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Para Nagib, a Odontologia é uma das carreiras mais promissoras



Para Nagib, a Odontologia é uma das carreiras mais promissoras
O cirurgião-dentista Nagib Pezati Boer, de 42 anos, um fernandopolense de família tradicional, não se acomodou na carreira. Depois de se formar em Lins, há 18 anos, e de montar seu consultório em Fernandópolis, ele prosseguiu na vida acadêmica. Após fazer curso de especialização em Bauru, Nagib encarou um mestrado na Unifesp e estudou na Escola Paulista de Medicina, obtendo o título de mestre em Anatomia. Isso o credenciou para lecionar na Faculdade de Medicina da Unicastelo e, agora, encarar aquele que talvez seja seu maior desafio: ser o coordenador do curso da nascente Faculdade de Odontologia da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus de Fernandópolis. Casado com Maria Betânia (que, aliás, é filha de dentista, o Dr. Rodolpho Ricci) e pai de Luís Fernando e Ana Luíza, Nagib é um desses rapazes de Fernandópolis que traçam, com discrição e competência, os melhores caminhos para a cidade. Aliás, os políticos teriam muito que aprender com os “meninos” que viabilizam nossas universidades.


CIDADÃO: Como vai a “nossa” faculdade de Odontologia?
NAGIB: A Faculdade de Odontologia de Fernandópolis era um antigo sonho da cidade – desde 1994 o saudoso João Mauricio Alves queria implantá-la; mas, por um motivo ou outro, o projeto foi ficando de lado. Surgiu a Veterinária, depois a Agronomia, e a Odonto foi ficando para trás. Agora, com total apoio e o eficiente trabalho do Dr. Amauri Piratininga, foi totalmente viabilizado o curso de Odontologia – um curso noturno, que está superando nossas expectativas. Estamos com 36 alunos, o que é inédito na região. É o primeiro ano do curso, com um número expressivo de alunos. É a média com a qual a gente pretende trabalhar, além de fazer da Faculdade de Odontologia de Fernandópolis um ponto de referência não só no Estado, mas também em nível nacional. Estamos começando, mas de uma maneira muito boa, essa é a minha visão.

CIDADÃO: No campo da prática, o que a faculdade já pode oferecer ao corpo discente?
NAGIB: Todos os laboratórios das matérias básicas estão prontos – Anatomia, Histologia, Fisiologia...Tudo isso já está funcionando porque funciona também para a faculdade de Medicina. Então, a Odontologia usa os mesmos laboratórios, já que são matérias multidisciplinares. A universidade dispõe de 36 consultórios de referência, todos automáticos, que já estão colocados num lugar estratégico do campus, e deverão entrar em pleno funcionamento no mês de agosto.

CIDADÃO: A Odontologia terá vestibulares no meio do ano?
NAGIB: Sim, e a divulgação dos vestibulares do meio do ano deverá começar já na próxima terça-feira, dia 17. Será feita ampla divulgação, uma vez que esse curso noturno poderá propiciar às pessoas que têm vontade de cursar Odontologia, mas precisam trabalhar, a chance de fazer o curso.

CIDADÃO: O curso é de quantos anos?
NAGIB: Quatro. Já existe uma política dentro da universidade com o objetivo de estender esses quatro anos já com o diferencial de cursos de aperfeiçoamento e atualização após os quatro anos, o que beneficiará o aluno, que poderá buscar aqui a especialidade na qual quer trabalhar.

CIDADÃO: Quanto à carreira, quais são, hoje, as perspectivas para um cirurgião-dentista recém-formado?
NAGIB: Quanto à Odontologia, eu diria que o número de faculdades que foram abertas nos últimos tempos no Estado de São Paulo e mesmo no Brasil causa uma situação bastante complicada. Porém, para quem investiu na Odontologia, montou um bom consultório, enfim, para quem soube investir na especialização, não faltam pacientes. A gente vê na cidade que os nossos dentistas que fizeram bons cursos e têm aperfeiçoamento, para esses há serviço suficiente para viverem bem. Aliás, acho que nunca vai faltar serviço para ninguém, na Odontologia.

CIDADÃO: Não há um certo acomodamento da maior parte dos recém-formados? Parece que quase todos querem ficar nos grandes centros. Ninguém quer ir pra Rondônia, Acre, norte do Mato Grosso...
NAGIB: Há o fenômeno das pessoas quererem se fixar na terra de origem ou mesmo na cidade ou região em que estudaram. Acho que os formados têm mesmo que “meter a cara” e fazer carreira em locais onde o mercado seja promissor. Nos grandes centros, o que acontece é o seguinte: lá é clínica mesmo, tem que ter potencial, não tem essa de conhecimento, renome do pai. Tem que trabalhar muito e saber aproveitar as oportunidades que aparecem. Se entra um paciente no seu consultório e ele é bem atendido e sai satisfeito com seu trabalho, pode ter certeza de que ele voltará. Claro que fora do Estado de São Paulo as oportunidades são maiores, e o estudante de hoje tem que pesquisar o mercado. Tem muita cidade boa no Mato Grosso, Goiás ou Tocantins que dá retorno financeiro certo ao profissional. Na verdade, Odontologia é uma profissão maravilhosa e muito rentável.

CIDADÃO: Você acha que os planos de saúde odontológica de certa forma “sucateiam” as tabelas de preços dos serviços profissionais do dentista?
NAGIB: De uma certa forma, sim, mas acredito que todo profissional tem liberdade para escolher aquilo que quer. Basta escolher se vai trabalhar como conveniado ou não. Você poderia dizer que o recém-formado ainda não tem uma clientela constituída, e precisa atender convênios. Concordo. Mas, se ele fizer um bom trabalho no convênio, ele vai aproximar o cliente dele, porque o paciente não é do convênio, e sim do dentista. Quando ele sai do convênio, o cliente passa a ser um potencial cliente particular do seu consultório.

CIDADÃO: Mas não acontece o fenômeno das pessoas tomarem conhecimento da tabela de custo dos convênios e passar a exigir, na hora do orçamento particular, uma equiparação?
NAGIB: Os profissionais têm sofrido um pouco com isso, sim. Só que preço de serviço não é o que está fixado em uma tabela. Claro que você em que seguir um parâmetro, mas há diferença em qualidade de serviço e de material. Dentista tem que ter discernimento. Deve atender convênios nas horas disponíveis, para não ficar parado. Mas não deve trabalhar só com convênios.

CIDADÃO: Há 30 anos, as pesquisas indicavam índices alarmantes sobre a saúde bucal do brasileiro. Ao que parece, tínhamos, em média, só uns dois dentes por pessoa. Hoje, essa situação mudou ou não?
NAGIB: Eu vi, no último congresso de odontologia da Colgate, que o Brasil é o campeão mundial de venda de cremes dentais, e ainda assim nós carregamos o título de segundo ou terceiro país do mundo em número de cáries. Então, por mais profissionais que a gente tenha, percebe-se que existe ainda uma concentração muito grande dos profissionais nas áreas Sul e Sudeste do país. No restante do Brasil, há defasagem de profissionais. Quanto à pergunta se o “país dos banguelas” mudou, eu diria que melhorou, mas ainda tem muito a melhorar. E isso prova que há um diferencial positivo na carreira. A Odontologia é promissora. Consultório de profissional qualificado e que trabalha firme, sempre terá pacientes. Nunca deixarão de existir a dor de dente, a falta de dentes, a necessidade de colocação de próteses e a prevenção.

CIDADÃO: O dentista do passado normalmente era um clínico geral, e hoje o que se vê é o crescimento da especialização: Endodontia, Ortodontia...A tendência é essa mesmo?
NAGIB: Sim, apesar de que o recém-formado deve, na minha visão, passar pelo menos uns dois anos na clínica geral. Porém, a carreira na odontologia se afunila cada vez mais para a especialização.