Saúde

Produção caseira de álcool gel aumenta as chances de acidentes



Produção caseira de álcool gel aumenta as chances de acidentes

A falta de álcool em gel nas farmácias e supermercados tem despertado em milhares de pessoas, o interesse em produzir de forma rústica o álcool em gel utilizado para a limpeza das mãos. O que essas pessoas provavelmente não conhecem ou não tem levado em consideração são os riscos envolvidos nesse processo é que a manipulação desse produto pode provocar incêndios, queimaduras de grau elevado, irritação da pele e mucosas uma vez que a matéria utilizada é composta basicamente de álcool líquido em elevadas concentrações.

 As informações são do CFQ - Conselho Federal de Química – e reforçadas pela bioquímica fernandopolense Rosilene Cristina Baptista Pazoto. Rosilene, que é responsável pelo setor de manipulação da Rede Droga Silva de Farmácias, ressalta que o manuseio caseiro pode ocasionar acidentes domésticos e também pode ocorrer alergias devido a mistura de substâncias que muitas vezes nem constam nos rótulos como, por exemplo, as essências. Ela acrescenta ainda que na produção industrial são utilizados produtos que corrigem o pH da formulação e que água utilizada passa por um processo de purificação.

Sobre os riscos de misturar produtos prontos para o consumo como gel capilar com o álcool etílico (farmácia) no processo de produção caseira, Rosilene alerta sobre os riscos de acidentes provocados por reações químicas. Ela destaca que alguns produtos podem não ser compatíveis com o pH ideal do álcool, podendo assim até anular o seu efeito. Outro risco que pode ocorrer é o fato destes produtos conter essências que em contato com a pele pode desencadear vários níveis de alergia.

“Além disso, algumas pessoas acabam colocando álcool comprado em postos de combustíveis, que não é correto”, acrescentou.

Para Rosilene, não é aconselhável a fabricação do álcool gel em casa porque deve-se utilizar água apropriada, respeitar a alcoometria (concentração do álcool) e ser ajustado o pH. Há outros riscos domésticos que podem ocorrer.

Quando questionada sobre o principal diferencial entre o álcool gel de produção industrial e o de produção caseira, Rosilene aponta como principal diferencial qualidade do produto e a segurança durante o processo de produção.

“Na produção caseira não é possível verificar o pH. Se ficar muito ácido, por exemplo, pode ocasionar alergias e até mesmo queimaduras leves”, destacou.

A recomendação das entidades e dos profissionais da saúde é que o álcool gel ideal usado para a higienização das mãos deve ter uma concentração de 70% ou mais próximo possível. Visto como um poderoso aliado no combate da disseminação e contaminação do coronavírus e por ser de fácil aplicação, a maioria das pessoas tem adotado esse produto como sendo a melhor alternativa.

Contudo, Rosilene destaca que o álcool gel é apenas mais um aliado no combate de vírus e bactérias. Porém, é indispensável a lavagem correta e frequente das mãos, boca e narinas e que não existe um limite de vezes para utilização do álcool gel uma vez que ele deve ser usado sempre que necessário e em lugares nos quais não é possível a lavagem das mãos.

DEMANDA

A grande demanda apresentada nos últimos dias, em virtude do surto de coronavírus, fez com que o produto sumisse das prateleiras das farmácias e supermercados. Isso aumentou também a demanda de manipulação do produto de forma tão acentuada que alguns lugares estão com dificuldade de comprar o produto pronto e até mesmo matéria-prima ou embalagens para a produção.

 Sobre essa questão, Rosilene acredita que a demanda maior é agora, pois, todos estavam desprevenidos, mas que só continuará alta enquanto estiver no auge da pandemia. Enquanto essa demanda não é suprida, deve-se reconhecer que o uso do álcool gel é necessário, mas que não deve ser considerado a única medida protetiva.

“É importante o isolamento social quando possível, a limpeza doméstica e das roupas, o cuidado ao tossir e espirrar”, concluiu Rosilene.