O solo rachado, onde antes era um mar de água, expõe a situação dramática do nível do reservatório da Usina de Água Vermelha na região. Esta semana, o reservatório atingiu seu pior nível desde que o ONS – Operador Nacional do Sistema – a partir do apagão de 2000, começou a fazer o acompanhamento diário do nível de todos os reservatórios de hidrelétricas pelo Brasil. Na quinta-feira, 26, o boletim do ONS indicava que o reservatório estava com apenas 1,62% do seu volume útil, superando setembro de 2001, quando o índice chegou a 5,68% (veja quadro).
Para explicar, o volume útil é o efetivamente destinado à operação do reservatório, ou seja, para a geração de energia. O reservatório ainda conta com o chamado “volume morto” que corresponde à parcela do volume total do reservatório inativa compreendido abaixo do nível mínimo operacional (volume útil).
A empresa AES Tietê, que nesta semana anunciou sua nova denominação (agora é AES Brasil) nega que a queda verificada nesta semana esteja relacionada a realização de testes de abertura das comportas entre os dias 16 e 20 de novembro. Antes do teste, o nível estava em 7%.
“Os testes de abertura das comportas não interferem no nível do reservatório. O que faz com que o nível esteja baixo é a falta de chuva”, disse a empresa ao responder questionamento de CIDADÃO.
De fato, o ano de 2020 está sendo atípico em chuvas. De acordo com dados da estação do Ciiagro – Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas – em Fernandópolis, o volume acumulado de chuvas de janeiro até o último dia 17 de novembro é de 595 milímetros (cada milímetro corresponde a um litro d´água por metro quadrado). Isso é menos de 50% da média anual de chuvas na região.