Geral

Receita das MPEs paulistas em novembro de 2007 ultrapassa os R$ 22 bilhões



Pequenos negócios do comércio e da indústria são os principais responsáveis pela recuperação. Nível de pessoal ocupado não acompanha ritmo de crescimento

Em novembro/07, as caixas registradoras das 1,3 milhões de micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas guardaram R$ 22,7 bilhões, um acréscimo de 1,9% em relação ao mesmo período de 2006, já descontada a inflação. Este é o 10o. mês de 2007 em que as MPEs apresentam expansão no faturamento médio real (a exceção foi o mês de setembro). No acumulado do ano (janeiro a novembro/07 comparado a janeiro a novembro/06), a taxa de crescimento do faturamento real das MPEs foi de 3,2%.


Com base nestes dados, o diretor superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, mantém a projeção de crescimento da receita dos pequenos empreendimentos em 2007 no nível de 4%. É o melhor desempenho das MPEs em termos de faturamento nos últimos cinco anos.


“Acreditamos que as pequenas empresas vão recuperar a perda que tiveram no ano passado, quando fecharam no negativo em 3,5%. O ano de 2007 tem potencial para ser o ano inicial de um processo de recuperação mais duradouro para as pequenas empresas paulistas, graças à melhora nos fundamentos macroeconômicos e às melhoras no ambiente dos negócios. Entre estas melhoras estão a implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e o Programa Desatar o Nó, do governo do Estado de São Paulo, que vai reduzir a burocracia para abertura e a gestão de empresas. Acreditamos que em 2008 os pequenos negócios continuem em ritmo de recuperação moderada.”


Os empresários também estão otimistas: 50% esperam melhora de faturamento nos próximos seis meses e 43% acreditam que vai permanecer como está. É o índice mais alto de expectativas positivas desde que este indicador começou a ser medido, em 2005.


Estes são os principais resultados dos Indicadores SEBRAE-SP, pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), realizada com a colaboração da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), com 2,7 mil micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo, dos setores de comércio, indústria de transformação e serviços.


Mensalmente, são avaliados os índices de faturamento, pessoal ocupado, rendimento dos empregados, gastos com salários e expectativas das MPEs para faturamento da empresa e para a economia brasileira.

De acordo com Pedro Gonçalves, economista do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae-SP, o bom desempenho das micro e pequenas empresas é resultado da melhora do mercado interno. “Com a inflação sob controle, os trabalhadores começaram a recuperar seu poder aquisitivo, o que favoreceu as vendas das pequenas empresas no comércio. Outro fator importante foi o aumento das opções de crédito ao consumo na economia, o que alavancou as vendas de bens de maior valor unitário, por exemplo, veículos e eletroeletrônicos. Com o aumento das vendas desses bens, a indústria aumentou as encomendas para segmentos que fornecem peças e componentes, muitas vezes, indústrias de pequeno porte”, observa Gonçalves.

O nível do pessoal ocupado, no entanto, não acompanhou o ritmo do crescimento da receita e caiu 2,4% na comparação de 12 meses (novembro/07 sobre novembro/06), totalizando 5,6 milhões de pessoas (4,24 por empresa) trabalhando nos empreendimentos de pequeno porte da capital, Região Metropolitana de São Paulo, Grande ABC e interior.

Mesmo com esta queda, os pequenos negócios continuam respondendo pela maior parte dos postos de trabalho na economia. Para Gonçalves, a queda é bastante influenciada pelo desempenho do setor de serviços, que teve um ano fraco. Serviços foi o único setor com queda de faturamento real no acumulado do ano (-3,5%) e apresentou queda de 5% no pessoal ocupado na comparação de 12 meses (nov/07 X nov/06).

O rendimento real dos empregados nas pequenas empresas também apresentou alta na comparação de novembro de 2007 com novembro de 2006: 4,2%, acompanhando o índice medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostra que o rendimento médio dos trabalhadores cresceu 2,4%, na média das seis principais regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo).

O indicador de gastos com salários apresentou alta (3,6%) na comparação de 12 meses, índice puxado pela indústria (+7,8%), seguido pelo comércio (+6,8%), sendo que setorialmente as prestadoras de serviços registraram queda de 4,8%. A média da folha de pagamento nas MPEs em novembro foi de R$ 2.830,78.


Expectativa


A recuperação do faturamento nos últimos meses refletiu diretamente nas expectativas dos proprietários das MPEs. Em dezembro/07, para 93% dos entrevistados o faturamento de seus empreendimentos vai subir nos próximos seis meses (50%) ou manter-se estável (43%).

A pesquisa mede ainda a expectativa dos pequenos empresários com relação ao nível de atividade econômica. E o otimismo continua em alta. Em dezembro de 2007, 48% acreditavam na melhoria da economia nos próximos seis meses e 46% apostaram na estabilidade.



Setores

Setorialmente, as MPEs do comércio lideraram a expansão da receita nos últimos 12 meses, faturando 6,8% a mais que novembro do ano passado, seguido pela indústria (+2,2%). As prestadoras de serviços amargaram queda de 8% na receita.

No comércio, da mesma forma que nos meses anteriores, os segmentos que apresentaram maior alta de receita foram os do varejo, onde predominam setores como alimentos e vestuário e na indústria foram os bens de capital e duráveis (máquinas diversas).



Por regiões

Em novembro, os pequenos empreendimentos da capital e da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) registraram alta de faturamento (5,3% e 3,4% respectivamente). No interior, o desempenho das MPEs ficou estável (+ 0,2%) e as do Grande ABC apresentaram retração da receita (-7,7%), após 14 meses de recuperação. Novembro/07 contou com dois dias úteis a menos que novembro/06, o que afetou a receita de alguns segmentos, como os serviços de transporte. As regiões que vinham em expansão mais forte sofreram essa queda. No entanto, no acumulado do ano (janeiro a novembro) sobre o acumulado do mesmo período em 2006 o ABC (+7,4%) e o interior (+7,3%) lideram o crescimento.

A amostra da pesquisa é representativa das mais de 1,3 milhão de MPEs da indústria de transformação (11%), comércio (57%) e serviços (32%). Elas representam 98% das empresas formais. Além disso, os empreendimentos de micro e pequeno porte ocupam cerca de 67% da mão-de-obra do setor privado, em todo o Estado de São Paulo.

A pesquisa monitora o desempenho das MPEs em todo o Estado e apresenta dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 municípios) e interior.

O estudo completo está disponível em www.sebraesp.com.br, clicando em “Conhecendo a MPE”, seção “Indicadores”.



Desempenhos regionais

RMSP
(ERs Guarulhos, Mogi das Cruzes e Osasco)

De acordo com a pesquisa Indicadores Sebrae-SP as micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo apresentaram aumento de 1,9% no faturamento em novembro de 2007 sobre novembro de 2006. Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), em particular, as MPEs também tiveram um desempenho relativamente positivo: a receita real (descontada a inflação) das MPEs teve aumento de 3,4% em novembro/07 sobre novembro/06.

O bom desempenho da RMSP no mês de São Paulo é explicado pelos mesmos fatores que influenciaram positivamente o desempenho das MPEs na média do estado: melhora da renda, a partir da inflação sob controle e maior oferta de crédito (p. ex., via crédito consignado com desconto em folha de pagamento).

Apesar do resultado positivo no mês de novembro, no acumulado do ano (janeiro a novembro de 2007) sobre o acumulado do mesmo período de 2006, as MPEs da RMSP apresentaram um desempenho mais modesto que na média do Estado: no estado de São Paulo as MPEs registraram alta de 3,2% enquanto que na RMSP a receita real das MPEs ficou estável (variação de -0,2%).

A RMSP concentra relativamente mais empresas de serviços que a média do estado. Como o setor de serviços está com um desempenho mais modesto (indústria e comércio tem apresentado altas mais expressivas de faturamento), as MPEs da RMSP vêm crescendo menos que na média paulista.

Quando o consumidor tem problemas com o orçamento, como foi o caso do brasileiro nos últimos anos, costuma começar contendo os gastos de serviços (p.ex., alimentação fora do domicílio, lazer, viagens, cursos). À medida que a renda se recupera, esses gastos voltam a ser realizados. Assim, o setor de serviços depende de que a renda continue a crescer para se recuperar.

ABC

Para o mês de novembro de 2007 ante novembro de 20006, os Indicadores Sebrae-SP apontam para um crescimento de 1,9% no faturamento real das micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo, descontada a inflação, medida pelo INPC-IBGE. No mesmo período, as MPEs da região do Grande ABC apresentaram queda de 7,7% na receita real. Contribuíram para esse resultado:

(i) O fato do ABC apresentar uma base de comparação mais forte, ou seja, em novembro de 2006 a situação das MPEs do ABC quanto ao faturamento era melhor; e

(ii) O efeito calendário. Em novembro de 2007 houve dois dias úteis a menos que novembro de 2006. O menor número de dias úteis afetou de maneira mais forte as regiões onde as MPEs vinham crescendo a taxas mais elevadas. Particularmente, a parada na atividade econômica teve impacto nos serviços de transporte e nos serviços prestados a empresas, que dependem da demanda de outras empresas, e portanto, dos dias úteis.

No acumulado do ano (janeiro a novembro de 2007) sobre o mesmo período de 2006 as MPEs do ABC vêm apresentando desempenho superior quanto ao faturamento, com expansão real de 7,4% ante 3,2% na média do estado. A indústria de bens de consumo duráveis foi beneficiada pelas melhores condições de crédito na economia. Essa indústria, em geral, produz e vende bens de alto valor unitário (p.ex., veículos e eletroeletrônicos). Por essa característica, grande parcela de suas vendas é realizada por meio de financiamento. Esse movimento acabou favorecendo as MPEs que fornecem insumos e componentes (p.ex, galvanizados, usinados e artefatos de borracha e plástico) para o setor produtor de bens de consumo duráveis. O ABC é uma região com forte concentração de empresas desses segmentos, o que ajuda a explicar esse resultado.


Interior

Segundo a pesquisa "Indicadores Sebrae-SP" as micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo registram aumento de 1,9% no faturamento real em novembro de 2007 sobre novembro de 2006. No mesmo período, a pesquisa mostra estabilidade para a receita real das MPEs do interior (+0,2%). Contribuíram para esse resultado:

(i) O fato do interior apresentar uma base de comparação mais forte, ou seja, em novembro de 2006 a situação das MPEs do interior quanto ao faturamento era melhor; e

(ii) O efeito calendário. Em novembro de 2007 houve dois dias úteis a menos que novembro de 2006. O menor número de dias úteis afetou de maneira mais forte as regiões onde as MPEs vinham crescendo a taxas mais elevadas. Particularmente, a parada na atividade econômica teve impacto nos serviços de transporte e nos serviços prestados a empresas, que dependem da demanda de outras empresas, e portanto, dos dias úteis.

No acumulado do ano (janeiro a novembro de 2007) sobre o mesmo período de 2006 as MPEs do interior vêm apresentando desempenho superior quanto ao faturamento, com expansão real de 7,3% ante 3,2% na média do estado.

A melhora no desempenho das MPEs, para a média do Estado, é atribuída à recuperação do mercado interno, a partir da inflação sob controle e conseqüente melhora da renda dos trabalhadores e aumento da oferta de crédito ao consumidor. Quanto ao interior, em particular o crescimento acima da média do Estado foi puxado por alguns fatores adicionais:

(i) A expansão dos negócios da cana-de-açúcar; gerando uma movimentação de renda nas regiões próximas ao cultivo de cana, p. ex., por meio do pagamento de salários e conseqüentes gastos dos trabalhadores no comércio e serviços nas redondezas e compras de insumos (p. ex., sementes, fertilizantes e peças para máquinas) por parte dos produtos rurais;

(ii) A recuperação de preços de importantes produtos agropecuários, como leite e carne. Com a melhora da remuneração nesses segmentos, ocorre um movimento semelhante ao descrito em (i,), a partir de uma base um pouco mais deprimida; e

(iii) A melhora da atividade em regiões com concentração de indústrias que vendem bens financiados (crédito), p.ex., máquinas agrícolas veículos e autopeças, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, gerando um movimento semelhante ao descrito em (i).