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“Sentia que Deus me chamava para assumir algo maior”



“Sentia que Deus me chamava para assumir algo maior”
O padre José Aparecido Ferro Martinez - mais conhecido como padre “Zezinho” - será o novo pároco da Igreja Matriz. Ele foi nomeado recentemente pelo bispo dom Demétrio Valentim, de Jales, e assumirá a partir do próximo ano o lugar do padre Carlos Augusto Fabbri, que ficará afastado por um ano para tratar da saúde. Zezinho atualmente desenvolve trabalhos na paróquia da Brasilândia e é reitor em um seminário de São José do Rio Preto. Durante a entrevista, o pároco falou sobre suas expectativas e projetos para 2009.

CIDADÃO: Quando o senhor recebeu a notícia de que assumiria a paróquia da igreja Matriz de Fernandópolis?
PE. ZEZINHO: Desde meados de novembro, quando foi feita uma reunião de conselho. A gente não divulgou antes porque ainda estávamos decidindo quais os padres que iriam assumir outras paróquias. Tudo foi decidido na reunião de conselho com os presbíteros, pois o bispo não decide sozinho. Eu recebi a notícia com muita alegria, carinho, mas sabendo que é uma responsabilidade muito grande. Assim como o seminário de Rio Preto – do qual sou reitor desde 2002 – também é uma grande responsabilidade. Em seguida o bispo pediu para que eu indicasse alguém para ficar no meu lugar na paróquia da Brasilândia e eu indiquei o padre Claudemir e ele aprovou. Eu nunca vislumbrei isso, no meu ministério sempre me dispus a fazer tudo o que me era proposto. Sempre me coloquei à disposição.

CIDADÃO: Quais as expectativas para o novo trabalho?
PE. ZEZINHO: As expectativas são de continuar o trabalho que já vem sendo feito com as equipe – que até já conheço, pois estou aqui há cinco anos. Com certeza o padre Carlos deve me passar todas as diretrizes, me pôr a par de tudo, das pastorais, vou ver como estão. Mas no primeiro momento a atitude é continuar aquilo já existe e futuramente impulsionar e fortalecer o que for preciso. Por enquanto ainda não tenho nenhum projeto em mente para implantar, pois é com o passar do tempo que você vai conhecendo o local, as pessoas e as necessidades.

CIDADÃO: O senhor ficará na Matriz apenas até o padre Carlos se restabelecer ou é definitivo?
PE. ZEZINHO: A proposta que eu recebi é de assumir a Matriz. Quando o padre Carlos voltar será feita uma reunião para decidir o que será feito com ele, mas a proposta que eu recebi foi para assumir. A gente espera que ele se recupere e tenha ânimo para voltar ao trabalho.

CIDADÃO: Atualmente o senhor está na paróquia da Brasilândia?
PE. ZEZINHO: Há quatro anos desenvolvo trabalhos na Brasilândia, estou lá todos os finais de semana. Eu venho toda sexta-feira de Rio Preto, porque eu fico no seminário. Nós temos uma casa em Rio Preto onde moram os seminaristas e eu fico lá, de domingo à noite até a sexta-feira à tarde. Na sexta à tarde cada seminarista vai para uma paróquia e eu venho para cá. Eu atendo todo sábado de manhã na secretaria paroquial da Brasilândia, visito os doentes, ajudo duas comunidades - Wilfredo Nazareth e Cohab Antônio Brandini - tenho duas missas na Matriz durante o mês. No segundo domingo às 18h e no quarto às 8h30.

CIDADÃO: Há quanto tempo o senhor é padre?
PE. ZEZINHO: Dia 30 de outubro fez 15 anos. Quando eu terminei o seminário - naquela época, a gente terminava o seminário e ia fazer estágio em uma paróquia - fui para a catedral de Jales, fiquei dez meses fazendo estágio, depois fui ordenado e, em seguida o dom Demétrio me deu a carta para assumir a catedral. Lá fiquei cerca de um ano e dois meses, depois fui para Palmeira D´Oeste, onde fiquei oito anos. Fui também coordenador de pastoral da Diocese, coordenador da pastoral da juventude por onze anos, tive também um horário em um programa de rádio por onze anos, fiz parte do conselho de presbíteros, ajudei na liturgia da Diocese e vários outros trabalhos. Sempre que precisavam, eu estava à disposição. Depois vim para Jales novamente, fiquei um ano morando com dom Demétrio, ajudando na Diocese. Para mim foi um ano de muito trabalho, eu assumi a pastoral vocacional, que ajuda às pessoas a discernir qual a sua vocação, se é ser padre ou religioso, ser freira, ser irmã. E ia também para Rio Preto toda semana, como faço hoje. Depois de um ano eu vim para Fernandópolis.

CIDADÃO: Como se deu o seu chamado ministerial?
PE. ZEZINHO: Eu sempre fui muito tímido, morava no sítio, trabalhava na roça. Fiz até a quarta série, depois parei de estudar, pois não tinha condições financeiras. Quando passamos a morar na cidade eu voltei a estudar, foi então que eu comecei também a participar da igreja, ir mais à missa, participar mais do grupo dos jovens. Fui chamado para ser ministro da eucaristia e era incentivado pelas pessoas a participar de tudo. Até cerca de 20 anos eu não pensava em ser padre, mas um dia uma professora na escola, ao ensinar sobre história da igreja católica no Brasil, me suscitou várias dúvidas, uma delas, que eu fiz questão de lhe perguntar, foi de como se fazia para entrar em um seminário. Ela disse que não sabia, mas que ia perguntar para alguém que soubesse responder. Embora eu andasse muito com o padre eu nunca havia lhe perguntado. Quando foi um dia ele me chamou para conversar e a gente começou uma caminhada, eu comecei a participar de encontros na Diocese e da comunidade, tudo o que tinha para fazer eu estava disposto. A minha vida era trabalho, estudo e comunidade. Eu trabalhei em uma usina de algodão por oito anos, de padeiro e, por último, de vigia em um banco. Cheguei a prestar um concurso para trabalhar internamente, mas com eu já havia decidido ir para o seminário, resolvi deixar para outro. Pensei em ser padre porque eu já desenvolvia muitos trabalhos na comunidade e alguma coisa dizia para mim: você pode ir além. E os encontros foram me ajudando a pensar melhor na decisão que eu estava tomando. Sozinho a gente acaba não decidindo muito, mas os padres e a própria comunidade foram me ajudando a responder muitos questionamentos. A gente nunca responde a um chamado sozinho. O próprio questionamento que as pessoas fazem quando ficam sabendo que alguém vai se dedicar a Deus, para mim não foi uma barreira, mas me ajudou a decidir. Eu sentia que Deus me chamava para assumir algo mais do que eu já assumia. Eu sempre fui muito animado, tinha muita vontade de fazer diversas atividades, de lutar pela igreja. Até hoje uma das minhas características principais como padre é a visitação. Eu não passo uma semana sem visitar os doentes. Se eu não fosse padre eu faria do mesmo jeito. Como sacerdote para mim é uma alegria muito grande estar disponível para ajudar as pessoas e suprir as necessidades que elas têm.