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Pequenas empresas paulistas têm melhor janeiro desde 2002



A receita total foi de R$ 21,4 bilhões; comércio puxou aumento na receita, pelo oitavo mês consecutivo

Em janeiro de 2008, as micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas mantiveram a trajetória de crescimento que vem caracterizando o segmento desde o início do ano passado. Após uma expansão de 4% em 2007 na comparação com 2006, o primeiro mês de 2008 registrou aumento de 6,2% no faturamento, em relação a janeiro de 2007. No mês de janeiro de 2008, as MPEs tiveram uma receita total de R$ 21,4 bilhões, o que representou um ganho de R$ 1,2 bilhão em relação a janeiro de 2007. Esse foi o melhor resultado para um mês de janeiro desde 2002.

O comércio foi o segmento que puxou esse crescimento e, pelo oitavo mês consecutivo, registrou aumento na receita de 9,7% sobre o mesmo mês do ano anterior. No período, o setor de serviços também teve expansão de 6,3% no faturamento real. A indústria registrou queda de 3,1% na receita.

Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP, realizada mensalmente pela entidade junto a 2,7 mil micro e pequenas empresas da indústria da transformação, comércio e prestação de serviços e que mede as taxas de faturamento real, pessoal ocupado, gastos com salários, rendimento médio do trabalhador das MPEs e expectativas.

“As micro e pequenas empresas vêm sendo beneficiadas pela melhora do mercado interno, caracterizada por um cenário de inflação sob controle, recuperação da renda do trabalhador e aumento das opções de crédito ao consumidor”, analisa Marco Aurélio Bedê, gerente do Observatório da Micro e Pequena Empresa do Sebrae-SP.

Na comparação entre janeiro/2008 e dezembro/07, o faturamento das MPEs apresentou redução de 9,5%. Essa queda deveu-se em grande parte pelo fato de que em dezembro é caracterizado pelo pagamento da segunda parcela do 13º salário e das vendas do Natal.

Para o ano de 2008, as projeções dos analistas de mercado indicam que o mercado interno continuará em crescimento. De acordo com o relatório Focus, do Banco Central do Brasil, estima-se um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 4,5% em 2008.

Esse crescimento deve continuar a ser puxado pelo mercado interno, a partir da melhora do poder aquisitivo da população e da melhora das condições de crédito ao consumidor. Trata-se de um cenário relativamente positivo para as MPEs, que devem continuar em trajetória de crescimento moderado, ao longo de 2008.

Na avaliação de Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae-SP, “o ano de 2008 será tão bom quanto ou melhor que 2007 para os pequenos negócios, pois além da esperada ampliação do consumo das famílias, as micro e pequenas empresas vão começar a se beneficiar dos efeitos positivos da Lei Geral, por exemplo, por meio da ampliação do mercado representado pelas compras governamentais”.

Em termos de pessoal ocupado, os índices mostraram estabilidade, com ligeira variação positiva de 0,04% em janeiro/2008 sobre janeiro/2007. Contribuiu para a estabilidade a alta de 0,9% no número de vagas no comércio. Indústria e serviços apresentaram queda de -1,6% e -0,6%, respectivamente.

Segundo a pesquisa, estima-se que em janeiro de 2008 estavam ocupadas nas micro e pequenas empresas paulistas cerca de 5,6 milhões de pessoas, incluindo nesse número os próprios sócios-proprietários, empregados com e sem carteira assinada.

O rendimento real dos trabalhadores das MPEs teve queda de 3,8% em janeiro deste ano em relação a janeiro do ano passado. O valor médio do salário pago nos pequenos negócios paulistas em janeiro de 2008 foi de R$ 809,00, contra R$ 842,00 em janeiro do ano anterior.

Segundo o economista do Sebrae-SP, essa queda não chega a preocupar. “A base de comparação janeiro/2007 foi afetada por um movimento atípico. No final de 2006, os consumidores deixaram para ir às compras de Natal na última hora. Como parte dos rendimentos dos empregados é composto de comissões, principalmente no comércio, parte desses rendimentos só foi efetivamente pago em janeiro de 2007, inflando nossa base de comparação”, analisa Bedê.

No mesmo período, o total gasto pelas MPEs com salários apresentou retração de 6,5%, reflexo da estabilidade no pessoal ocupado e queda no rendimento real dos trabalhadores.



Por regiões

De acordo com a pesquisa Indicadores Sebrae-SP, as micro e pequenas empresas (MPEs) do interior do Estado de São Paulo apresentaram um aumento no faturamento real (descontando a inflação, medida pelo INPC) de 10,2% em janeiro de 2008 sobre janeiro de 2007, o maior dos últimos sete anos para um mês de janeiro.

Além da melhora geral da atividade, alguns segmentos importantes do agronegócio se recuperaram, como por exemplo, carne, leite e cana-de-açúcar, favorecendo os pequenos negócios do interior paulista.

Acompanhando o melhor desempenho em termos de faturamento, o pessoal ocupado nas MPEs do interior paulista teve crescimento de 4,2% em janeiro de 2008 sobre janeiro de 2007, enquanto permaneceu estável (sem variação) na média do Estado de São Paulo.

Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o faturamento médio das MPEs apresentou um aumento real (descontando a inflação, medida pelo INPC) de 3% em janeiro de 2008 sobre janeiro de 2007. Porém, o faturamento de janeiro de 2008 ficou 1% abaixo do registrado em janeiro de 2006. Nessa região, a maior concorrência entre as empresas e a expansão da renda em ritmo mais lento que o do interior têm levado à uma melhora apenas modesta nas vendas das MPEs.

O pessoal ocupado nas MPEs da RMSP registrou queda de 4% em janeiro de 2008 sobre janeiro de 2007. O setor de serviços puxou essa retração. “Serviços é um segmento altamente concorrencial, que tem apresentado grande número de aberturas de empresas nos últimos anos”, afirma Bedê.

No ABC, as micro e pequenas empresas apresentaram uma variação de 7,4% (descontada a inflação, medida pelo INPC) em janeiro de 2008 sobre janeiro de 2007. Dessa vez o setor de serviços foi o principal responsável pelo desempenho das MPEs da região, e isso está associado ao crescimento da renda da população e a melhora das condições de crédito ao consumidor, que devem continuar em 2008.

Na comparação de janeiro de 2008 com dezembro de 2007, a receita real das MPEs do ABC caiu 6,2%. Essa queda era esperada, uma vez que dezembro concentra o pagamento da 2ª parcela do 13o salário e as vendas do comércio para o Natal.

O pessoal ocupado nas MPEs do ABC registrou queda de 9,9% em janeiro de 2008 sobre janeiro de 2007. Isso acontece porque o indicador de pessoal ocupado expressa o número médio de pessoas por empresa, e na região é cada vez maior o número de empresas de serviços, muitas vezes empresas de uma pessoa só, o que tende a reduzir o número médio de pessoal ocupado por empresa.

A íntegra da pesquisa encontra-se no portal www.sebraesp.com.br, área Conhecendo a MPE.