Polícia

“Sinal Vermelho” usado em campanha de violência contra a mulher ajuda PMs prender agressor



“Sinal Vermelho” usado em campanha de violência contra a mulher ajuda PMs prender agressor

Em junho de 2020, o CNJ - Conselho Nacional de Justiça - e a AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros - lançaram a campanha Sinal Vermelho para a Violência Doméstica. A iniciativa tem como foco ajudar mulheres em situação de violência a pedirem ajuda nas farmácias do país. E foi este sinal que uma vítima usou para ser resgatada do agressor em Fernandópolis.

A ocorrência foi registrada na tarde desta quarta-feira, 10. Policiais militares do 16º Batalhão de Polícia Militar do Interior detiveram um agressor que ameaçava a ex-companheira no shopping center da cidade. Ela desenhou um “x” na palma da mão para pedir ajuda.

Os policiais foram acionados através do 190 por populares informando a mulher estava na praça de alimentação do shopping da cidade sofrendo várias ameaças após o término do relacionamento. Mesmo na presença de outras pessoas, a vítima teve a bolsa tomada pelo agressor, de modo que não pudesse tentar fugir ou usar o celular para pedir ajuda. Ela foi impedida de sair da mesa e ameaçada de morte com uma faca que estava na mesa.

Apavorada, em uma última tentativa de pedir socorro, a vítima usou um código da campanha “Sinal Vermelho” ao pedir para retocar o batom. Ela desenhou um X vermelho na palma da mão para sinalizar que estava sofrendo violência. Após ser acionada, a Polícia Militar compareceu rapidamente no local e constatou o flagrante da ameaça. O agressor foi conduzido ao Distrito Policial e permaneceu à disposição da Justiça.

Sobre a Campanha

O lançamento, feito por meio dos canais do CNJ e da AMB no YouTube, contou com a participação do presidente do CNJ, ministro Dias Toffoli. Em um vídeo, ele citou dados que revelam o aumento da violência doméstica contra as mulheres durante a pandemia e reforçou a importância da participação de toda a sociedade para o êxito da campanha. “O cenário de violência doméstica tem estado ainda mais cruel nesse período de pandemia. A combinação do isolamento com o comportamento controlador e abusador do parceiro, o consumo de álcool e drogas, o desemprego, entre outras circunstâncias agravantes, potencializam o risco de agressão”, disse.

“A Constituição de 88 projeta em cada mulher brasileira uma vida livre, justa, plena de direitos. Como fenômeno social, a violência doméstica e familiar contra a mulher precisa ser combatida e seu enfrentamento deve ser caracterizado por ações integradas em diversas frentes. O Conselho Nacional de Justiça, órgão central de controle e planejamento estratégico do Poder Judiciário, ciente da necessidade de promover tais ações, oferece por meio da Campanha Sinal Vermelho um canal alternativo e seguro de denúncia e acolhimento, e de combate à violência de gênero”, afirmou Toffoli.

Inovação e caráter humanitário

Para a juíza Renata Gil, presidente da AMB, que também faz parte do GT, o projeto, inovador, pode vir a ser uma ação inédita que tenha efeito global. “Mulheres estão morrendo em todo o mundo por não estarem conseguindo ajuda. Estudo recente revelou que apesar do aumento da violência nesse período de isolamento, nenhum país do mundo conseguiu aplicar uma política pública que ajudasse a protege-las na pandemia. Essa campanha pode ser uma saída”, disse.

“Com o isolamento social por causa da pandemia, as mulheres estão sendo mantidas, inclusive, em cárcere privado. Nós já recebemos várias denúncias nesse sentido. Por isso é tão importante a campanha silenciosa. Ela se dirige exatamente as mulheres que possuem dificuldade de denunciar”, reforçou a presidente da AMB.

O ministro da Justiça, André Mendonça, que também participou do lançamento, elogiou o “caráter inovador e humanitário” da campanha, idealizada no CNJ, durante a presidência do ministro Dias Toffoli. “Sinal vermelho é um sinal de chega, de basta, de mudança de direção. Esse é um projeto importante, que traz não apenas a vulnerabilidade em que se encontram as mulheres, mas também nos remete a uma violência que atinge crianças, idosos. O trabalho do CNJ converge com nossos ideias de segurança pública e afirmo que o ministério está com as portas e corações abertos para todos aqueles que querem proteger as mulheres e as pessoas vulneráveis vítimas de crimes”, afirmou.

O corregedor de Justiça do CNJ, ministro Humberto Martins, lembrou que a violência contra a mulher vem sendo objeto de amplo debate no CNJ desde 2007. “O Conselho nunca se omitiu de cumprir seu papel precursor de elaborador de políticas que envolvam ações de combate à essa violência que tem retirado a liberdade, a voz, a dignidade e a vida de mulheres nesse país. Em conjunto com toda essa rede e a sociedade, o CNJ une sua voz para enfrentar esses crimes, ajudando, acolhendo, informando, abrigando, visando exclusivamente salvar vidas”, disse.

União e apoio da sociedade

Coordenador do grupo de trabalho, o ministro Rogério Schietti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), reforçou a importância do engajamento da sociedade civil e dos setores privados nesse combate. “Esse é um marco importantíssimo no engajamento da sociedade. Se não houver engajamento individual e social, seguiremos ostentando índices vergonhosos de violência doméstica”, afirmou. O Brasil é atualmente o quinto país no ranking de assassinato de mulheres.

“A atuação conjunta no combate à violência é imprescindível. Precisamos de união e cada instituição apoiadora desempenha um extremamente relevante papel nessa luta”, completou Ziouva. Ainda nesta quarta (10/6) haverá uma live às 14h, com a apresentadora e atriz Ana Furtado pelo Instagram da AMB.

O protocolo especial de atendimento será apresentado a milhares de trabalhadores das milhares de farmácias que participam da campanha. A capacitação será voltada para o atendimento e acolhimento a essa mulher, e não prevê que os balconistas ou farmacêuticos sejam conduzidos a delegacias nem chamados a testemunhar.

A Campanha Sinal Vermelho conta com o apoio da Abrafarma, Abrafad, Instituto Mary Kay, Grupo Mulheres do Brasil, Mulheres do Varejo, Conselho Federal de Farmácias, Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil, Conselho Nacional dos Comandantes Gerais, Colégio das Coordenadorias Estaduais da Mulher em Situação de Violência Doméstica, Fonavid, Ministério Público do Trabalho, Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais e CNMP - Conselho Nacional do Ministério Público.

(Fonte: CNJ e PMESP/Fernandópolis)