Saúde

Santa Casa troca provedor; sai Tom Zé, entra Júnior Sequini



Santa Casa troca provedor; sai Tom Zé, entra Júnior Sequini
O empresário José Sequini Júnior assume interinamente a provedoria da Santa Casa de Fernandópolis até 2008. Com o afastamento do então provedor, Antônio José Zaparolli, a mesa diretora decidiu transmitir o cargo em solenidade realizada na noite de ontem, às 21h30 no Clube dos Médicos.

Júnior, que é o secretário da mesa diretora, acumulará o cargo provisoriamente. As recentes promoções realizadas para angariar fundos utilizados na compra de aparelhos para o hospital tiveram a participação ativa do provedor empossado.

“Não pretendo fazer mudanças na diretoria, o que farei será convidar pessoas para preencher cargos eventualmente vagos”, disse Sequini.

REESTRUTURAÇÃO
A atual Mesa Diretora tomou posse há um ano com o objetivo de sanear as finanças do hospital e dar fim à “cultura do desperdício” ali existente, como disse na ocasião um dos membros da Mesa (jornal CIDADÃO, edição de 25 de fevereiro de 2006).

Apurou-se na época, entre outras coisas, que havia muito desperdício de material e que os gastos com telefones eram absurdos. A dívida da Santa Casa era considerada “impagável” por muita gente. Mesmo assim, as campanhas e a racionalização de gastos que foram empreendidas pela Mesa mudaram um pouco o quadro – não a ponto de tirar a Santa Casa da crise que a fustiga.

Agora, depois de mais de duas décadas no comando do hospital (como administrador hospitalar, como provedor ou acumulando os dois cargos) Antonio José Zaparoli, o “Tom Zé”, deixa o posto. Autor de várias obras de ampliação na Santa Casa – inaugurou há alguns meses uma nova ala, com mais de 40 leitos -, Tom Zé acabou sucumbindo à dura realidade dos reduzidíssimos repasses do SUS, ao alto custo operacional e até mesmo ao atraso do repasse de verbas destinadas por força de lei.

EXEMPLO DE FORA
Observadores torcem para que Junior Sequini aproveite o exemplo que vem de Votuporanga, onde o empresário Nasser Marão Filho assumiu a provedoria da Santa Casa local, há pouco mais de três anos, e realizou um profundo trabalho de reformulação, com corte de gastos, política de aproximação com o governo do Estado, obtenção do apoio popular e revisão na distribuição do lucro.

Na ocasião, Marão inverteu as percentagens entre os valores que ficavam com o médico e com o hospital – até então, a parte do leão ia para o profissional. Não demorou para que a dívida da Santa Casa de Votuporanga tivesse uma redução de R$ 1,8 milhão. O secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, chegou a afirmar que “a Santa Casa de Votuporanga é um modelo de administração de saúde para o resto do país”.


VOTUPORANGA
O provedor da Santa Casa de Votuporanga, Nasser Marão Filho - Juninho Marão, entrega o cargo em abril. Foram quatro anos à frente da diretoria que remodelou todo o hospital. O empresário citou que neste período esteve em vários eventos da cidade e região representando a Santa Casa de Votuporanga, mas um grande grupo de diretores ajudavam na administração do hospital. "A minha presença como provedor, na verdade, é uma situação de estar respondendo à frente da instituição. Costumo dizer que não é o Juninho que está deixando a provedoria e sim um grupo de pessoas que assumiu um projeto, dividindo as responsabilidades. O foco fica voltado muito em mim, mas é um grupo de pessoas hoje envolvidas e esse grupo continuará dando continuidade no trabalho da Santa Casa", contou. O provedor relembrou que assim que o grupo assumiu a Santa Casa, nenhum dos integrantes tinham conhecimento sobre administração hospitalar. Ele citou que o médico Gilberto Scarazatti, que na época era o diretor superintendente da Santa Casa de Limeira, ajudou o grupo com dicas e planejamento. Juninho não informou quem será o novo provedor, mas indicou que será alguém do grupo que ele liderou nestes quatro anos. "Não definimos ainda quem será o provedor. Acredito que quem assumirá é uma pessoa de dentro da Santa Casa, que trabalhou junto com a gente. Continuaremos ali, trabalhando sempre. O hospital tem tendência a crescer na cidade e na região", falou. Há informações de que o novo provedor deverá ser o empresário Luiz Amarilha Bressan.

Dificuldades
O provedor comentou que não somente a Santa Casa de Votuporanga passa por dificuldades financeiras, como também os demais hospitais do Brasil. "É importante que as pessoas saibam que todas as santas casas estão fechando, infelizmente pelo baixo nível de remuneração que o SUS repassa para elas. E as santas casas têm volume considerável de atendimentos do SUS. Nossos atendimentos são cerca de 70 a 80% por este plano. Acredito que nós conseguimos fazer em Votuporanga uma somatória de esforços e transformar em referência", conclui. (Jornal A Cidade, de Votuporanga, edição de 23 de fevereiro de 2007)