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“Sempre amei ter meus filhos perto de mim”



“Sempre amei ter meus filhos perto de mim”

O casamento, a instituição familiar, o sonho de construir uma linda família em algum momento da vida, seja ele ainda na juventude ou não, como um filme repetido na tela da TV, sempre passa diversas vezes na cabeça de um homem. Sem menosprezar o valor de cada experiência que faz parte desse processo, a verdade é que nenhuma delas é mais intensa e duradoura do que a de ser pai. E quem já viveu essa realidade, sabe que de fato, nada pode ser mais importante ou prazeroso do que a sensação de poder abraçar, sentir e chamar alguém de filho.
Na maioria das vezes, esse privilégio exige o dobro de responsabilidade e de sacrifícios pessoais como é o caso de Wilson de Oliveira Santos, 54 anos, viúvo, pai de três filhos, Wellington, 26; Poliana, 20 e Henry 9 anos. 
Ele ficou viúvo aos 44 anos, com um filho de 17 anos, uma filha de 11 e um bebê 58 dias de vida para cuidar sozinho enquanto suportava a dor provocada pela perda da mulher amada. 
“Aos 26 anos de idade, conheci a minha falecida e única mulher, Adriana. Éramos um casal jovem. Ela tinha 17 anos e decidimos morar juntos. Logo ela veio a engravidar e perdeu o bebê. Ela teria que ficar um ano sem engravidar. Dois meses depois, estava grávida do Wellington, primeiro filho nosso. Seis anos depois, minha filha Poliana veio ao mundo, uma gravidez de risco. Onze anos mais tarde, a terceira gravidez, a do Henrry, também gravidez de risco. Minha esposa passava muito mal com pressão alta”, contou Wilson.
É verdade que nem sempre a vida conjugal dá opções para as pessoas escolherem o que querem realmente viver ou simplesmente abrir mão de tudo e recomeçarem de novo quantas vezes forem necessárias. Há perdas irreparáveis como, por exemplo, a da pessoa amada.
“O Henry nasceu prematuro. Mas, a minha esposa ainda continuava passando mal. Começou a perder a força nas pernas, foi levada ao hospital e teve que ser internada e foi diagnosticada com a síndrome de Guillain Barré (um distúrbio autoimune, ou seja, o sistema imunológico do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo). Ela já estava fraca. Não conseguiu lutar e veio a óbito. Perdi a minha esposa de apenas 34 anos”, disse. 
É o tipo de experiência que nenhum homem gostaria de viver. Mas a vida segue e uma hora, a dor e o vazio deixado pela perda dão lugar à esperança e ao amor.
“Meu mundo desabou. Muitas vezes eu chorava escondido para dar força para eles. E tinha que ser forte. Tinha que criar meus filhos”, revelou.

A partir de então, Wilson encontrou em Deus e nos amigos, a força que precisava para seguir em frente. Afinal de contas, viúvo e com três filhos para criar, a vida tinha que seguir mesmo que em alguns momentos, o seu íntimo clamasse por dentro. 
“Deus estava comigo e havia colocado duas pessoas abençoadas na minha vida, a madrinha do meu filho Wellington, a Cleusa, que ficou com a minha filha o tempo todo. E também foi ela que havia ficado com a minha mulher todo o tempo quando internada. Outra pessoa que eu tenho muito a agradecer é a Fátima que fez coisas por mim que só uma mãe faz por um filho. Ela olhou o Henry para mim desde quando ele veio para casa até hoje, ele que já está com 9 anos de idade”, relata.
O fato de ser um pai amoroso, um homem de família, ajudou Wilson a recomeçar a vida sem a sua esposa amada. Esse episódio triste em nenhum momento fez com que ele pensasse mais em si mesmo do que nos filhos.
“Foram nos momentos difíceis como pai que eu me encontrei mais forte e usei até os meus filhos para ter mais forças para conseguir seguir em frente”, destacou Wilson. 
Com o passar do tempo, uma nova rotina estava instalada na casa daquela família. Agora, sem a matriarca, pai e filhos seguiram em frente cada vez mais unidos. O laço forte com o filho mais novo está presente em cada gesto, em cada palavra, na maioria das fotos que tira nos momentos em família. Uma herança materna que teve que herdar quando Henry ficou órfão com apenas 58 dias de vida.
“O Henry ficava com a Fátima o dia todo e eu buscava ele a tarde quando chegava do serviço. Pois, sempre amei ter meus filhos perto de mim. E gosto até hoje”, finalizou.