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“O nosso foco é na humanização”, diz novo secretário da Saúde



“O nosso foco é na humanização”, diz novo secretário da Saúde

O novo secretário de Saúde tomou posse no cargo há cerca de 20 dias e já definiu o foco principal de sua gestão: humanização do atendimento na rede de saúde pública. Ivan Pedro Martins Veronesi é formado em administração de empresas, tendo atuado por 25 anos no ramo de farmácia. Seu pai, Ivanir Veronesi, foi um dos primeiros farmacêuticos da cidade e empresta seu nome para a Farmácia Municipal, um dos segmentos que compõe a estrutura da rede de saúde municipal que está sob sua responsabilidade de gestão. Veronesi vem da iniciativa privada, onde o atendimento é fundamental para o sucesso do negócio. Foi presidente da Acif -Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis -, presidente do Sincomércio – Sindicato do Comércio Varejista – onde se mantém na diretoria. Com 22 unidades sob o guarda-chuva da Secretaria Municipal de Saúde, incluindo UBSs, UPA, Farmácia Municipal e Samu, a gestão dessa complexa rede de atendimento à população é o desafio do novo secretário, como relata nesta entrevista ao CIDADÃO. Veja: 

Você vem da iniciativa privada e assume uma pasta que é muita complexa. Qual avaliação já pôde ser feita?
De fato, é bem complexa. A gente vem de um outro ramo de atividade e o nosso objetivo é mais colaborar com o município, uma vez que nunca havia participado de nenhum cargo político, cargo público. A gente vem da iniciativa privada, mas é um desafio na minha vida. Estamos lá mais como gestor, temos uma equipe técnica muito competente, estamos bem assessorados e com apoio do prefeito André Pessuto e demais secretários. É um trabalho árduo.
Quando o prefeito te convidou para a pasta, qual foi o argumento que ele usou para convence-lo a aceitar o desafio?
O prefeito me deixou bem livre para fazer tudo o que for preciso para melhorias na saúde do nosso município. Temos uma saúde que não é perfeita, sempre tem falhas e isso ocorre em todos os lugares. O nosso foco é na humanização e é isso que estamos passando para os funcionários da área da saúde. O que me cativou no convite foi desafio. Muita gente veio me dizer que é um trabalho pesado, mas tenho uma equipe técnica muito boa ao meu lado. Problemas vamos ter todos os dias, coisa que você nem espera e acontece. O que vamos fazer é resolver o mais rápido, não deixar a nossa população esperando. Temos que usar a ferramenta disponível para o pronto atendimento. 
Você assume a secretaria, mais ou menos no olho de um furacão na saúde em Fernandópolis, com a Operação Vagatomia na Universidade Brasil, com quem a Saúde local tem uma interação grande e a Operação Hígia na Santa Casa. Como encara a situação? É momento de apagar incêndios?
Eu vou fazer o meu trabalho. Não sei detalhes do que aconteceu e o que está acontecendo. Acho que isso é papel do Judiciário, não cabe ao secretário de Saúde dar uma opinião neste sentido. A gente fica triste pelos acontecimentos, mas a Secretaria de Saúde não pode parar. Vamos fazer tudo o que for legal e necessário para dar a população um bom atendimento. 
Sobre dar continuidade a bons trabalhos que vinham sendo feito na Saúde, um deles o que reduziu a fila das especialidades e exames mais complexos. Mas, ainda falta muito. Como resolver essa espera numa área tão sensível?
Existe realmente uma fila, mas não é uma coisa local. Isso ocorre em nível de estado e existe um déficit no atendimento que gera essa espera. Isso foi uma das coisas que o prefeito pediu para que continue esse trabalho que vinha sendo feito pelo Flávio Ferreira para diminuição de filas. Veja que praticamente zerou a fila de oftalmologia. Fizemos uma parceria com outra empresa para zerar a fila de mais de 100 pessoas de espirometria (exame que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira). Estamos com outra parceria com Hospital de Base de Rio Preto, para acompanhamento sobre hipertensão e diabetes, para um trabalho mais forte na prevenção. Temos muito trabalho pela frente, muita fila para diminuir. Já participamos de reunião em São Paulo e solicitamos a readequação de todas as vagas disponibilizadas para Fernandópolis para exames de média e alta complexidade. Nossa população não pode ficar desassistida. Estamos visitando todas as Unidades de Saúde do Município para conhecer cada realidade. O que temos notado é que são situações pontuais, mas que não dá para resolver do dia pra noite. É um trabalho árduo.  

Venho da iniciativa privada e nunca havia ocupado  cargo político. É um desafio na minha vida

No caso da UPA, uma das questões recorrentes e que gera muito debate nas redes sociais, é a demora no atendimento, desde a triagem, consulta, exames e o procedimento médico adequado. A UPA é o gargalo da saúde municipal?
É o gargalo. Temos bons profissionais na UPA e no final de semana, como as Unidades dos bairros não funcionam, todos recorrem a UPA. Só para se ter uma ideia, num único dia no final de semana, tivemos mais de 170 atendimentos. Temos dois médicos, mais enfermeiros, técnicos e uma equipe de apoio. Precisamos sensibilizar a própria DRS Rio Preto (Diretoria Regional de Saúde), o governo, para aumentar a demanda do prestador de serviço. Conseguir pelo menos mais um médico, seria o ideal.
Inicialmente o problema na UPA era o raio-X que foi resolvido com a contratação de uma empresa que atua dentro da Unidade. Agora, a questão é de exames clínicos que precisam ser levados para o laboratório da Santa Casa e isso demora. Tem como resolver?
Um dos sonhos e objetivo nosso e do prefeito é ter um laboratório dentro da UPA. Isso já está em andamento. Temos atendido esses exames de urgência e emergência em até duas horas, um exame de urina, conforme o protocolo, em até quatro horas. É claro, que quem está sendo atendido fica agoniado. Mas, pedimos a paciência da população neste sentido. Não é a demora porque o exame vai para Santa Casa, mas é um procedimento que a gente tem que cumprir. Se conseguirmos um laboratório dentro da UPA, é claro que vai agilizar, sem necessidade de deslocar um profissional para levar o exame até a Santa Casa, ficar nesse vai e vem. Já avançamos também na interlocução entre UPA, Samu e Santa Casa. Hoje está tudo automatizado e isso direciona melhor o serviço de atendimento. 
Sobre a humanização, que falou no início da entrevista, o que, de fato, pode ser feito nessa área em favor da população?
Quem procura por um atendimento médico, sabemos, já está enfrentando um desgaste emocional. Venho da iniciativa privada, onde, se uma pessoa entrar no meu estabelecimento e não for bem atendida, não vou vender. Como a prefeitura não vende, ela tem, ao menos, que atender bem a pessoa que chega ao sistema num momento muito triste, ou está levando um filho, ou ente querido. Isso passa pela humanização, por treinamentos do pessoal.

Muita gente veio me dizer que é um trabalho pesado, mas tenho uma equipe técnica muito boa ao meu lado

A Farmácia Municipal, que leva o nome do seu pai, tem suprido a necessidade da população?
A falta de medicamentos que existe hoje é por falta da matéria prima, para a fabricação. Esse desequilíbrio, por conta da alta do dólar, já ajustou. Hoje o estoque está bem controlado. Não podemos deixar faltar medicamentos básicos. 
Até que ponto a judicialização da saúde tem afetado o atendimento?
Temos casos que já estão sendo cumpridos. Isso representa um custo alto para o município e não é que o município não quer fazer, é que foge do orçamento. Tem casos, que num primeiro momento o município atende, mas depois o Estado assume o atendimento.
Na gestão da saúde você tem que olhar o todo e o quem busca o serviço quer a solução para o seu problema individual. Como atuar nesse conflito?
De fato, como município, temos que olhar o todo, mas há casos pontuais que exigem uma atuação diferenciada. A saúde hoje no município tem pontos de excelência, mas vamos lutar sempre para melhorar. Temos o apoio do prefeito André Pessuto, do vice-prefeito Gustavo, do deputado federal Fausto Pinato que tem trabalhado para melhorar o sistema. 
Na questão da frota, a Saúde está bem atendida hoje?
Sim, é claro que temos problema de manutenção. Não é todo dia que temos toda a frota a disposição. Esse é outro setor bem complexo na Saúde. Hoje levamos pacientes para Cardoso, Jales, Rio Preto, Votuporanga, Barretos e até outras localidades. Hoje temos ambulâncias novas, ônibus novos. Estamos com três unidades novas do Samu entrando em operação. 


Quem procura por um atendimento médico, já enfrenta um desgaste emocional. Tem que ser bem atendido


No ano passado, Fernandópolis enfrentou uma grave epidemia de dengue, com 4,6 mil casos notificados e este ano, temos epidemia nas vizinhas Votuporanga e Estrela d´Oeste. O que está sendo feito?
Quero pedir encarecidamente à nossa população. Hoje nós já temos cerca de 100 casos positivos de dengue na cidade e mais de 250 aguardando exame. Comparado com a região, podemos dizer que estamos no céu, mas não podemos descuidar e para isso precisamos do apoio da população, para que cada munícipe faça a sua parte. Temos uma equipe muito boa de agentes de saúde que visitam diariamente as residências, com orientação. Nessa luta precisamos da ajuda da população. Se a gente cuidar do nosso quintal, a gente vai conseguir passar esse ano com um índice baixo de casos. Mas, temos que ficar preocupados, porque os municípios vizinhos estão com epidemia. Temos que continuar atuando pela prevenção.