“Prisão de Gimenes pode mudar rumo das eleições em Fernandópolis”, essa foi a manchete de capa de CIDADÃO do dia 29 de fevereiro, que pode estar se confirmando hoje, 18. Uma decisão da Executiva estadual do PSDB dissolveu o atual diretório municipal do partido, comandado por Flávia Resende – sobrinha do ex-deputado estadual Gilmar Gimenes – e nomeou uma provisória comandada por Neuclair Félix, assessor especial da deputada estadual Analice Fernandes.
Nem os próprios membros do partido sabiam da decisão que partiu do secretário estadual de Desenvolvimento Regional e presidente do PSDB, Marcos Vinholi. Procurados logo pela manhã, todos negaram a informação que mais tarde foi confirmada por uma nota emitida de dentro do gabinete da deputada Analice Fernandes.
“O PSDB de Fernandópolis, vem a público anunciar seu novo presidente, Neuclair Félix. Neuclair assumiu a presidência do partido, depois da executiva estadual se reunir, no último dia 16 de março de 2020. O presidente estadual do PSDB Marcos Vinholi, assim como a deputada estadual Analice Fernandes acreditam que Neuclair Félix conduzirá o partido para as mudanças necessárias que visem não só o aumento de filiados e pré-candidatos assim como, a retomada do protagonismo nas discussões municipais”, diz o texto.
“Para mim não mudou nada”, diz Zambon sobre nova provisória do PSDB
A REBOQUE
Com o vácuo criado a partir da prisão do até então cacique do partido, Gilmar Gimenes, no âmbito da operação Hígia, foram iniciadas as articulações para que a deputada estadual Analice Fernandes, assumisse a liderança partidária na cidade com o objetivo de colocar os tucanos a reboque do atual prefeito André Pessuto, do DEM.
O governador João Dória já deixou claro que quer PSDB ou DEM na Prefeitura do maior número de cidades possível. Até então Gilmar era tido como o preferido e comandava o partido do governador regionalmente. Com o desgaste provocado pela prisão ele perdeu força para que outro cacique, no caso a deputada, assumisse o comando.
Pessuto e Analice Fernandes são companheiros de longa data. Quando ainda era vereador o atual chefe do Executivo trabalhou em diversas campanhas ao lado da tucana, o que reforça a possibilidade do partido, agora comandado por ela, migrar para a coalisão situacionista.
RUMOS DAS ELEIÇÕES
Até então o PSDB figurava como principal fronte de oposição nas eleições deste ano. Com a mudança, o nome do ex-vice-prefeito José Carlos Zambon, que havia sido reafirmado como pré-candidato a prefeito pelo antigo diretório do partido, pode ficar de fora das eleições.
Zambon, no entanto, ainda pode ser candidato, caso troque de partido. Como janela partidária vai até 4 de abril, ele ainda pode procurar outra legenda, caso pretenda manter sua candidatura. Como ele tem muita ligação com a ex-prefeita Ana Bim, o PSD poderia sustentar seu nome com a possibilidade de uma dobrada pura com o médico e esposo de Ana, Avenor Bim.
OUTRO CENÁRIO
O prefeiturável, José Carlos Zambon, no entanto, nega que a nova diretoria do partido influa numa mudança de nomes para as eleições deste ano. Segundo ele, já havia um contato com a executiva estadual do PSDB que era unânime em relação à sua candidatura.
“Para mim não mudou nada. Nós já vínhamos conversando com o Marcos Vinholi e o candidato do partido sou eu. Não acredito numa mudança nesse sentido. Essas alterações no diretório são mais por questões técnicas do que propriamente políticas, então vamos aguardar os próximos passos. O Neuclair deve chegar hoje a cidade e já disse que quer falar comigo”, disse o ex-vice-prefeito.
As afirmações de Zambon caminham no mesmo sentido de outras especulações que apontam para uma possível fusão de grupos, não para a reeleição de Pessuto, mas sim com o tucano na cabeça.