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São Paulo terá selo de qualidade de frutas nacionais



São Paulo terá selo de qualidade de frutas nacionais
Embora seja responsável por grande parte da safra nacional de banana, frutas cítricas e morango, São Paulo não tem certificação de sua produção frutífera. Considerado um passaporte para a entrada no mercado internacional, o selo de garantia assegura que o alimento é de melhor qualidade, tem menos agrotóxico, é saudável e mais seguro (está livre de qualquer tipo de agravante à saúde humana). O Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem-SP) está em processo de habilitação para emitir o selo de qualidade. A expectativa é que no próximo semestre os técnicos do instituto comecem as visitas aos pomares para conceder a certificação aos produtores.

A preferência do mercado internacional por produtos certificados talvez explique o fato de o Brasil exportar menos de 2% da produção frutíferain natura, mesmo sendo o terceiro maior produtor mundial, com 39 milhões de toneladas por ano, de acordo com a Secretaria do Comércio Exterior (Secex). No caso de São Paulo, as frutas ficaram em terceiro lugar no ranking de exportações do agronegócio em 2007, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), que também se baseia nas informações da Secex. Mas esse resultado se deve ao suco de laranja, já que o Estado é o maior produtor mundial.

A maçã, produzida no Rio Grande do Sul, foi a primeira a ter selo de qualidade. Depois foi o pêssego. Em Santa Catarina também são cultivadas as duas frutas com certificação. Ambas são identificadas com o selo de Produção Integrada de Fruta (PIF). Reconhecido internacionalmente, o selo, criado em 1999, segue as recomendações e os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A manga, a uva e o mamão (provenientes do Vale do São Francisco, na Bahia) também são identificados com o selo.

Preferência por certificados – Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco são outros Estados que adotaram o selo de Produção Integrada de Fruta. A certificação das frutas não é compulsória, mas tem crescido o número de unidades da Federação que aderiram às chamadas ‘Boas Práticas Agrícolas’ para ter seu produto identificado com o selo. A tendência é aumentar cada vez mais a adesão, já que as vantagens são muitas. “Valoriza a fruta, adiciona valor sem necessidade de transformar o alimento, permite a participação em mercados exigentes e seletivos, reduz custo, aumenta a proteção ambiental e o mercado prefere produtos certificados”, enumera José Fábio de Campos, coordenador do Programa de Certificação de Produtos do Ipem-SP.

A previsão é que o mercado interno siga a tendência do internacional e passe a preferir comprar produtos certificados. O Ipem-SP tem experiência em certificação de produtos agrícolas. A cachaça paulista é certificada pelo instituto. O processo de avaliação não é o mesmo, mas há semelhanças, ressalta o coordenador. As exigências dos países importadores de frutas brasileiras não requerem mudanças radicais, mas garantem muitos benefícios e envolvem ajustes em toda a cadeia produtiva, explica Campos.
Superávit – De acordo com o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) 70% da produção nacional segue para a União Européia. Em 2006, o setor de frutas frescas fechou a balança comercial com superávit de US$ 477 milhões. A certificação avalia a condição externa do fruto, verifica o sistema de produção, analisa resíduos no alimento e faz estudos sobre impacto ambiental provocado pelo pomar. A segurança alimentar, as condições de trabalho (sem emprego de mão-de-obra infantil ou escrava) e higiene e saúde humana também são averiguadas.

“Da seleção de sementes, escolha de mudas saudáveis, qualidade do solo, plantio, colheita, condições da fruta, armazenamento até chegar ao consumidor, tudo é checado e deve estar de acordo com os padrões de exigências e normas específicas estipulados pelo PIF”. Os pomares paulistas ocupam área média de 30 hectares, estão espalhados em 14 municípios e a maioria dos proprietários são pequenos agricultores, segundo o Ibraf.