Polícia

Pedranópolis: homem manteve companheira em cárcere privado por 18 anos



Pedranópolis: homem manteve companheira em cárcere privado por 18 anos
O agricultor Ary Hernandez Castijo, de 50 anos, foi preso na tarde de terça-feira, 6, no Sítio São Pedro, município de Pedranópolis, sob a acusação de manter em cárcere privado, sob ameaça, sua companheira Maria Aparecida Rosa, de 36 anos de idade.

Ary é acusado ainda de manter a companheira em condições análogas às de escravo, conforme prevê o artigo 149 do Código Penal. Ele foi incurso também no artigo 12 da Lei 10.826/2003 (posse irregular de arma de fogo), já que no sítio de sua propriedade foram encontrados dois revólveres (calibres 32 e 38) e uma espingarda calibre 28. Apenas duas das três armas eram registradas.

Depois de receber denúncia anônima, a polícia decidiu investigar o caso. Apurou-se que, há 18 anos, Maria, então com 16 anos de idade, “fugiu” para viver com Ary, na época com 30 anos. Desde então, o indiciado proibiu Maria de ter qualquer contato com sua família. O casal teve duas filhas, hoje com 16 e 4 anos. Ary levava e buscava as filhas na escola, não permitia que visitassem a avó e ele mesmo comprava as roupas das garotas.

Maria jamais saía do sítio. Era obrigada a fazer todo o serviço do sítio – ordenha, conserto de cercas, apartação de animais e tudo o mais. À delegada Maristela Marques Lma Dias, que chefiou a operação, Ary declarou que “ela (Maria) trabalha porque tem saúde; eu não tenho, então não trabalho”.


AGRESSÕES
Maria e a filha de 16 anos disseram que Ary vivia ameaçando a mulher, e muitas vezes a agredia fisicamente. A delegada Maristela contou que a filha caçula chegou a perguntar se, agora, “a mamãe poderá ir na festa do Dia das Mães na minha escola”.

“Foram muitos anos de submissão”, comenta a delegada. “Este é um caso grave, o primeiro de cárcere privado em que trabalho. A família percebeu que havia alguma coisa errada, pois não havia motivo para a falta de contato”.

Ary Hernandez Castijo está preso na cadeia pública de Estrela D’Oeste, já que o crime é inafiançável.