"Eu estava bem e de repente comecei a me sentir estranha. Fiquei ansiosa, meu coração disparou, a respiração estava difícil, eu tremia. Foi horrível, eu achei que ia morrer. Quando começa eu já espero o pior, "aquilo" é muito maior, não consigo suportar. O caos toma conta de mim, é como uma tempestade que passa e deixa vários estragos. Eu me sinto arrasada, reduzida a nada. Eu sempre fico com muito medo de que aquilo ocorra de novo... Minha vida virou um inferno." (N.F.R. 21 anos)
Esse é o testemunho de alguém que tem a Síndrome do Pânico. Um assunto muito comentado e pouco esclarecido.
É chamada de síndrome devido à expansão de causadores, por isso, é tão complicado identificar à primeira vista se a pessoa está ou não com esse transtorno.
O Dr. João Stefanini, psicoterapeuta, diz que o medo é uma emoção, um sentimento que acompanha o indivíduo por toda sua existência. É absolutamente normal sentir medo. É ele que estabelece limites nas nossas vidas e nos permite a sociabilização. Mas quando esse medo passa a atrapalhar a vivência da pessoa, pode-se desenvolver algum tipo de fobia (medo de algo específico) ou algo ainda mais grave, que seria o pânico.
A Síndrome do Pânico é caracterizada pela ocorrência de freqüentes e inesperados ataques de pânico. Esses ataques, ou crises, consistem em períodos onde a ansiedade cresce numa intensidade que fica insuportável a ponto de não conseguir pensar e organizar idéias, e são acompanhadas de alguns sintomas específicos como uma alteração nos batimentos cardíacos, umas sensações de perda de equilíbrio, tontura, falta de ar, transpiração excessiva, pensamentos negativos, assustadores, como a morte e o desamparo.
Segundo Dr. João Stefanini, muitos estudos da psicanálise são voltados para a Síndrome do Pânico. O que há de concreto nessas pesquisas é que pessoas que tiveram situações não-resolvidas na infância apresentam uma propensão ao pânico.
Essas situações não-resolvidas são o desamparo que a criança sofre com a falta de afeto dos pais. Uma criança que cresce se sentindo segura e desejada por pais equilibrados, será determinada e portadora de um ego organizado. Dificilmente apresentará algum caso de transtorno do medo, explica.
Com a revolução tecnológica, o número de casos aumentou de forma significativa. As pessoas dobraram as horas de trabalho, o contato com outras pessoas se dá via internet, os pais vêem seus filhos em horários específicos, além de acreditar que a criação de um filho se resume a cuidar de sua higiene, alimentação e formação escolar.
O afeto é essencial para qualquer pessoa, venha de pais, filhos, namorados, cônjuges ou amigos. O importante é que ele seja base de qualquer relação interpessoal.
Para as pessoas que apresentarem os sintomas é imprescindível o tratamento acompanhado por um psicoterapeuta. No começo do tratamento às vezes ocorre o uso de algum antidepressivo ou ansiolítico para diminuir algumas sensações do pânico, porém não serão esses medicamentos que resolverão as crises. Só a psicoterapia é capaz de solucionar a doença.