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Preço para se tornar mulher



Preço para se tornar mulher
Popular em Fernandópolis, ela atrai olhares de curiosos e admiradores. Conhecida como Luma, o transexual André Guarnieri de Lima Chaves, 21 anos, vive como mulher. A não ser pelo fato de ainda não ter feito a operação de mudança de sexo.

O lado feminino aflorou desde criança, porém o corpo foi moldado há pouco tempo. Nascida em Barra do Bugres, no Mato Grosso, quando tinha 5 anos de idade a mãe percebeu que ela não era normal. “Gostava de boneca e jogava os carrinhos que ganhava fora”, contou Luma.

Após uma visita ao psicólogo e a confirmação da negação ao sexo natural, a família de Luma começou a tratá-la diferente, aceitar o jeito de ser. Aos 18 anos, recém-saída do ensino médio, ela veio fazer enfermagem na Fundação Educacional de Fernandópolis. Hoje está no 3º ano do curso.


Transformação
Filha de fazendeiro e mãe advogada, Luma veio para Fernandópolis com aspecto de homem e era considerada gay. “Comecei a ver os travestis na rua e me perguntava o que era aquilo, depois que fiz amizade soube como é o trabalho e como tinha que fazer para me tornar mais mulher”, afirmou ela, que começou a fazer programas.

Hormônios, silicone e plásticas transformaram André em Luma. Seios, quadril, bumbum e coxas ganharam formas femininas. O nariz e a maçã do rosto foram modificados. Ao todo foram gastos R$ 57 mil. A transex - como se considera - começou a se prostituir para se transformar em mulher.

“Por mais dinheiro que os pais tenham, mesmo me aceitando, eles nunca vão pagar essas cirurgias”, revelou. A quitinete, o supermercado e a faculdade são bancados pelos pais, a transformação, não. Por isso, ela guarda todo o dinheiro que ganha para concluir a mudança de sexo.

A meta de Luma é conseguir R$ 200,00 a cada noite que sai. No final do mês recebe cerca de R$ 7 mil. O programa na rua custa R$ 50,00, mas ela está mudando de metodologia. Utiliza a Internet para obter clientes. Por R$ 100,00, o encontro é marcado em uma sala de bate-papo. “Trabalho em Rio Preto e Votuporanga, e já vieram dois homens de São Paulo para sair comigo. Cobrei R$ 400,00 pelo dia inteiro”.

A cirurgia para a troca de sexo custa R$ 7.500. Porém, somente o dinheiro não é garantia de transformação. Há seis meses ela faz tratamentos psicológicos e psiquiátricos em São José do Rio Preto para saber se é realmente o que deseja.

De transex, passará a se enquadrar na definição transgênero. “Depois disso não farei mais programas, pretendo namorar e casar”, relatou. Para a mudança ficar completa, o nome na carteira de identidade será outro, Luma. Os documentos estão prontos e sendo analisados pelos órgãos competentes.


Futuro profissional
No terceiro ano de enfermagem, Luma faz estágios para se capacitar e com isso observa a reação dos pacientes quanto à escolha sexual. “Nunca recebi nenhuma rejeição, pelo contrário, muitos me elogiam”, disse a futura enfermeira, que pretende se mudar para a Bahia depois que se especializar em UTI ou Centro Cirúrgico.

Sempre apoiada pelos pais e pelo irmão de 15 anos, Luma pretende ter um belo – e longo - futuro. Para isso ela se preocupa em usar sempre os preservativos, mesmo sob insistência dos clientes. “Trabalho nessa área e sei dos riscos que corro, não quero acabar com a minha vida”, disse. A transex faz regularmente exames de sangue, e o resultado negativo é prova das precauções que toma.