Geral

O polivalente Amauri fala da Unicastelo



O polivalente Amauri fala da Unicastelo
O dia de Amauri Piratininga Silva deveria ter 30 horas. Coordenador geral do Campus VII da Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), diretor de serviço da 1ª Vara da Comarca de Fernandópolis, professor de Direito, ancião da igreja Congregação Cristã do Brasil, ele ainda encontra tempo para ser um cidadão participativo e bem informado. Hoje, uma data especial – 07/07/07 – Amauri completa 40 anos de idade. Certamente sua mulher, Ana Luiza, e as filhas Anne Caroline, Annelise e Anne Gabriele não terão muito tempo para comemorar o aniversário ao lado dele: Amauri tem sempre algum trabalho a fazer. Na última quinta-feira, ele concedeu esta entrevista a CIDADÃO, em que demonstrou, ao mesmo tempo, otimismo e preocupação com os destinos de Fernandópolis.


CIDADÃO: Qual é a avaliação que a Unicastelo faz dos resultados do vestibular de inverno?
AMAURI: Antes de falar do processo seletivo de inverno, queria dizer que em 2005 nós tínhamos um determinado cenário na Unicastelo com a mantenedora anterior, e a partir de 2006 o quadro mudou. Com a vinda dos novos mantenedores da instituição, foi imprimida uma nova imagem da Associação Itaquerense de Ensino, recuperando seus créditos, a confiança dos corpos docente e discente e recuperando a imagem da universidade também na região de Fernandópolis, nas outras regiões e até perante o MEC. Inúmeras dificuldades foram enfrentadas – em 2005, havia 1300 alunos, e agora saltamos para 2400 alunos novos no campus de Fernandópolis. É um crescimento de 25% a 30% em todos os cursos. Além disso, houve a abertura de novos cursos, como Odontologia, Tecnologia do Agronegócio, Tecnologia de Vestuário, Gestão Empresarial e Produção Industrial. Temos bons resultados, são números reais, e isso nos traz ânimo para continuar o trabalho em Fernandópolis e junto a todas as cidades da região.

CIDADÃO: Como está o processo de reconhecimento do curso de Medicina?
AMAURI: A partir do “decreto-ponte” que criou novas diretrizes para o reconhecimento de cursos superiores, e também um decreto que fixou novas diretrizes para renovação e reconhecimento de cursos de ensino superior, inclusive a exigência de documentos como certidões negativas de débitos e outros, a Unicastelo iniciou um trabalho de resgate de qualidade e credibilidade. Eu diria que a universidade estava no “roxo”; a partir do advento dos novos mantenedores, veio para o “vermelho”, depois para o “amarelo” e agora, conseguiu entrar em mar aberto para voltar a navegar. Era um elefante que estava adormecido, e que precisava de uma injeção de gestão. Com base nesse decreto-ponte e nos regramentos que ele trouxe, tivemos os cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Direito, todos os cursos do campus de Fernandópolis reconhecidos. E, com esse novo decreto-ponte, acabou o reconhecimento “ad-eternum”; agora, o reconhecimento vale por quatro, cinco anos. Os cursos já reconhecidos estão passando por renovação de reconhecimento. Em maio, o processo foi concluído em relação a Engenharia Civil, estiveram aqui duas especialistas do Rio de Janeiro, “ad-hoc” do INEP, e o reconhecimento foi renovado com a nota 4, quando a máxima é 5. Numa instituição privada, um 4 é uma boa nota. Essa nota se repetiu na Medicina Veterinária de Descalvado, onde a Agronomia obteve nota 5. Agora passam pelo processo, em Fernandópolis, a Fisioterapia, a Agronomia e a Medicina Veterinária. De 15 a 29 de agosto, haverá a visita dos encarregados. Com relação ao curso de Medicina, há um núcleo estruturante com doze professores, mais os coordenadores, e dois consultores na área de educação do ensino superior, notadamente na área de Medicina. Estamos reformulando todos os projetos, preparando os documentos, o Internato começará no dia 30 deste mês, na Santa Casa e na UBS, tudo com base legal – na Santa Casa, através de um contrato que assinamos com o provedor Junior Sequini, que abriu as portas do hospital para a Unicastelo. Aliás, a universidade já investiu R$ 350 mil para a reforma da unidade básica e mais R$ 280 mil na Santa Casa, no sentido de preparar a estrutura e a rede SUS para que o internato comece. Quando isso acontecer, estaremos preparados, com um projeto próprio, e iremos protocolizar ainda no ano de 2007 o pedido de reconhecimento do curso de Medicina e temos certeza de que ele virá antes mesmo que a primeira turma conclua o curso. A cada 15 dias, fazemos reuniões com todas as pessoas ligadas ao curso. Precisamos mostrar ao MEC qualidade e seriedade. Acho que em 2008 já teremos aqui a comissão de avaliadores do MEC para fazer a verificação “in loco” e fornecer o selo de reconhecimento. Temos tudo para que dê certo.

CIDADÃO: Antes de começarmos a entrevista, o senhor disse que a Unicastelo já transcendeu a própria instituição e hoje pertence a Fernandópolis e região. Nesse contexto, o que representa o atendimento à comunidade que vem sendo feito por diversos cursos? Isso faz parte apenas das premissas que têm de ser cumpridas por uma universidade ou faz parte também da filosofia da Associação Itaquerense de Ensino?
AMAURI: Uso as palavras do próprio reitor, professor Gilberto Selber: a universidade tem de criar vasos comunicantes entre região, cidade e comunidade. Ela tem que sair do ostracismo e observar sua responsabilidade social, indo para as bases, as diversas camadas sociais e ofertar serviços, nós somos obrigados a isso. As faculdades isoladas e centros universitários não têm obrigação de desenvolver pesquisas. Nós, da universidade, temos uma exigência de um mínimo de 33,3% de mestres e doutores no corpo docente, e a obrigatoriedade da pesquisa e da prestação de serviços. E quais seriam estes? Em Fernandópolis, temos o núcleo de assistência judiciária, que, de acordo com o compromisso firmado com a OAB, não tem caráter de assistencialismo, e sim de assistência judiciária mais pedagógica, porque sabemos que grande parte dos advogados vive da assistência judiciária. Trabalhamos apenas com cinco casos/mês, enquanto que a OAB trabalha com 20 ou 30 novos casos por semana. Mas, nos cinco casos/mês, temos condições de fazer com que os estudantes acompanhem todo o rito processual, até a sentença final e o recurso. É feito para os mais carentes, que não têm acesso à Justiça. Temos excelente convênio com o Tribunal de Justiça que é o cartório anexo, aliás, nisso somos precursores no interior, só Araçatuba teve o cartório anexo antes de nós. Esse núcleo de prática jurídica permite o aprendizado direto, o contato direto do estudante com as partes, juizes e advogados, e também ganha a Sociedade por obter celeridade na Justiça. Ainda dentro do núcleo, temos o setor de conciliação, uma inovação da Justiça, que pretende ser menos burocrática. O setor de conciliação busca a mediação através de técnicas de conciliação, que diferem de arbitragem. Isso já está sendo elaborado, é um trabalho realizado com todos os juizes – Dr. Alceu, Dr. Evandro, Dra. Luciana e Dr. Heitor – para que, em agosto, possamos prestar esse serviço de conciliação. O processo ingressará no Judiciário e a primeira medida a ser tomada será seu encaminhamento para o núcleo onde será tentada a conciliação. Temos também a consultoria empresarial, através da nossa “empresa junior”, de pesquisas para toda a sociedade. Temos o hospital veterinário, temos também uma parceria com o Grupo Arakaki que tem dado excelentes resultados na questão empresarial, o laboratório de solo, que presta atendimento aos agricultores, inclusive na análise de água; temos a clínica de fisioterapia, a medicina veterinária prestando serviços “in loco”...enfim, há um leque de opções que se constituem nesses vasos comunicantes.

CIDADÃO: Considerando que a Santa Casa de Fernandópolis atende pacientes de cinco Estados e também a re-estruturação do hospital, o senhor acredita que ela será um grande hospital-escola?
AMAURI: Digo com toda certeza que hoje a Santa Casa já é um hospital de ensino, porque recebe 800 alunos na área de estágio, da FEF e da Unicastelo, nos cursos de Fisioterapia, Enfermagem e Medicina. Há um trabalho do reitor Selber, do deputado Julio Semeghini, do secretário da Saúde Barradas Barata e até do governador Serra, que pretende transformar a Santa Casa num grande hospital de ensino. Tudo caminha para isso, ainda esta semana houve uma reunião do reitor com o secretário da Saúde, o provedor Junior Sequini está “antenado” com as injunções que têm sido feitas em prol dessa meta. É preciso, todavia, mais dinheiro e equipamentos na rede SUS, por isso é que precisamos de um trabalho político para transformar a Santa Casa, de direito, num hospital de ensino, e num pequeno prazo.