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Saudades do Ribeirão Santa Rita



Saudades do Ribeirão Santa Rita
Em 1988, voltei a morar em Fernandópolis, depois de mais de década e meia em São Paulo. Uma das primeiras notícias de que tomei conhecimento por aqui foi o alto nível de poluição em que se encontravam as águas do Ribeirão Santa Rita.

Naquela época, a Assembléia Nacional Constituinte debatia os termos da nova Constituição que seria promulgada em 5 de outubro daquele ano e, entre outras coisas, daria muitos poderes ao Ministério Público para coibir as ações de degradação ambiental.

Lembro-me de ter feito uma matéria na propriedade rural do Edijair Tosta, lá pelas bandas de Boa Esperança, local banhado pelas águas do Santa Rita. Uma égua morrera envenenada ao beber da água do ribeirão!
A situação melhorou um pouco nos últimos anos, mas o Santa Rita nunca mais foi o mesmo.

Na década de 60, eu era menino, e um dos meus amigos de infância, o Crico (sujeito genial, lamentavelmente falecido em 1998, aos 45 anos) era neto de Argemiro Cristófaro, nosso vizinho, um pescador fanático.
O velho, cujo apelido era “Tio Á”, sempre nos levava para pescar no Santa Rita, de água cristalina e fartura de peixes.

Só para que os mais jovens tenham noção: uma pescaria no Santa Rita significava pescar das 7h ao meio-dia, por exemplo, almoçar e passar o resto da tarde limpando peixe!
Eram tambiús e lambaris (às centenas), tabaranas (faz anos que não vejo uma) e piaus três-pintas. Quando a água estava suja, dava muito bagre. À tardinha, era o momento das traíras. Tudo isso a poucos quilômetros de distância de Fernandópolis.

É verdade que há prioridades administrativas, mas quem sabe um dia o município possa executar um grande projeto de recuperação, reflorestamento e repeixamento das águas do nosso maior curso d’água. O Santa Rita merece.