Saúde

Santa Casa pede socorro financeiro ao Estado para conter turbulências



Santa Casa pede socorro financeiro ao Estado para conter turbulências

Ambiente de turbulência voltou a agitar os bastidores da Santa Casa de Fernandópolis (ainda sob intervenção) nos últimos dias por conta de questionamento de médicos sobre atraso de pagamentos e possibilidade de suspensão de atendimento. O assunto repercutiu na Câmara, onde os vereadores cobraram mobilização. 
O provedor e administrador judicial da Santa Casa Marcus Chaer, em entrevista à Rádio Difusora na quinta-feira, 5, disse que “esse tipo de conversa (sobre possível paralisação) que está ocorrendo não ajuda em nada o trabalho de recuperação do hospital”.
Ele explicou que a situação da Santa Casa decorre do corte de repasses e o aumento de custos gerados pela pandemia. “A gente vinha avisando o poder público de que a situação era complicada, que era crítica. Tudo está subindo e vai chegar um momento que se não houver aumento de recursos nós vamos sangrar mais que o normal”, disse o provedor, ao comentar que o fechamento do balanço de 2021 teve redução da dívida e superávit, indicando que a gestão está no caminho certo. 
Nesta sexta-feira, 6, Chaer participou de uma reunião em Votuporanga da Federação das Santas Casas para discutir o corte de repasses por parte do programa “Mais Santas Casas” e a tarde tinha reunião agendada na prefeitura com o prefeito e vereadores
Para o provedor, houve uma combinação perversa de corte de repasses e aumento de custos. “Logo que assumimos e até a pandemia, com 450 a 500 mil a gente fazia estoque para 90 dias. Hoje gastamos perto de 700 a 800 mil por mês e não conseguimos fazer estoque. Os preços subiram de maneira absurda. A conta de luz dobrou”, citou.
Na entrevista o provedor diz que vem pedindo socorro financeiro ao Estado, Governo Federal e todos os meios possíveis para evitar o pior.  Ele reconhece pagamento de médicos em atraso. “De fato, tem algumas coisas atrasadas, acho justo da parte dos médicos que trabalharam e tem que receber, mas acho que tem que haver uma sensibilidade geral porque não é de hoje esse problema. Não começou hoje, começou anos atrás”.
Chaer citou que a discussão no corpo clínico da Santa Casa gerou clima tenso, uns concordando com paralisação e outros afirmando que iriam vestir a camisa do hospital. 
“Pode chegar um momento que, sem essa ajuda, vai ficar mais complicado, não ser possível fechar o mês e pagar ninguém. Não tem como manter contratos e um hospital desse porte se não tiver recursos. Se tem recursos para vir com qualquer outra gestão, porque não vir agora. Se for o HB (Hospital de Base), que a gente sabe já esteve lá no processo, porque não vir o recurso agora”, cobrou.
Para ele, o risco de voltar a situação anterior, do hospital ficar devendo vários meses ou atrasar salários de funcionários é real. 
Questionado se o atendimento no hospital está normal, Chaer afirmou: “Normal não está. Mas, não vejo o problema dessa maneira. Tivemos a paralisação de alguns funcionários e alguns médicos no dia da manifestação das Santas Casas. Teoricamente após isso o atendimento era para estar normalizado. A questão era que não havíamos voltado a realizar as cirurgias eletivas. Neste sentido, do começo ano pra cá na questão das eletivas, as coisas não mudaram. Quanto mais tempo demora para voltar, pior para a Santa Casa porque pode impactar o ano que vem”, alertou.
“O tempo limite para a Santa Casa começou a contar com o corte de recursos, como uma bomba relógio. Creio não ser do interesse do Estado ou governo federal que a Santa Casa pare o atendimento”, enfatizou.