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POR AMOR À MEDICINA



POR AMOR À MEDICINA
O médico Armando José Gabriel, de 36 anos, nasceu em São José do Rio Preto e veio para Fernandópolis por acreditar no potencial do mercado de trabalho da cidade. Na época, recebeu um convite do Dr. Aer José Trindade para aqui trabalhar. Aproveitou que o seu tio também era médico na cidade (Dr. José Miguel Mussi), o que segundo ele, ajudou em sua decisão. Casado com a encantadora Luciana, Armando já tem uma filhinha, a pequena Beatriz, de um ano.

Formado na Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, fez residência em cirurgia geral no Hospital das Clínicas daquela universidade e depois três anos de residência em Urologia. Mas ele não parou por ai, ainda na USP, fez doutorado em urologia.

Esse palmeirense também é apaixonado por música (MPB) e se dedica nas horas vagas a tocar seu violão.
Atualmente, além de atuar como médico urologista, é coordenador do internato do curso de Medicina da Unicastelo, ou seja, ele é responsável pela parte prática do curso.Armando falou desses e de outros assuntos nesta entrevista a CIDADÃO.

CIDADÃO: Como anda o internato do curso de Medicina da Unicastelo?
ARMANDO: A parte prática do curso de Medicina acontece nos dois últimos anos. A turma mais velha, que é a turma um, já está fazendo o primeiro, dos quatro semestres do internato, que é uma parceria da Unicastelo com a Prefeitura Municipal e a Santa Casa de Fernandópolis. Então existem etapas dos estágios que são feitas na Santa Casa e outras que são feitas nas Unidades Básicas de Saúde, como a do Pôr-do-Sol, em Unidades de Saúde da Família, o que nos permite trabalhar com a rede municipal como um todo.

CIDADÃO: Esses alunos que estão no programa de internato já estão atuando ou só observando?
ARMANDO: Estágio prático é estágio supervisionado. Então, sempre ao lado de um aluno existe um médico. O aluno tem alguns limites, porque ainda ele não é um médico formado. Mas eles já iniciam toda uma abordagem do paciente, conversam, examinam, eles têm capacidade para isso, e é lógico que eles estão se aperfeiçoando. Agora, receitar um remédio, pedir um determinado exame, participar de uma cirurgia, estar em uma UTI... tudo isso tem que ter a chancela de um preceptor, que é o médico que acompanha o aluno.

CIDADÃO: Então eles já estão trabalhando?
ARMANDO: Sim, estão trabalhando. Em uma cirurgia, eles entram em uma função de instrumentação (passagem dos aparelhos), eventualmente em pequenas cirurgias eles podem entrar como primeiro auxiliar, mas é óbvio que as cirurgias são feitas pelos médicos formados.

CIDADÃO: Como está o processo de regulamentação do curso de Medicina da Unicastelo em relação ao MEC? Quais são as principais exigências?
ARMANDO: As exigências são muitas, principalmente porque elas são mudadas constantemente pelo MEC em função do apelo que os cursos de Medicina têm, porque são muitos e o MEC tem olhado com muito rigor para isso. Mas depois que a administração do Prof. Gilberto Selber assumiu, nós temos constantemente conversado a respeito de necessidades de MEC, de uma maneira bem profissional, o que nos deixa bem mais tranqüilos. São muitas as exigências com relação ao seu projeto de ensino, estrutura de ensino, corpo docente, resultados em provas... Então, existem vários critérios que eles vão somando e é emitida uma nota, um parecer. Na verdade, estamos prestes a receber uma visita do MEC e por isso temos trabalhado todo esse semestre para reformar o currículo dentro das novas diretrizes, porque quando o curso foi autorizado, existia uma determinada diretriz. Depois que o curso já tinha toda a sua papelada pronta, as diretrizes mudaram. Então estamos tendo que nos adaptar a essa mudança. O internato já está coerente com as exigências solicitadas pelo MEC e há toda uma reestruturação sendo feita, e que, se for concluída neste semestre, acredito que no começo do próximo semestre já estejamos prontos para receber o MEC. O processo é bem complexo, porque você alimenta um sistema informatizado, com dados atualizados da faculdade, de currículos, de projeto pedagógico, coordenação, professores e tudo mais. Então eles já vêm a Fernandópolis com um monte de informações para averiguar in-loco e então emitem um parecer.

CIDADÃO: Como o senhor vê a carga horária do curso de Medicina da Unicastelo?
ARMANDO: Da forma como foi concebida inicialmente era extremamente excessiva. Tanto que logo que a nova administração assumiu, eu e o Dr. Ademir pudemos pela primeira vez mexer na carga horária. Na quinta turma os alunos já pegaram uma redução de carga horária e ela vai ser mexida novamente, porque o MEC lançou uma portaria que diz que os cursos de Medicina necessitam ter no mínimo 7.200 horas de ensino, o que dá margem para eles estudarem e também participarem dos estágios de uma maneira mais tranqüila.

CIDADÃO: Sendo médico, qual a avaliação que o senhor faz da atual administração da Santa Casa de Fernandópolis?
ARMANDO: Cada administrador tem a sua característica. O Tom Zé tinha um perfil e carregou a Santa Casa por muito tempo, com toda a dificuldade que se tem em trabalhar com o SUS e o Junior Sequini tem um outro perfil. Eles têm formações e mentalidades distintas, então é notória uma mudança radical pela qual está passando a Santa Casa. Hoje ela é um poço de obras, você vê que realmente se mexe muito no hospital, mas dentro de um plano, de uma lógica de fazer com que o hospital melhore os seus serviços para captar mais receita – enfim, uma visão bem empresarial. Eu acho que o hospital precisa passar por uma fase de hospital-empresa, e se Deus quiser, fazer com que ele chegue a ser um hospital-escola.

CIDADÃO: O que é um hospital-escola?
ARMANDO: O hospital universitário já é um tipo de hospital padrão que o Ministério da Saúde enxerga para hospitais de referência, onde se dá uma verba e uma atenção diferenciadas, justamente porque é uma estrutura peculiar, porque dá assistência ao paciente e ao mesmo tempo ensina não só alunos da Medicina, mas de várias áreas da saúde. Por exemplo, a Santa Casa hoje tem a Medicina e outros cursos da FEF estagiando lá dentro. Faltaria basicamente a gente ter a residência médica e um pouco mais da estruturação que já tem sido feita na infra-estrutura para transformar o hospital em si. E isso não vai demorar muito não!

CIDADÃO: Como é chegar em casa depois de um dia inteiro de atuação médica?
ARMANDO: Eu vou responder por mim. Eu me sinto realizado em minha profissão por fazer uma especialidade que eu sempre quis fazer e que eu gosto muito e por essa oportunidade maior de formar médicos. Assim, tenho satisfação ao final do dia, porque eu tenho muita atividade relacionada à parte acadêmica, de ter feito um bom papel e de ter visto, por exemplo, que um determinado conhecimento chegou ao aluno e também ver os resultados no consultório, nos atendimentos hospitalares... Isso é extremamente gratificante e é o que move a profissão, o que inspira o médico a acordar e continuar.

CIDADÃO: Que conselho que o senhor dá àquele estudante que está no terceiro colegial e quer fazer Medicina?
ARMANDO: Eu tenho a falar que a Medicina é uma profissão maravilhosa, mas ele precisa se dedicar de corpo e alma à profissão e esquecer o componente financeiro no primeiro momento. Ele tem que ser uma pessoa interessada em ajudar outras pessoas, tem que buscar e promover a saúde. Tem que gostar de gente e não pode desistir jamais, pois a humanidade precisa de médicos, então a minha palavra é de incentivo, porque se ele tem essa chama que alimenta o desejo de vir a ser médico, que esse desejo seja vocacional, todo o resto será conseqüência.