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Onde a emergência é rotina



Onde a emergência é rotina
O Corpo de Bombeiros de Fernandópolis existe há 31 anos e desde sua fundação ganhou o respeito da população de toda a região. Trabalham 24 horas por 48 de folga, divididos em três turmas de prontidão, 30 bombeiros e mais sete na área administrativa. Todos sob as orientações do Comandante Capitão Ricardo Garcia Salém.

O dia desses profissionais é cheio de atividades. Eles entram em serviço às 7h30, conferem as viaturas e equipamentos, para deixar tudo em ordem no caso do surgimento de alguma emergência. Praticam atividades físicas, como corrida e natação, instruções diversas para reciclar o que aprenderam durante o treinamento para entrar no corpo de bombeiros, vistorias de hidrantes e monitoramentos nos estabelecimentos comerciais.

As ocorrências se dividem em quatro segmentos: resgate, incêndio, salvamento e auxílio público (trabalho social).

Esse auxílio público ocorre quando há situações onde a pessoa só pode resolver o problema com ajuda especializada. Como, por exemplo, pessoas presas em elevadores e casas. Quando entidades precisam do corte de alguma árvore grande ou quando há alguma árvore oferecendo risco de queda devido ao apodrecimento ou por algum vendaval.

É necessário lembrar que os bombeiros não fazem trabalhos como retiradas de antenas, poda de árvores, necessidades que se pode pedir para outras pessoas. O trabalho dos bombeiros é ajudar em situações de emergência e não em trabalhos domésticos.

Os casos de incêndios são poucos na região, apesar da época ser favorável às queimas em pastagens. Já os casos de salvamento são freqüentes, e o mais delicado é de afogamento. O sargento Orlando Candeia Júnior tem 20 anos de carreira e é um dos especializados em afogamento, já tendo atendido a 32 casos. Uma das ocorrências que jamais esquece é a de três irmãos que tinham entre 18 e 21 anos, e que morreram afogados em Mira Estrela.

Os irmãos estavam pescando numa área rasa quando um deles caiu em um buraco, um deles viu, foi ao socorro e acabou se afogando também. O terceiro foi ajudar, porém não conseguiu sucesso e os três morreram.

“Todas as vezes que há algum caso de afogamento, eu fico tenso. Não tenho medo do trabalho, mas é uma situação muito delicada. Por segurança, quando há casos de morte por afogamento, os soldados não podem fazer a busca do corpo durante a noite. Quando fico sabendo que assim que o sol nascer terei de atender a ocorrência, não consigo dormir direito. É muito triste”, diz Candeia.

As ocorrências mais freqüentes são de resgate, principalmente em casos médicos, como crises nervosas e convulsões. Logo depois, vêm os acidentes envolvendo motocicletas.

O corpo de bombeiros atende e ensina medidas básicas de prevenção de acidentes para as escolas, estabelecimentos comerciais e fazem projetos para envolver toda a população. Segundo Candeia, algumas pessoas, principalmente as mais humildes, perguntam se tem algum custo pelo serviço prestado. Mas não é cobrado absolutamente nada.

Pela primeira vez na história desses homens, uma mulher entra no batalhão. A soldado Ana Karina está trabalhando nessa área há quatro meses e em fase de treinamentos.

Sargento Candeia conta sobre algumas solicitações de emergência bem curiosas. Uma delas aconteceu quando um homem telefonou, de forma quase impossível de se entender, falou de algo relacionado a fogo em um bar.
No exato momento os soldados foram acionados e com duas viaturas especiais para incêndios se dirigiram ao local. Ao chegarem, constataram que o bar não estava pegando fogo e sim um homem estava “de fogo” e precisava da ajuda do resgate. Quem havia telefonado, estava também alcoolizado, por isso falava com dificuldade.

Essa é uma das muitas histórias que esses profissionais vivenciam, por serem altamente capacitados, dedicados à profissão e, acima de tudo, entenderem que o trabalho é delicado, envolve pessoas em situações difíceis e que a única esperança que têm, é depositada neles.