Segundo dados do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - em 1970 haviam 39.050 habitantes em Fernandópolis, sendo que 10.715 pessoas povoavam a zona rural da cidade, o que correspondia, na época, a quase 30% da população. Hoje o número de habitantes cresceu. Registros do IBGE mostram que em Fernandópolis existem 61.392 habitantes, no entanto, apenas 1.961 pessoas residem no campo, número que corresponde a apenas 3,19% da população como rural.
Embora Fernandópolis seja uma cidade do interior, a queda na população rural do município tem explicação. De acordo com a professora de Geografia da Escola Técnica do Centro Paula Souza de Fernandópolis, Lourdes Casari, a causa do Êxodo Rural no município teve início com o surgimento da cidade.
A cidade surgiu em decorrência do avanço da fronteira agrícola no Noroeste Paulista e a agropecuária foi a atividade dinamizadora do seu crescimento entre as décadas de 1940 a 1970, sendo os pequenos produtores familiares a base dessa dinâmica, explicou Lourdes.
Ela conta que houve ainda na formação do município a presença da grande propriedade, com o cultivo do café. Foram nessas grandes propriedades que, se estabeleceram os meeiros, os parceiros, arrendatários e colonos utilizados como trabalhadores até a década de 1980 no município.
A forma de ocupação das terras definiu as relações de trabalho no município. A presença do parceiro, arrendatário, meeiro e de colonos decorre da forma de organização da produção do café na região.
Segundo a professora o homem do campo passou a ocupar o centro urbano durante as mudanças ocorridas na agricultura brasileira a partir da década de 1970, decorrentes da intensificação da mecanização no campo.
Enquanto no país via-se expandir indústrias de equipamentos e insumos, no município de Fernandópolis passou a ocorrer a saída de pequenos agricultores, entre eles os pequenos arrendatários que não conseguiram se mecanizar, afirmou Lourdes.
A diminuição nas lavouras de produtos como o café, algodão, arroz, feijão e amendoim e a expansão da lavoura de cana-de-açúcar também contribuíram para o abandono do campo em Fernandópolis.
Essas mudanças são reflexos da forma como o modo capitalista de produção se intensifica no município a partir da década de 1970 e favorece a modernização dos agricultores mais capitalizados e, conseqüentemente, com maior concentração de terra, disse.
De acordo com a professora de geografia, as novas técnicas que acompanharam essas mudanças acabaram por interferir no modo de produzir e, por sua vez, nas relações de trabalho por meio da redução da parceria, do arrendamento e institucionalizou uma nova relação de trabalho, o trabalhador temporário, ou bóia-fria como é conhecido no município.
No município, os fatores geradores de diferenças estão basicamente nas dificuldades de ordem financeira do agricultor, na falta de assistência técnica e no próprio avanço tecnológico, relatou Lourdes.
A professora conclui dizendo que o êxodo rural no município é um conjunto de elementos que acabou por obrigar a retirada do agricultor familiar ou pequeno produtor do campo o que gera pontos negativos como desemprego e sub-empregos no campo.
Isso comprova a redução da população, que por falta de alternativa busca a cidade para viver, sendo que a maioria não consegue se inserir no mercado e volta a trabalhar no campo como trabalhador volante, finalizou Lourdes.