Saúde

Riscos de infarto aumentam até 30% no inverno, alerta cardiologista



Riscos de infarto aumentam até 30% no inverno, alerta cardiologista

As ondas de frio que afetam o dia a dia dos fernandopolenses desde maio, aumentam os riscos de infarto, alertou o médico cardiologista do IACor – Instituto Avançado do Coração – da Santa Casa de Fernandópolis, Dr. Rodrigo Araújo, durante entrevista ao programa Rotativa no Ar da Rádio Difusora FM após dois casos de infarto agudo registrados na cidade. 
Números da Divisão Regional de Saúde mostram que durante o inverno do ano passado, 347 pessoas morreram na região em decorrência de problemas do aparelho circulatório. 
“Sabemos que as doenças cardiovasculares, infarto agudo do miocárdio e mesmo AVC – Acidente Vascular Cerebral -, tem uma prevalência maior nestes períodos mais frios”, diz o médico. “As baixas temperaturas, levam os vasos sanguíneos a contração reduzindo o fluxo de sangue nas extremidades do corpo, pés e mãos. O aumento da pressão arterial decorrente desse efeito, dessa vasoconstrição, é um fator de risco para a eventos cardiovasculares”, assinala.
Segundo Araújo, quando tem um estresse com a pressão arterial aumentada, faz com que aquela placa de gordura dentro das artérias, que vai se formando ao longo do tempo, a partir dos 15, 16 anos, se rompe com o surgimento de um trombo com obstrução total da coronária, o que causa o infarto. “Temos aumento de até 30% dos casos de infarto nestes períodos mais frios. Sabemos que esses períodos vamos atender mais infartos, mais pessoas com dor no peito”, reforça.  
São vários os fatores que contribuem para a formação da placa nas coronárias: tabagismo, diabetes, hipertensão, obesidade, sedentarismo e estresse, lista o médico. O agravante é que no período mais frio, as pessoas ficam mais sedentárias.  
E quando vem o alerta? O cardiologista cita a dor no peito como sintoma mais característico, principalmente durante uma atividade física, associada ao cansaço. “Essa dor jamais pode ser ignorada”, alerta. Mas, há casos em que ocorre de forma silenciosa e atípica, principalmente em grupos de diabéticos, mulheres e idosos. 
Quando ocorre uma morte súbita, o infarto fulminante, é comum ouvir, “mas a pessoa nunca teve nada”. Segundo o médico, a tendência do paciente é sempre minimizar o quadro de dor.  
A doença cardiovascular é a que mais mata no mundo. Em 2021, foram registradas 150 mil pessoas no Brasil, aumento de 7% no primeiro semestre. 
“Isso é muito. É uma doença silenciosa, pode ter sintomas ou não, por isso a prevenção é a melhor forma de reduzir o fator surpresa. Temos vários exames nesse arsenal de tentativas de diagnóstico da doença coronariana. Começa com os exames de sangue e os menos invasivos que darão uma visão básica. A via final será o cateterismo, mais invasivo”, cita.
O cardiologista Rodrigo Araújo diz que se pudesse eliminar uma doença do mundo, escolheria a hipertensão. “Hipertensão é uma coisa gravíssima, que vem acompanhada de muitas doenças que impactam a saúde. A hipertensão aumenta a chance de infartar, ter um AVC, uma doença renal, atingir outros órgãos. É uma doença silenciosa que causa um estrago absurdo e que temos que tomar cuidados”, alerta.  
O médico cita um exemplo: uma pessoa com pressão 14 por 9 (140 por 90 mm). Se baixar para 130, ou seja, 10 milímetros, tem uma diminuição de 20% de infarto, de 27% de AVC e 29% de insuficiência cardíaca. “Olha o impacto que isso tem na saúde do indivíduo”, exalta. E deixa uma dica: “o melhor remédio que existe é o exercício físico.  Não existe remédio melhor inventado pelo homem do que o exercício físico”.