinheiro é investido em cestas básicas e para reforçar o café da manhã que é servido todos os dias.

O novo barracão, que tem cerca de 700 m², também foi furtado algumas vezes. Na última, levaram todas as panelas. Por isso, o almoço que era servido também foi suspenso. “Agora cada um traz sua marmita de casa e esquenta aqui”, diz dona Rosa, pesarosa e com receio de conseguir novas panelas e também serem roubadas.

Além do trabalho ambiental, é feita uma ação social. Os catadores de lixo têm renda fixa e não precisam mais pedir ajuda para a compra de remédios, alimentos e roupas. Há também um projeto de inclusão social com jovens sentenciados em liberdade condicional ou assistida. Eles trabalham com a ACARF e ganham o mesmo que qualquer outro trabalhador. “Aqui todos ganham igualmente, independente da época que começou. Os jovens que já passaram por aqui desistiram no primeiro mês, outros até no mesmo dia. Agora temos um que está conosco há um ano. Isso é a maior prova de que quer voltar à sociedade de forma digna. Eu o admiro muito por isso”, explica Rosa Maria.

Ainda não são todas as residências e empresas que contribuem com a ACARF e com o meio ambiente. Pela quantidade de lixo produzido em Fernandópolis - 1500 toneladas ao mês - apenas cerca de 26 mil quilos de lixo reciclável ao mês são coletados pela associação.

Quem quiser contribuir com a ACARF pode entrar em contato pelo número (17) 3463-4606 ou ir até o barracão que fica na Avenida Armando Fernandes, nº 252 no Parque Industrial II.