Um ato da prefeita de Fernandópolis, Ana Bim, revoltou os moradores do Jardim Santa Bárbara, Morada do Sol, Jardim Hilda Helena e outros bairros da zona oeste da cidade.
A prefeita cedeu uma área institucional de 6 mil m2, situada na Rua Vitória Arantes, no Jardim Santa Bárbara, ao padre Deoclides, que cuida atualmente de 12 menores infratores. Essa área pertence ao município. Entretanto, quando o bairro estava sendo implantado, o loteador procurou o prefeito da época, Adilson Campos, e se comprometeu a implantar no espaço um parque de lazer, destinado aos moradores da região.
Com a aquiescência da administração, o loteador construiu piscina, campo de futebol, parquinho, quadra de areia para vôlei, quiosques para churrasco e outras melhorias. Nos finais de semana, a área fica lotada, principalmente pelas crianças do bairro.
Há poucos meses, estudou-se a possibilidade de que o controle da área fosse cedido à Associação dos Oficiais de Justiça, presidida por Antonio Leal da Silva, que a administraria e permitiria o uso pela população. Entretanto, na última semana, Ana Bim decidiu ceder a área ao padre Deoclides. Segundo se soube, o padre pretendia entrar ainda nesta terça-feira com uma ação de imissão na posse no Fórum da Comarca.
Na noite de segunda-feira, 26, o representante dos loteadores, Eudorides Aguiar, juntamente com o advogado Edilberto Pinato, convocou uma reunião de emergência com os moradores.
Pinato explicou que, anos atrás, quando o loteamento estava com cerca de 50% de ocupação, a empresa resolveu construir a área de lazer, sem ônus para a prefeitura. Em seguida, deveria ser constituída uma associação de moradores para administrar a área.
A prefeita, segundo Pinato, revogou o decreto de Adilson Campos e cedeu o espaço para o Padre Deoclides.
Se, do ponto de vista jurídico, o ato é legal, sem dúvida é imoral. Social e politicamente, então, é um desastre, analisou Pinato.
Alcenir, um garoto de 14 anos e aparência de dez, pediu para usar o microfone e criticou duramente a administração: Só temos esse lugar para brincar, será que ela quer nos tirar até isso? Por que não vai ajudar o Fefecê, que está acabando? O menino foi aplaudido.
O vereador Alaor Pereira Marques e o oficial de Justiça Antonio Leal da Silva também falaram, solidarizando-se com a causa dos moradores. Para Edilberto Pinato, a administração tira o lazer de 4 mil pessoas para ceder o espaço a uma dúzia de menores infratores. O advogado justifica sua posição. Sem dúvida, esses menores precisam passar por um processo de re-socialização, merecem uma chance de voltar a conviver em sociedade, mas não à custa de toda uma comunidade, disparou.