Nem poderia ser diferente: o partido com o maior número de filiados no município de Fernandópolis mais de 2500 eleitores vem sendo sistematicamente cortejado pelas diversas tendências e agremiações políticas, com vistas a uma coligação. Só que o presidente do PMDB local, o advogado Ricardo Franco de Almeida, faz restrições aos grupos elitistas. Queremos um projeto político para a sociedade, não para grupos, argumenta ele, do alto de sua vasta experiência. Afinal, Ricardo foi o vereador mais votado, presidiu a Câmara, atuou decisivamente na administração do prefeito Newton Camargo. Algumas horas depois de atuar em um julgamento desgastante, ele concedeu esta entrevista a CIDADÃO. Em poucos minutos, o cansaço desapareceu por encanto: a política é o energético de Ricardo.
CIDADÃO: Quantos filiados o PMDB de Fernandópolis tem atualmente?
RICARDO: São 2547 filiados.
CIDADÃO: É o maior partido do município?
RICARDO: Sim, é o maior partido de Fernandópolis. Em segundo vem o PDT, me parece que com 777 filiados.
CIDADÃO: O PMDB pretende fazer alguma coligação para as próximas eleições de outubro, ou vai lançar candidato próprio?
RICARDO: O PMDB tem em seus quadros nomes que poderão perfeitamente disputar o cargo de prefeito, assim como poderá haver coligação. Temos conversado com vários partidos, e há intenção de aglutinarmos uma força maior, para que possamos disputar o próximo pleito eleitoral. Porém, se não houver consenso com os partidos com quem andamos conversando, o PMDB lançará candidato próprio.
CIDADÃO: Quais os partidos que têm mais proximidade com o PMDB enfim, os que abrem perspectiva de uma negociação de coligação que possa ser bem-sucedida? Na mesma pergunta: quais os partidos com os quais o sr. considera muito difícil um acordo?
RICARDO: Nós conversamos com o PSB, o PTB, o PT, o PR e o PSC. Conversamos também com os militantes do PSDB e tivemos uma reunião com o DEM, mas, de antemão, acredito que a tendência do PSDB é ficar com esses partidos que eu citei primeiramente.
CIDADÃO: Então, está descartado um acordo com o DEM do pré-candidato Luiz Vilar de Siqueira e com o PDT da prefeita Ana Bim?
RICARDO: Acredito que será difícil uma coligação tanto com o DEM quanto com o PDT, tendo em vista que o PMDB, sendo o maior partido da cidade, com muita força em termos de tempo no rádio e, acima de tudo, por ser um partido tradicional, não pode ficar a reboque na eleição do futuro prefeito de Fernandópolis. O PMDB não pode ser simplesmente um coadjuvante na próxima eleição: tem que ser um partícipe atuante e de primeira linha. O partido tem que ser respeitado pela sua qualidade, quantidade e acima de tudo pelo tempo de que ele dispõe no programa radiofônico eleitoral. O PMDB, afinal, é o maior partido do Brasil.
CIDADÃO: Por todos esses fatores, sabe-se que o PMDB é a noiva mais cortejada do jogo eleitoral. Afinal, o partido teve uma participação inigualável no processo de redemocratização do país, e teve em suas fileiras nomes como o do deputado Ulisses Guimarães. No município de Fernandópolis, o PMDB também teve importantes lideranças, como Newton Camargo e Ibraim Belucio. Mas há quem diga que o PMDB estaria decadente, que seu tempo passou. O sr. concorda com essa teoria?
RICARDO: Discordo, porque o PMDB de Fernandópolis conseguiu recentemente algumas filiações de peso, como o atual presidente da 45ª Subsecção da Ordem dos Advogados, o Dr. Henri Dias, dos ex-vereadores Luiz Antonio Pessuto e Braz Roldan, o pastor João Barbosa, o empresário Marquinhos Pessoto e outros. O PMDB está aí, firme e forte, não nos faltam candidatos. Isso significa que a propalada decadência só existe na cabeça dos nossos adversários políticos. Agora, posso lhe garantir que o PMDB será o fiel da balança nas próximas eleições municipais.
CIDADÃO: A morte do ex-prefeito Newton Camargo, em 2002, em pleno exercício do mandato de prefeito, certamente significou um corte abrupto no projeto político do PMDB local. Seria provavelmente o último mandato de Camargo, e com certeza ele pretendia deixar um legado de importantes realizações. Dá para recuperar o terreno perdido, sem o carisma de Camargo?
RICARDO: Tranqüilamente. Quando nós assumimos a prefeitura em 2001, nós a encontramos com um déficit de quase R$ 3 milhões. No primeiro ano de governo do seu Newton, nós pagamos 16 folhas de pagamento do funcionalismo. Pagamos também a dívida de R$ 3 milhões e demos um aumento real de 6% ao funcionalismo público. Quando chegou em março do ano seguinte, ocasião em que o seu Newton foi para São Paulo fazer a cirurgia, nós tínhamos em caixa R$ 4 milhões e duas obras licitadas, que eram as pontes da Avenida dos Arnaldos e Avenida Amadeu Bizelli. Portanto, todo projeto político digno desse nome passa por um projeto administrativo consistente, e a equipe do Newton Camargo continua aí, firme, trabalhando pelo partido, unida. A presença do ícone, o seu Newton, continua nos nossos corações. Ele foi mais do que um pai para mim: um grande amigo, um grande companheiro, a quem tive a honra de poder ajudar em sua administração. Eu acredito que o PMDB tem condições de retomar a prefeitura de Fernandópolis e seus projetos políticos, como era o sonho do falecido Newton Camargo.
CIDADÃO: Inegavelmente, Fernandópolis não entrou com o pé direito no século XXI, politicamente falando. Afinal, dois prefeitos morreram em pleno mandato, e as atuações dos vices foram ou são criticadas. Muita gente defende a tese que a fatalidade fez Fernandópolis perder muito terreno em termos regionais. Qual é a maneira de recuperar o tempo perdido, sacudir as estruturas e conquistar novos benefícios e gerar empregos?
RICARDO: Fernandópolis precisa encontrar um líder novo, um político carismático que tenha amplo acesso a todos os níveis sociais do município. Tem que ser alguém com poder de aglutinação de forças para arrebatar para si a consistência e o respaldo necessários para a implantação de um projeto de governo não para quatro anos, mas para um período maior. Isso implicaria na revolução que nós pregamos, de retirar da vida pública os quadros mais antigos cujos métodos nós já conhecemos sabemos como administram, quem são seus apaniguados, o que fazem quando estão no poder...temos que sepultar, na verdade, essas pessoas que se dizem os representantes da sociedade. Ora, eu pergunto: quem é a sociedade de Fernandópolis? Acaso é um grupo seleto que governa para quase 65 mil habitantes ou é um grupo que se destina aos seus próprios interesses? Fernandópolis está sitiada não só na esfera administrativa como na esfera territorial. Se eu fosse o prefeito de Fernandópolis, já estariam sendo desapropriadas inúmeras áreas para que transformemos a Rodovia Euclides da Cunha num outro modelo para Fernandópolis. Administrar para os apaniguados é fácil. Quero ver é administrar para a população, que necessita de empregos, moradia e eficiente estrutura de saúde no centro e na periferia. É preciso implantar um modelo de política administrativa que vise metas políticas e também sócio-econômicas. Não dá para fazer uma colcha de retalhos em detrimento de projetos fincados e abalizados pela sociedade. É nisso, principalmente, que reside a maior mudança que se espera. Não temos um direcionamento. Não andamos em linha reta. Além de administrar para um grupo seleto, o fazem de maneira empírica.